terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Nossas abelhas nativas– exímias polinizadoras - Matéria que saiu no jornal O Estado

Arapuá - Trigona spinipes polinizando uma Crotalaria retusa

Umas das doces lembranças que tenho de minha infância, nas idas à casa de minha vó em Pacajus, era o delicioso mel que ela sempre tinha guardado fruto das nossas abelhas indígenas, fluido, levemente ácido e floral. Mel de jandaíras e Canudos e outras tantas joias aladas especialistas em polinizar nossa flora nativa. A verdade é que as abelhas polinizadoras incansáveis estão desaparecendo, desde o começo dos anos 90 tem se observado o sumiço rápido e até então misterioso no mundo todo. Fato preocupante, dado a importância delas não só pelos produtos que nos fornecem, mas também pelo seu valioso trabalho como polinizadoras, tendo esses agentes um papel chave na manutenção da diversidade, pois são essenciais para a maior parte das plantas com flores, e assim para o próprio ecossistema, sustentando as populações de plantas que muitos outros animais utilizam como alimento e moradia. (Sheperd et al. 2003, Klein et al. 2007). Incluindo aí o próprio homem, estima-se que um terço da alimentação humana dependa direta ou indiretamente da polinização realizada por abelhas. Hoje se sabe que o desaparecimento das abelhas está ligado ao uso de agrotóxicos.
 Nossas abelhas nativas estão numa situação muito pior. Jataís, Uruçus, Tiúbas, Irapuás, Jandaíras, Canudos e outras sofrem com a predação do ambiente, coleta indiscriminada de colônias na natureza ou do mel sem manejo adequado e com o já citado o uso dos agrotóxicos. Outro ponto é lapso cultural muito influenciado pela introdução e criação das abelhas melíferas do gênero Apis, desde o século XVIII, que trouxe junto toda uma bagagem de manejo e criação estabelecida em torno do gênero 500 anos antes na Europa, sufocando de certo modo, o estudo, manejo e criação dos Meliponíneos.
As abelhas sem ferrão das quais estão incluídas nossas abelhas indígenas, são insetos sociais de ampla distribuição geográfica e diversidade.  O conhecimento sobre as abelhas sem ferrão é muito antigo quando comparado com as atividades envolvendo, na América, as abelhas Apis melífera (popularmente chamadas de europeias, italianas ou africanas). Os povos indígenas há séculos se relacionam com os meliponíneos (abelhas nativas), seja criando-os ou explorando-os de forma predatória. Essa herança cultural indígena esta presente até mesmo nos nomes populares das abelhas: Tataíras, Guarupu, Mombuca e tantas outras.  Engraçado que o alimento produzido por elas não pode nem ser chamado de mel. A legislação vigente se baseia em padrões físico-químicos do mel produzido por abelhas estrangeiras. Para ser considerado como mel, o produto das abelhas indígenas deveriam ter umidade máxima de 20% - mas chega a 35% - e pelo menos 65% de açúcares redutores (tem 50%). Culpa de um regulamento de 1952, da época de Getúlio Vargas. (Janaina Fidalgo).

Uma das habilidades especiais das abelhas nativas é a polinização por vibração do abdômen. Trata-se de um interessante e eficiente método de coleta de pólen pelas abelhas em flores com anteras tubulares. Nesse tipo de coleta de pólen, as abelhas usam sua musculatura do abdômen para vibrar as anteras e liberar o pólen.  Cada vez mais é necessário expandir o conhecimento sobre nossas abelhas indígenas e as interações das mesmas com as plantas nativas e agrícolas, esses estudos servirão como base para a conservação desses polinizadores e nos processos por eles desempenhados nos ecossistemas e na agricultura.  Essas preciosidades aladas de grande função ecológica merecem continuar voando por ai polinizando e produzindo esse mel delicioso, obra que alquimista nenhum é capaz de elaborar.





Referências
Nunes-SILVA, PATRICIA; HRNCIR, MICHAEL& IMPERATRIZ-FONSECA, VERA LUCIA. 2010 A Polinização por abdômen. Universidade de São Paulo, 141-143.

VILLAS-BÔAS, JERÔNIMO. 2012. Manual tecnológico Mel abelhas sem ferrão. Instituto sociedade População natureza. 11-19

sábado, 11 de outubro de 2014

feijão-bravo do Ceará - Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.

Em julho no Parque Ecológico do Cocó, onde ando quase diariamente, avistei uma linda flor nas muitas trepadeiras que ladeiam as trilhas. Curioso em saber a espécie fotografei para posterior identificação e tratava-se da Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.  Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth. é uma trepadeira pertencente a família Fabaceae, cujos indivíduos podem atingir de 0,5m a 5m, dependendo do porte (arbustivo ou arbóreo) da espécie suporte. As raízes são amarelas; as folhas alternadas, trifolioladas; as flores apresentam coloração roxa e as pétalas bastante perfumadas e estão reunidas em inflorescências do tipo paniculada terminal, com escapo floral de coloração verde-arroxeada. É conhecida popularmente na região de estudo como feijão-de-porco, feijão bravo ou feijão bravo do Ceará. A espécie é utilizada como biossensor (Rover Júnior, 1995), no controle de saúvas (Isidro et al., 2001), na medicina (Pereira, 2005). 


Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.  - Foto por Marcelo Carvalho

Fabaceae - Papilionoideae 
Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth. 

Biomas de ocorrência: Caatinga, Mata Atlântica, Amazônia

Período de floração: estação chuvosa


Apresenta-se como trepadeira ou, no caso liana, uma trepadeira lenhosa.

Características:

Cálice bilabiado, com lábio superior largo, truncado ou emarginado, e o inferior menor, inteiro ou trifido. Vexilo com apendices infletidos, basais e com calosidades dispostas acima da base. Semente com hilo linear  ou oblongo--- (Barroso 1991)


Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.



As inflorescências são do tipo paniculada, com flores cujos atributos florais estão relacionados à síndrome da melitofilia, tendo como principais visitantes florais são abelhas de grande porte como as mamangavas-de-toco (gênero Xylocopa) e as mamangavas-dechão (gênero Bombus).



Vagens da  Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.



Canavalia brasiliensis é uma trepadeira que apresenta inflorescência paniculada terminal, com escapo floral de coloração verde-arroxeada, medindo de 15,5 a 60,4cm, zigomorfas, pedunculadas,periantadas, diclamídeas, hermafroditas e dispostas de forma alterna e presas às nodosidades da raque da inflorescência. O guia de néctar com coloração branca indica a localização da câmara nectarífera. As flores de C. brasiliensis possuem diversos atributos da morfologia floral que as enquadram na síndrome de melitofilia propostos por Faegri e van der Pijl (1979), tais como: muitas flores por inflorescências, odor intenso e adocicado, coloração roxa, antese diurna e zigomorfia que estão associados à atração dos agentes polinizadores. A concentração de açúcares no néctar (44-60%) é também equivalente à amplitude (30-48%) de outras espécies melitófilas proposto por Proctor et al. (1996). No entanto, Kiill et al. (2000) constatou que o beija-flor Phaethornis sp era um dos polinizadores desta espécie, embora não se enquadrasse no padrão ornitófilo. (Guedes, et all, 2008).


Folhas alternadas e trifoliadas, essa danificada possivelmente pela ação de algum herbívoro




Fontes:

<http://rubens-plantasdobrasil.blogspot.com.br/2011/09/canavalia-brasiliensis-mart-ex-benth.html> Acesso em 11 Out. 2014

Queiroz, L.P.; Snak, C. Canavalia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22855>. Acesso em: 11 Out. 2014

Guedes, Roberta Sales; Quirino, Zelma Gleybya; Gonçalves, Edilma Pereira. 2008. Fenologia reprodutiva e biologia da polinização de Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth (Fabaceae). 

domingo, 29 de junho de 2014

Adolpho Ducke - De entomologista a botânico.

Adolpho Ducke

Introdução

Poucas pessoas se dedicaram tanto a aumentar o conhecimento científico como Adolpho Ducke, natural de Trieste, filho de um engenheiro, cedo perdeu o pai tendo que laborar para o próprio sustento. Veio para o Brasil ainda jovem, radicando-se um período curto em São Paulo. Posteriormente regressou à Europa, iniciando seus estudos em entomologia, tendo trabalhado com Heinrich Friese, a maior autoridade em himenópteros. 

No ano de 1899, o Dr. Emilio Goeldi, direto do museu paraense, em viagem pela Europa, contratou diversos técnicos destinados a aumentar o corpo de servidores do museu, naquele momento em fase de completa reorganização. Entre os nomes figurava o do Sr. Adolpho Ducke, que foi contratado para o cargo de auxiliar do departamento de zoologia, ficando lhe responsável por cuidar da parte de coleta e preparações das coleções de entomologia.

Dotando de grande capacidade de trabalho o jovem auxiliar em curto espaço de tempo aperfeiçoou-se nos seus conhecimentos científicos, dedicando-se ao estudo de vespas e abelhas. Publicou seu primeiro trabalho nesta especialidade em 1900, a qual seguiram uma série de obras publicadas nas mais renomadas revistas especializadas da época. Pela sua profunda dedicação a esta matéria Ducke veio a torna-se um dos maiores especialistas no assunto.

A Influência de Huber.
Jacques Huber

Embora seus estudos fossem focados no ramo da entomologia, Ducke, desde seus primeiros tempos de atividade no museu, sofreu a influência de Jacques Huber, o eminente botânico desta instituição. Assim já em sua primeira excursão a Mazagão, no atual território do Amapá, em 1900, constam ao lado dos numerosos espécimes entomológicos, alguns exemplares de herbário coletados por incumbência de Huber.

Este fato fica claro na introdução do trabalho: "VII - Plantae  Duckeanae austro-guyanenses", Bol. Mus. Goeldi 5 (2):294, 1909, onde Huber informa: "De alguns anos para cá, o Sr. Adolpho Ducke, entomologista do Museu Goeldi, aproveitou  as suas viagens  ao interior do estado, para colecionar além de insetos, um bom número de plantas secas, ...".  Referindo-se ao período 1902 - 1907.


Desde o início de sua carreira, Ducke foi essencialmente o pesquisador de campo. Um autêntico naturalista. A relação das suas viagens empreendidas pelo mesmo  dispensa qualquer comentário, tendo inclusive prejudicado sua saúde. Em setembro de 1905, após ter regressado de uma viagem ao Alto Rio Negro, teve de ser enviado ao sul, onde permaneceu quatro meses a fim de se recuperar. Realizando na ocasião coletas em Barbacena, no estado de Minas Gerais.

Longe de restringir seu trabalho a simples atividade de coleta. Ducke era dotado de um excepcional senso de equilíbrio e divisão de trabalho, que aliado a sua capacidade de produção fora do comum, permitiu-lhe valorizar o fruto de suas coletas na forma de publicações de profundo rigor científico.

As fases do trabalho de Ducke

O entomologista

O período inicial da sua carreira é caracterizado, então, como uma atividade de pesquisa fundamentalmente dedicada ao ramo da entomologia, secundada, porém, por uma tendência à coleta de material botânico. Esta tendência iria evoluir através dos anos e a reciprocidade sempre crescente com o botânico Huber levaria, finalmente, a uma integral transformação dos interesses e das atividades do pesquisador. 

Esta transformação pode ser sentida  claramente acompanhando-se a relação dos trabalhos publicados até 1914, ano em que faleceu Jacques Huber. Até esta época constam na bibliografia de Ducke exclusivamente obras entomológicas. Após a morte de Huber, repentinamente, Ducke sentiu-se na obrigação moral de "continuar a obra do grande mestre", prosseguindo com o estudo e classificação botânica das espécies arbóreas da flora amazônica. Como não havia no museu outro entomologista de larga experiência para orientar Ducke, é compreensível que ele tenha sido atraído a esfera de influência intelectual de um mestre como Huber foi, sendo Ducke um jovem pesquisador quando chegou ao Museu Goeldi. Neste ambiente uma inicial tendência encontrou campo aberto para evoluir até o grau de especialização. 

O botânico

A partir de 1915, ano seguinte do falecimento de Huber, a obra de Ducke passa a ser exclusivamente botânica. Já neste ano  é publicada  a primeira  série  das "Plantes nouvelles ou peu connues de la région Amazoniènne" , continuada até 1939 com a décima primeira série. 

Dedicando-se inteiramente a continuação da obra de mestre, Ducke veio inclusive a sucedê-lo na direção da seção de Botânica do Museu paraense, inicialmente em caráter provisório, a partir de 18 de fevereiro de 1914, e depois em caráter definitivo até sua saída do Museu em 1918, quando seguiu para o Rio de Janeiro. 

Analisando a bibliografia de Ducke no período posterior a 1915 e até 1930, um fato chama atenção: a relativa diminuição de trabalhos publicados em comparação com a abundância que pode ser observada até 1910. A interpretação deste fato é evidente. Após ter atingido a plena maturidade na especialidade entomológica, uma transmutação para o campo da botânica inevitavelmente teria que acarretar um período de readaptação. Fora a ausência da orientação do mestre falecido e as responsabilidades como chefe da seção que recaiam sobre seus ombros. Seguiu-se um período de consciencioso aperfeiçoamento na nova especialidade e um exaustivo trabalho de análise do vasto material acumulado e sempre as acrescido de novas coletas, absorveram anos de persistente dedicação. Aliado ao fato da sua mudança para o Rio de Janeiro. Em 15 de outubro 1918 deu-se o embarque para o sul, e gozo de licença. As funções no Museu Paraense, não seriam jamais reassumidas, pois em 31 de outubro do mesmo ano, Ducke aceitava um contrato de três anos para servir como chefe da seção de Botânica e Fisiologia  Vegetal do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 

Nova fase de trabalho: Jardim Botânico do Rio de Janeiro






O contrato foi prorrogado por mais três anos em 1921 e em 1 de novembro de 1924, com era feita a nomeação efetiva do cargo. Tendo alcançado uma situação funcional estável, Ducke casou-se no dia 6 de dezembro de 1924 com D. Josefina Corrêa Lima, cearense que viria lhe acompanhar de forma abnegada até os últimos momentos de sua vida. 

Sua transferência para o Jardim Botânico do RJ, não interromperam seus trabalhos na Amazônia que estavam em andamento, pois já no dia 3 de junho de 1919, Ducke desembarcava novamente em Belém, incumbido de "organizar uma coleta metódica de material botânico, vivo e seco, destinado às plantações e o herbário do Jardim Botânico - RJ. Tendo regressado ao Rio de Janeiro somente em de março de 1920, trazendo consigo uma farta coleção de plantas secas e 39 espécies de plantas vivas.

 Em sua próxima viagem ao Amazônia realizou-se em agosto de 1922, com recomendações de coletar o maior número possível de plantas vivas, tendo seu regresso ao Rio de Janeiro em 20 de novembro de 1923, com 120 plantas vivas e 1900 exemplares de herbário.

Já em 1938 sua relação com a diretoria do Jardim Botânico, por questões de temperamento, não eram tão amistosas. esta animosidade levou-o a solicitar um ano de licença especial, entrando em gozo da mesma em 7 de dezembro de 1938. Ainda em gozo de sua licença e em consequência de um processo administrativo instaurado contra o diretor, foi-lhe imposta uma suspensão, que chegou a cumprir, mas posteriormente  foi relevada por deliberação do Sr. presidente da República.

Em virtude de novas designações para Amazônia e da sua situação de fraca inimizade com a diretoria do Jardim Botânico, Ducke não fazia nenhum empenho de retornar ao Rio de Janeiro, tendo praticamente fixado residência em Manaus, fazendo a partir dai excursões periódicas pelo alto Amazonas.

Sua estadia na Amazônia foi sendo prorrogada por períodos de mais de um ano até 1945, ano em que foi aposentado, em 28 de fevereiro, por ter atingido a idade compulsória.


Aposentadoria 


Sua aposentadoria como naturalista não significou um fim de suas atividades botânicas. Por ocasião de sua passagem rápida por Recife, em 1937, a atenção de Ducke foi despertada pelo fato de ocorrerem nas matas das imediações desta cidade espécies tipicamente amazônicas. Esta observação induziu-o a investigar por conta própria o assunto, realizando pesquisas nos arredores de Recife, colaboração com o botânico Dárdano de Andrade Lima, 1947 a 1950. 


Recorreu então Ducke ao Conselho Nacional de Pesquisas, para a estudar a até então pouco conhecida flora de Pernambuco. Desta data em diante até sua morte, Ducke contou com o apoio do CNP, que sempre aprovou e prestigiou as suas iniciativas. 

Em 1954, ainda sob os auspícios do Conselho Nacional de Pesquisas,  foi encetado um novo programa de trabalho que seria o último do ilustre botânico - o estudo botânico sobre o Ceará. 

Os estudos de Ducke no Ceará concentraram-se principalmente nos tabuleiros do litoral e serras próximas a Fortaleza. Estes estudos continuaram normalmente até nos anos de 1955 a 1957, alternando viagens de curta duração ao Rio de Janeiro e a Belém, a fim de consultar herbários. 

A partir de 1958, os estudos foram concentrados na flora serrana mediante coletas executadas  por um coletor habilitado, cedido pelo Instituto  Agronômico do Norte. 

O último relatório sobre estes trabalhos, remetidos ao Conselho Nacional de Pesquisas é assinado em 30 de dezembro de 1958. Poucos dias depois, em 5 de janeiro  de 1959, falecia Adolpho Ducke, em terras alencarinas. 

Ducke foi durante toda sua vida um trabalhador incansável,  deixando para a posteridade  uma vasta lista de trabalhos publicados, com descrição de mais de 900 espécies  botânicas novas. Infelizmente não chegou a reunir num trabalho conjunto toda vasta soma de conhecimentos a respeito da fitogeografia  e da distribuição das espécies, adquiridos em mais de 40 anos de trabalhos de campo e gabinete. 



Fonte: Adolpho Ducke, traços biograficos, viagens e trabalhos.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Meliponinae - Nossas abelhas indígenas

Colmeia de Jandaira - Foto por Leonardo Jales Leitão


Abelha é a denominação comum de vários insetos pertencentes à ordem Hymenoptera, da superfamília Apoidea, subgrupo Anthophila, aparentados das vespas e formigas. Atualmente são conhecidas mais de 20.000 espécies, porém pela descoberta de novas espécies a cada ano nas América Central, do Sul, África e Austrália, estima-se que esse número seja muito maior.


Melipona marginata
http://www.ib.usp.br/vinces/weblabs/abelhas/imagens/Melipona%20bicolor%20worker%20white%20backgr2.jpg


Acredita-se que as primeiras abelhas surgiram das vespas, insetos já citados do mesmo subgrupo Anthophila. A características mais distinta entre as duas esta no hábito alimentar enquanto as vespas caçam outro insetos e aranhas para alimentar suas crias, as abelhas com raras exceções, apenas utilizam-se de produtos de origem vegetal, tais como pólen, néctar e óleos que coletam das flores.

O processo evolutivo que deu origem às abelhas iniciou-se no período geológico conhecido como Cretáceo (146 a 76 milhões de anos atrás) com o surgimento das primeiras plantas que produziam flores. Até então, os vegetais existentes reproduziam-se basicamente por meio de esporos, como aliás as samambaias o fazem até hoje.

Trigona prisca

Com o surgimento das primeiras plantas com flores, as vespas da época passaram a ter uma nova fonte de alimentos para suas crias. Inicialmente o pólen e o néctar representavam apenas um complemento alimentar que tais vespas oferecia as suas larvas. Posteriormente, aquelas espécies de vespas que conseguiam coletar pólen e néctar com mais eficiência, podem ter mudado gradualmente para uma dieta exclusivamente vegeta, por ser mais fácil coletar pólen, néctar e óleos vegetais do que caçar outro inseto. Com o tempo deixaram de caçar totalmente, tornaram-se então dependente das plantas, havia surgido as abelhas.

A data exata do aparecimento das primeiras abelhas não é conhecida, mas sabe-se que no foi no período Cretáceo, já que não existiam flores antes dessa época (140 milhões de anos atrás). Por outro, o fóssil mais antigo que se conhece  possui pelo menos 74 milhões de anos, mas já trata-se de uma abelha operária da espécie denominada Trigona prisca, hoje extinta. Considerando-se que as primeiras abelhas devem ter sido solitárias, como as vespas que as deram origem, e a evolução para a vida em sociedade levaria alguns milhões de anos, é de esperar-se que as primeiras abelhas tenham mesmo surgido entre 130 a 120 milhões de anos atrás.
Trigona prisca, uma abelha sem ferrão (Apidae; Meliponinae), é relatada a partir de âmbar Cretáceo New Jersey (96-74000000 anos antes do presente). Isso é cerca de duas vezes a idade do mais antigo fóssil de abelha previamente conhecido, embora Trigona é um dos gêneros mais derivados de abelhas. T.prisca é muito similar às espécies neotropicais modernas. A maioria da evolução abelha provavelmente ocorreu durante os anos de ≈ 50 milhões entre o início do Cretáceo, quando as plantas com flores (em que as abelhas dependem) apareceu eo tempo de T. prisca. Desde então, nesta linha phyletic de meliponíneos, houve quase nenhuma evolução morfológica. Uma vez que o fóssil é uma operária, a organização social surgiram pelo seu tempo.

Melipna fasciculata

Na época do surgimento das abelhas, os continentes atuais do nosso planeta apenas tinham começado a separarem-se uns dos outros, possibilitando que as abelhas primitivas de então espalhassem-se por todos eles. Isso explica porque atualmente encontramos espécies de abelhas nativas em toda a superfície terrestre onde haja flores. Assim sendo, as abelhas são encontradas desde as florestas e matas tropicais, aos locais mais inóspitos como o Ártico, os Andes e Himalaia, regiões semi-áridas (a Caatinga do Nordeste, por exemplo) e desertos como o do Arizona (EUA) e de Israel.

A vida em locais tão diversos em clima, vegetação, luminosidade, temperatura, pluviosidade, predadores, opções para nidificação, etc., propiciou o surgimento da diversidade de espécies de abelhas que hoje habitam o planeta. Existem mais de 20.000 espécies conhecidas de abelhas ao redor do mundo.

As muitas espécies de abelhas também evoluíram distintamente no que diz respeito a sociabilidade. Enquanto algumas espécies continuaram solitárias, com cada fêmea construindo o seu próprio ninho e criando sozinha alguns poucos filhotes, outras espécies desenvolveram vários níveis de sociabilidade que vão
desde o compartilhamento de áreas de nidificação até a formação de colônias permanentes de milhares de indivíduos.




 As abelhas pertencem a família Apidae. Esta família possui duas subfamília:
  • Meliponinae - São sem ferrão, chamadas de abelhas indígenas, vivem
    em regiões subtropicais e tropicais. Possuem três tribos: Lestrimellitini, Trigonini e Meliponini;
  • Apinae - Encontramos os gêneros Apis e Bombus que possuem ferrão. No gênero Apis encontramos quatro espécies entre elas esta o Apis Mellifera que é a espécie mais utilizada para a produção de mel no mundo todo. Apesar de nossas abelhas indígenas não possuir ferrão, elas não são largamente utilizada para a produção de mel, porque sua produção e baixa em relação as abelhas sociais do grupo das africanizadas;
  • Apis Mellifera Adansonii - Habitam da África do sul até o sul do Saara. São abelhas muito agressivas, polinizadoras e enxameadoras. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1956;
  • Apis Mellifera Lamarckii - São encontradas no vale do rio Nilo, também conhecidas como "Abelhas egípcias". São muito bravas, de baixa produtividade e não se adaptam muito bem as diversas praticas apícolas;
  • Apis Mellifera Ligustica - chamadas de "Abelhas Italianas", são encontradas na Itália e no litoral norte da Iugoslávia. São muito mansas, ficam calmas nos favos quando se faz o manuseio, são pouco enxameadoras. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1879/1880;
  • Apis Mellifera Mellifera - Chamadas também de "Abelhas do Reino", são encontradas por quase todo a Europa. São muito mansas, mas ficam muito agitadas durante o manuseio.

As nativas Melipoeníneas 





As abelhas indígenas sem ferrão estão aqui muito antes das esquadras de Cabral aportarem em nosso litoral há quase cinco séculos. Como hábeis polinizadoras da flora nativa, voam por ai de flor em flor, produzindo seu mel de ótima qualidade. Pena que nem podemos chama-lo de mel. Pois absurdo que seja, a legislação vigente se baseia nos padrões físico-químicos do mel produzido por abelhas estrangeiras (Apis mellifera) - esse que encontramos nas prateleiras de qualquer supermercado. Para ser "considerado" mel, o produto das abelhas indígenas deveria ter umidade máxima de 20% - mas chega a 35% - e, no mínimo, 65% de açúcares redutores (tem 50%). Por isso o "mel" de Jataís, mandaçais, canudos, borás, continua desconhecido, diria até clandestino. Caso fosse uma questão de saúde, a produção do precioso mel nativo deveria ser incentivado, sendo este com maior poder antibiótico. Sendo ácido, fluído e floral, exótico como tudo nesta bela terra. Infelizmente a lei que regulamenta a produção de alimentos de origem animal, data de 29 de março de 1952, assinada por o então presidente Getúlio Vargas, e é a que ainda continua em vigor.



Os Meliponíneos se dividem em duas grandes tribos  - Meliponini e Trigonini.

A tribo trigonini é caracterizada pela presença de célula real. Geralmente apresenta um canudo de ingresso feito de cera, algumas delas são muito agressivas como a oxiotrigona tataíra (caga-fogo) que ao ser manejada solta uma substância ácida queimando a pele. As scaptotrigonas são conhecidas pela sua alta agressividade, tubuna, tubiba, depilis, canudo, mandaguari possuindo também abelhas necrófagas que produzem sub-produtos de carne podre.

Os Meliponíni, são caracterizados por não apresentarem célula real, até 25% das crias de um favo poderão nascer rainhas virgens, tem sua entrada definida geralmente pela presença de raias convergentes de barro, algumas espécies destas abelhas podem produzir aproximadamente 8 litros de mel, outras podem ser maiores que as ápis melliferas.

Há uma interessante interação entre as abelhas indigena

Um dado curioso sobre as abelhas nativas é a chamada sindrome de polinização por vibração, as abelhas nativas possuem essa habilidade da qual dependem muitas espécies da Flora nativas, quando o gênero exótico Apis não possui. A polinização por estas abelhas tem destaque em ecossistemas naturais e agrícolas, sendo capazes de polinizar 30% a 90% da polinização da flora nativa. Além de produzir mel e alguns produtos medicinais, auxiliar no reflorestamento e identificação das espécies vegetais (Kerr 1997).

Apesar de não ferroarem, por ter o ferrão atrofiado, podem machucar pela força mandibular. Não existe nada mais ecológico do que criar abelhas silvestres, praticamente todas as culturas são dependentes de sua polinização. Algumas abelhas são subterrâneas e estão comprometidas pela mecanização das lavouras e uso crescente de agrotóxicos. O desmatamento crescente, o aumento da poluição e extrativismo de colmeias, por meleiros, tem acabado significativamente com populações, fica o apelo pela preservação.

Desde o ano 1990, apicultores e Meliponicultores do mundo todo tem observado o desaparecimento misterioso e repentino das abelhas, junto com declínio das colonias. As causas apontadas são os inseticidas, produtos químicos utilizados para matar insetos amplamente utilizados principalmente nas áreas em torno das lavouras. Só para termos idéias das importância um terço de todos os nossos alimentos dependem da polinização das abelhas (http://sos-bees.org/)




Fontes:

http://sos-bees.org/
http://www.webbee.org.br/beetaxon/
http://meliponas.blogspot.com.br/

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Epiphyllum phyllanthus‏ - Cacto orquídea


Originalmente descrita para a ciência em 1826 pelo botânico Adrian Hardy Haworth (1768-1833), de acordo com todos os artigos científicos publicados disponíveis,Epiphyllum phyllanthus é uma espécie de cactos da floresta tropical. Ocorre em Matas ciliares de rios de todo o Brasil. É uma herbácea epífita (que se alimenta da umidade do ar), com folhas ramificadas, longas ou Fitocládios, onde os espinhos só aparecem nos caules velhos. As flores se abrem a noite, tem forma de um tubo longo de até 15 cm com coloração amarelo-creme.



Epiphyllum subespécies Phyllanthus phyllanthus (L.) Haw.
Sinônimos: 
Cactus phyllanthus, Phyllocactus phyllanthus, Rhipsalis phyllanthus, Cereus phyllanthus, Epiphyllum gaillardae, Phyllocactus gaillardae, Rhipsalis macrocarpa, Hariota macrocarpa

Nomes comuns: Night Blooming Tropical Cacto, Cacto de orquídea, 
Rainha da Noite.


Definição de uma floresta tropical:
"Em primeiro lugar, como o nome indica, as florestas tropicais são encontradas em regiões tropicais situadas entre o Trópico de Capricórnio eo Trópico de Câncer, entre as latitudes de 23,5 ° N e 23,5 ° S. Em segundo lugar, uma floresta tropical é chuvoso e úmido, recebendo . pelo menos 100 milímetros de chuva por ano Outros tipos de florestas tropicais experimentar uma ou duas estações secas distintos Assim, uma definição simples para floresta tropical é:. uma floresta nos trópicos que recebe chuva durante todo o ano.
Dentro desta definição, no entanto, existe uma variação considerável. A localização do floresta tropical do mundo, as espécies que ele contém, a quantidade de chuva que recebe, condições do solo, altitude e faixas de temperatura associados são algumas das coisas que influenciam o aparecimento de uma floresta tropical. Uma das características definidoras de uma floresta tropical é a enorme diversidade de vida que existe dentro da floresta. Na verdade, a maioria das plantas e animais do mundo vivem em florestas tropicais ".

Epiphyllum phyllanthus vegetando sobre a rocha ao lado de uma orquídea Epidendrum ciliare

Dentro do gênero Epiphyllum pode-se encontrar um grupo incomum de epífitas (arborícola) cactos que vão desde o sul do México através da América Central e em quase toda a América do Sul tropical. As espécies de Epiphyllum são cactos, embora muitas vezes não se apresentam com as mesmas características espinhosos como os cactos visto crescer no deserto. Várias espécies vegetam sobre rochas, como a da foto abaixo.

Espécime vegetando sobre as rochas em Pacatuba-CE
Embora seja possível encontrar mais de 80 espécies nomeados listados em uma variedade de fontes científicas, a pesquisa atual agora compacta todos esses nomes em 16 espécies verdadeiras Epiphyllum. Todo o resto são agora considerados simplesmente sinônimos dessas espécies de base, ou basiônimo. Um sinônimo é um nome concedido por um botânico que mais tarde se revela ter sido uma espécie previamente identificados. O primeiro nome concedido e publicado sempre continua a ser o verdadeiro nome da espécie. Variação não é incomum em espécies de plantas tropicais e como resultado muitos nomes científicos publicados são comumente encontrados para ser simplesmente uma variação de outro espécies conhecidas. Botânica é uma ciência cada vez maior e, como resultado alterações são encontradas todo o tempo. Os botânicos não ficam mudando o nome de uma espécie, a menos que um erro técnico seja posteriormente observado quanto ao gênero. E uma das mudanças mais freqüentes é quando um botânico qualificado descobre que um nome comumente aceito referente a uma espécie não é mais válido desde que as espécies anteriormente já tenha sido nomeado e publicado. Isso acontece devido a um fenômeno conhecido por botânicos como "variabilidade". Dentro de várias espécies de plantas espécimes individuais são capazes de produzir formas ligeiramente diferentes de crescimento, tais como diferentes formas de folha. Às vezes, essa variação é tão distinta que as duas plantas têm pouca, ou nenhuma semelhança. Comparado com o rosto dos rostos de seres humanos. Somos todos uma espécie, mas todos nós temos uma face diferente. Mas, ainda assim, essas plantas diferentes que procuram são da mesma espécie e, por vezes, apenas o exame dos órgãos sexuais da planta dentro da flor ou inflorescência pode verificar que eles são uma a mesma espécie. Como resultado, os nomes mais recentes tornaram sinônimos do mais antigo nome estabelecido que é provado ser a espécie de base verdadeiros ou basiônimo. Você vai encontrar um link na parte inferior desta página para o site do Epiphyllum ecologista Joseph W. Dougherty, juntamente com um link para o Cactus e suculentas Society of American, ambos apresentam informações mais detalhadas sobre este gênero. 

Para uma visão mais detalhada sobre as espécies Epiphyllum visitar o site do Joseph W. Dougherty: http://www.ecology.org/ecophoto/articles/Epiphyllum.htm
e

O Cactus e suculentas Society of America 
http://www.cssainc.org/index.php? option = com_content & task = view & id = 213 & Itemid = 212



quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Pólen – Essencial para vida

Grãos de pólen
Com a chegada da primavera, muitos insetos se ocupam e o pólen se espalha pelo ar. Para que sofre de alergias, o pólen mais parece uma maldição do que uma benção. Porém antes de ser um incomodo da natureza, o pólen desempenha um papel especial e surpreendente.
O que é o polén? – A palavra pólen vem do grego “pales” = “farinha ou pó”, Consiste em minúsculos grãos produzidos pelas flores das angiospermas, nos órgãos masculinos. Simplificando, as plantas produzem pólen a fim de se reproduzirem. Por exemplo, nos seres humanos o óvulo precisa ser fertilizado pelo espermatozoide para gerar uma criança. De forma similar, o órgão feminino de uma flor (pistilo) precisa do pólen de um órgão masculino (estame) para ser fertilizado e produzir o fruto. (The World Book Encyclopedia). O estudo do pólen é a Palinologia.
Embora dificilmente visto a olho nu, ao observá-los ao microscópio, pode-se notar que o pólen de cada espécie de planta tem tamanho e formato próprios.  O menor grão de pólen conhecido é do Mysotis (é um gênero de plantas pertencente à família Boraginaceae. Suas flores são habitualmente conhecidas como não-me-esqueças), com cerca de 0.006mm de diâmetro.  E visto que o pólen não se decompõe facilmente, os cientistas muitas vezes estudam a “marca” exclusiva dos grãos de pólen que encontram em escavações. Assim, eles podem identificar plantas que as pessoas cultivavam séculos atrás. Outra particularidade importante é que as características de cada tipo de pólen permitem que as flores reconheçam o pólen de sua própria espécie.
O caminho do Pólen – muitas plantas dependem do ar para transportar o pólen que é liberado dos amentilhos ou estróbilos ao serem sacudidos pelo vento. A água também serve para transportar o pólen de algumas plantas aquáticas. Visto que a polinização pelo vento é um método de tentativa e erro, arvores e plantas que dependem dela produzem enormes quantidades de pólen.  Para as pessoas que sofrem da Febre do feno, essa proliferação causa um grande desconforto.


Embora o vento ajude a polinizar muitos tipos de arvores e gramíneas, plantas floríferas que não existem em grande quantidade perto de outras da mesma espécie precisam de um método mais eficiente.  Como então essas plantas fazem seu pólen chegue à outra da mesma espécie que vivem a quilômetros de distancia? Agentes polinizadores: Morcegos, pássaros e insetos.  Nesse caso chama-se polinização por fatores bióticos, ou seja, por auxilio de seres vivos.  Uma série de mecanismos foram desenvolvidos pelas plantas com o intuito de atrair os agentes polinizadores, as flores oferecem néctar a esses polinizadores, e ao aproximar-se para sugar a deliciosa recompensa, ele fica coberto de pólen e carrega-o quando parte para outra flor em buscar de mais néctar. A maior parte da polinização é feita por insetos, especialmente em países de clima temperado. A professora May Berenbaum explica: “É provável que a contribuição mais importante dos insetos à saúde e ao bem-estar dos seres humanos seja aquela pela qual eles recebem pouco crédito: a polinização.” Árvores frutíferas geralmente possuem flores que dependem da polinização cruzada para produzir uma boa safra. Assim, pode-se ver como o transporte do pólen é importante para o nosso bem-estar.


As flores podem oferecer a eles um lugar de descanso agradável à luz do sol. Elas também anunciam seus “produtos” por meio de sua aparência atraente e deliciosa fragrância. Muitas flores também sinalizam o caminho por meio de manchas ou listras coloridas. Dessa forma, os visitantes são informados sobre onde podem encontrar o néctar. Os atrativos variam muito de uma flor para outra. Algumas exalam um cheiro de matéria em decomposição para atrair moscas. Outras recorrem a truques a fim de garantir uma boa polinização. Por exemplo, as orquídeas abelhas-flores se parecem com abelhas e isso engana abelhas “apaixonadas”, fazendo com que estas as visitem. Algumas flores capturam insetos e só os liberam após eles terem realizado sua tarefa de polinização. O botânico Malcolm Wilkins escreve: “Em nenhuma outra parte do reino vegetal a engenharia botânica é mais delicada, mais precisa ou mais engenhosa do que na questão vital de assegurar que as flores sejam polinizadas.”

A fertilização pode ocorrer tanto por meio da polinização cruzada (pólen recebido de outra planta) como da autopolinização (pólen recebido da mesma planta). Contudo, a polinização cruzada garante variedade e, assim, plantas mais saudáveis e resistentes. Por exemplo, uma bétula comum possui milhares de amentilhos, mas cada um deles pode liberar mais de cinco milhões de grãos de pólen. Para produzir um quilo de mel, as abelhas precisam fazer cerca de dez milhões de viagens a diversas flores.

Os polinizadores

  • MOSCAS E BESOUROS
  Esses são alguns dos heróis não aclamados da polinização. Se você gosta de chocolate, poderá agradecer a uma pequena mosca que faz o trabalho fundamental de polinização das flores do cacaueiro.
  • MORCEGOS E GAMBÁS
  Muitas das árvores mais majestosas, como a sumaúma e o baobá, dependem dos morcegos para a polinização. Alguns morcegos frugívoros não apenas sugam o néctar, mas também comem as frutas e espalham suas sementes, fazendo assim um serviço duplo. Na Austrália, pequenos marsupiais, conhecidos como gambás, visitam flores para se banquetear de néctar. Durante suas visitas, seu corpo peludo transporta pólen de uma flor para outra.
  • BORBOLETAS E MARIPOSAS
    Orquídea Phalaenopsis, conhecida como orquíde maripousa
  Esses atraentes insetos dependem muito do néctar para alimento, colhendo o pólen à medida que voam de uma flor para outra. Algumas belas orquídeas dependem exclusivamente de mariposas para uma boa polinização.

  • PÁSSAROS-SOL E BEIJA-FLORES
  Esses pássaros coloridos estão sempre voando rápido de flor em flor, sugando o néctar. O pólen fica depositado nas penas da testa e do peito desses pássaros.

  • ABELHAS E VESPAS
  O pólen gruda no corpo peludo das abelhas com a mesma facilidade que a poeira gruda em óculos. Isso faz delas polinizadoras ideais. Um só abelhão pode carregar até 15 mil grãos de pólen. Graças aos abelhões que foram levados da Inglaterra para a Nova Zelândia no século 19, os campos de trevos neozelandeses hoje florescem, servindo de forragem para o gado.

Abelha solvendo o néctar

  A abelha melífera é a polinizadora mais importante do mundo. Ela geralmente se concentra em apenas um tipo de flor que cresça em grande quantidade perto de sua colmeia. O entomologista Christopher O’Toole calcula que “até 30% de toda a alimentação humana depende direta ou indiretamente da polinização feita pelas abelhas”. As abelhas são necessárias para polinizar plantações tais como as de amêndoa, maçã, ameixa, cereja e kiwi. Os fazendeiros pagam aos apicultores pelo serviço de polinização realizado pelas colmeias.





Curiosidade

        Charles Darwin era um também um apaixonado pelas orquídeas. Estudando determinadas espécies em sua estufa, percebeu que suas formas são engenhos elaborados para atrair insetos para que sejam polinizadas e perpetuem sua espécie. Certa vez, recebeu de um amigo uma orquídea natural de Madagascar que atraiu-lhe a atenção, a Angraecum sesquipedale, a qual possui um receptáculo de nectar que mede 28 cm.
Xanthopan morgani sugando o néctar numa Angraecum sesquipedale

O grande naturalista previu que em algum ponto de Madagascar deveria ter um inseto capaz de extrair o nectar dessa orquidea, no caso, uma mariposa que tivesse uma probóscide de comprimento de 28 cm. Por esta afirmação, chegou a ser ridicularizado por vários pesquisadores.
Muito tempo depois da morte de Darwin (quarenta anos depois, segundo a Wiki es), dois entomólogos filmaram a mariposa-esfinge (Xanthopan morgani praedicta, sendo praedicta do latim prevista), esvoaçando acima da flor, desenrolando sua língua de 28 cm e introduzindo-a no canal de nectar da Angraecum sesquipedale, sendo que enquanto sorvia o néctar, a mariposa inseria sua face na flor, e ao fazer isso, sua testa roçava os grãos de pólen. Ao terminar, a mariposa enrolava sua língua, e voava com a testa carregada de pólen para outra orquídea, atrás de outra dose de néctar, fertilizando deste modo outra flor.
Parceiras como esta orquídea e a mariposa evoluíram gradualmente para uma intimidade cada vez maior e continuam a evoluir ainda hoje. Os pesquisadores atualmente chamam coevolução este modo de evolução em que uma espécie impulsiona o desenvolvimento de outra espécie, sendo responsável por grande parte da diversidade da vida, abrangendo milhões de novas espécies.


A natureza está repleta de parcerias íntimas e benéficas entre flores e polinizadores. Eu aponto sempre o caso que redescobri, ainda adolescente, logicamente não tão fantástico, da coevolução da mamangava e da flor do maracuja, em que os órgãos sexuais da flor coincidem na posição para cobri de pólen as costas do inseto.



Se o Criador não tivesse feito as plantas atraentes para a polinização, milhões delas não se reproduziriam. Comentando o resultado dessa surpreendente atividade, Jesus disse: “Aprendei uma lição dos lírios do campo, como eles crescem; não labutam nem fiam; mas eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um destes.” — Mateus 6:25, 28, 29.



Fontes:
Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania