quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Pólen – Essencial para vida

Grãos de pólen
Com a chegada da primavera, muitos insetos se ocupam e o pólen se espalha pelo ar. Para que sofre de alergias, o pólen mais parece uma maldição do que uma benção. Porém antes de ser um incomodo da natureza, o pólen desempenha um papel especial e surpreendente.
O que é o polén? – A palavra pólen vem do grego “pales” = “farinha ou pó”, Consiste em minúsculos grãos produzidos pelas flores das angiospermas, nos órgãos masculinos. Simplificando, as plantas produzem pólen a fim de se reproduzirem. Por exemplo, nos seres humanos o óvulo precisa ser fertilizado pelo espermatozoide para gerar uma criança. De forma similar, o órgão feminino de uma flor (pistilo) precisa do pólen de um órgão masculino (estame) para ser fertilizado e produzir o fruto. (The World Book Encyclopedia). O estudo do pólen é a Palinologia.
Embora dificilmente visto a olho nu, ao observá-los ao microscópio, pode-se notar que o pólen de cada espécie de planta tem tamanho e formato próprios.  O menor grão de pólen conhecido é do Mysotis (é um gênero de plantas pertencente à família Boraginaceae. Suas flores são habitualmente conhecidas como não-me-esqueças), com cerca de 0.006mm de diâmetro.  E visto que o pólen não se decompõe facilmente, os cientistas muitas vezes estudam a “marca” exclusiva dos grãos de pólen que encontram em escavações. Assim, eles podem identificar plantas que as pessoas cultivavam séculos atrás. Outra particularidade importante é que as características de cada tipo de pólen permitem que as flores reconheçam o pólen de sua própria espécie.
O caminho do Pólen – muitas plantas dependem do ar para transportar o pólen que é liberado dos amentilhos ou estróbilos ao serem sacudidos pelo vento. A água também serve para transportar o pólen de algumas plantas aquáticas. Visto que a polinização pelo vento é um método de tentativa e erro, arvores e plantas que dependem dela produzem enormes quantidades de pólen.  Para as pessoas que sofrem da Febre do feno, essa proliferação causa um grande desconforto.


Embora o vento ajude a polinizar muitos tipos de arvores e gramíneas, plantas floríferas que não existem em grande quantidade perto de outras da mesma espécie precisam de um método mais eficiente.  Como então essas plantas fazem seu pólen chegue à outra da mesma espécie que vivem a quilômetros de distancia? Agentes polinizadores: Morcegos, pássaros e insetos.  Nesse caso chama-se polinização por fatores bióticos, ou seja, por auxilio de seres vivos.  Uma série de mecanismos foram desenvolvidos pelas plantas com o intuito de atrair os agentes polinizadores, as flores oferecem néctar a esses polinizadores, e ao aproximar-se para sugar a deliciosa recompensa, ele fica coberto de pólen e carrega-o quando parte para outra flor em buscar de mais néctar. A maior parte da polinização é feita por insetos, especialmente em países de clima temperado. A professora May Berenbaum explica: “É provável que a contribuição mais importante dos insetos à saúde e ao bem-estar dos seres humanos seja aquela pela qual eles recebem pouco crédito: a polinização.” Árvores frutíferas geralmente possuem flores que dependem da polinização cruzada para produzir uma boa safra. Assim, pode-se ver como o transporte do pólen é importante para o nosso bem-estar.


As flores podem oferecer a eles um lugar de descanso agradável à luz do sol. Elas também anunciam seus “produtos” por meio de sua aparência atraente e deliciosa fragrância. Muitas flores também sinalizam o caminho por meio de manchas ou listras coloridas. Dessa forma, os visitantes são informados sobre onde podem encontrar o néctar. Os atrativos variam muito de uma flor para outra. Algumas exalam um cheiro de matéria em decomposição para atrair moscas. Outras recorrem a truques a fim de garantir uma boa polinização. Por exemplo, as orquídeas abelhas-flores se parecem com abelhas e isso engana abelhas “apaixonadas”, fazendo com que estas as visitem. Algumas flores capturam insetos e só os liberam após eles terem realizado sua tarefa de polinização. O botânico Malcolm Wilkins escreve: “Em nenhuma outra parte do reino vegetal a engenharia botânica é mais delicada, mais precisa ou mais engenhosa do que na questão vital de assegurar que as flores sejam polinizadas.”

A fertilização pode ocorrer tanto por meio da polinização cruzada (pólen recebido de outra planta) como da autopolinização (pólen recebido da mesma planta). Contudo, a polinização cruzada garante variedade e, assim, plantas mais saudáveis e resistentes. Por exemplo, uma bétula comum possui milhares de amentilhos, mas cada um deles pode liberar mais de cinco milhões de grãos de pólen. Para produzir um quilo de mel, as abelhas precisam fazer cerca de dez milhões de viagens a diversas flores.

Os polinizadores

  • MOSCAS E BESOUROS
  Esses são alguns dos heróis não aclamados da polinização. Se você gosta de chocolate, poderá agradecer a uma pequena mosca que faz o trabalho fundamental de polinização das flores do cacaueiro.
  • MORCEGOS E GAMBÁS
  Muitas das árvores mais majestosas, como a sumaúma e o baobá, dependem dos morcegos para a polinização. Alguns morcegos frugívoros não apenas sugam o néctar, mas também comem as frutas e espalham suas sementes, fazendo assim um serviço duplo. Na Austrália, pequenos marsupiais, conhecidos como gambás, visitam flores para se banquetear de néctar. Durante suas visitas, seu corpo peludo transporta pólen de uma flor para outra.
  • BORBOLETAS E MARIPOSAS
    Orquídea Phalaenopsis, conhecida como orquíde maripousa
  Esses atraentes insetos dependem muito do néctar para alimento, colhendo o pólen à medida que voam de uma flor para outra. Algumas belas orquídeas dependem exclusivamente de mariposas para uma boa polinização.

  • PÁSSAROS-SOL E BEIJA-FLORES
  Esses pássaros coloridos estão sempre voando rápido de flor em flor, sugando o néctar. O pólen fica depositado nas penas da testa e do peito desses pássaros.

  • ABELHAS E VESPAS
  O pólen gruda no corpo peludo das abelhas com a mesma facilidade que a poeira gruda em óculos. Isso faz delas polinizadoras ideais. Um só abelhão pode carregar até 15 mil grãos de pólen. Graças aos abelhões que foram levados da Inglaterra para a Nova Zelândia no século 19, os campos de trevos neozelandeses hoje florescem, servindo de forragem para o gado.

Abelha solvendo o néctar

  A abelha melífera é a polinizadora mais importante do mundo. Ela geralmente se concentra em apenas um tipo de flor que cresça em grande quantidade perto de sua colmeia. O entomologista Christopher O’Toole calcula que “até 30% de toda a alimentação humana depende direta ou indiretamente da polinização feita pelas abelhas”. As abelhas são necessárias para polinizar plantações tais como as de amêndoa, maçã, ameixa, cereja e kiwi. Os fazendeiros pagam aos apicultores pelo serviço de polinização realizado pelas colmeias.





Curiosidade

        Charles Darwin era um também um apaixonado pelas orquídeas. Estudando determinadas espécies em sua estufa, percebeu que suas formas são engenhos elaborados para atrair insetos para que sejam polinizadas e perpetuem sua espécie. Certa vez, recebeu de um amigo uma orquídea natural de Madagascar que atraiu-lhe a atenção, a Angraecum sesquipedale, a qual possui um receptáculo de nectar que mede 28 cm.
Xanthopan morgani sugando o néctar numa Angraecum sesquipedale

O grande naturalista previu que em algum ponto de Madagascar deveria ter um inseto capaz de extrair o nectar dessa orquidea, no caso, uma mariposa que tivesse uma probóscide de comprimento de 28 cm. Por esta afirmação, chegou a ser ridicularizado por vários pesquisadores.
Muito tempo depois da morte de Darwin (quarenta anos depois, segundo a Wiki es), dois entomólogos filmaram a mariposa-esfinge (Xanthopan morgani praedicta, sendo praedicta do latim prevista), esvoaçando acima da flor, desenrolando sua língua de 28 cm e introduzindo-a no canal de nectar da Angraecum sesquipedale, sendo que enquanto sorvia o néctar, a mariposa inseria sua face na flor, e ao fazer isso, sua testa roçava os grãos de pólen. Ao terminar, a mariposa enrolava sua língua, e voava com a testa carregada de pólen para outra orquídea, atrás de outra dose de néctar, fertilizando deste modo outra flor.
Parceiras como esta orquídea e a mariposa evoluíram gradualmente para uma intimidade cada vez maior e continuam a evoluir ainda hoje. Os pesquisadores atualmente chamam coevolução este modo de evolução em que uma espécie impulsiona o desenvolvimento de outra espécie, sendo responsável por grande parte da diversidade da vida, abrangendo milhões de novas espécies.


A natureza está repleta de parcerias íntimas e benéficas entre flores e polinizadores. Eu aponto sempre o caso que redescobri, ainda adolescente, logicamente não tão fantástico, da coevolução da mamangava e da flor do maracuja, em que os órgãos sexuais da flor coincidem na posição para cobri de pólen as costas do inseto.



Se o Criador não tivesse feito as plantas atraentes para a polinização, milhões delas não se reproduziriam. Comentando o resultado dessa surpreendente atividade, Jesus disse: “Aprendei uma lição dos lírios do campo, como eles crescem; não labutam nem fiam; mas eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um destes.” — Mateus 6:25, 28, 29.



Fontes:
Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania 

domingo, 20 de outubro de 2013

Fauna do Cocó: Iguana-Verde


Marcelo Carvalho com Iguana-verde nas trilhas do Parque Ecológico do Cocó, espécime foi fotografado e devolvido ao seu habitat.


Nativos das Américas, os Iguanas são répteis da família Iguanidaes. Algumas vezes confundidos com camaleões ( e vice-versa), embora as duas espécies pertençam a familias distintas: os camaleões são Chamaeleonidaes e o iguanas, iguanidaes.  A palavra Iguana tem origem no latim e significa: "lagarto".

Iguana-verde, muitas vezes confundido com o Camaleão, embora este último não ocorra naturalmente no Brasil, tendo sido introduzido na Amazônia, onde existem populações que se adaptaram com relativo sucesso.


As Iguanas estão distribuídas nos generos Amblyrhynchus, Brachylophus, Conolophus, Ctenosaura, Cyclura, Dipsosaurus, Iguana e Sauromalus,São mais de 35 espécies. No Brasil só ocorrem uma espécie: a iguana verde ( Iguana iguana), encontrada no norte, nordeste e pantanal. Ao nascerem, esses animais apresentam uma coloração verde, bastante intensa que gradualmente vai de modificando até a fase adulta quando passa apresentar uma coloração mais escura, geralmente rajados pretos ou cinzas. Nessa fase podem pesar até 10 quilos e 1.80m de cumprimento, sendo 2/3 desse valor referente à sua cauda. 


Iguana jovem, a cor verde intensa denuncia a idade do réptil


Na cabeça o réptil possui numerosas escamas. geralmente assimétricas e de tamanho pequeno. Da nuca até a cauda, há uma crista; e na garganta, um saco dilatável. A espécie apresenta atividade diurna, podem ser encontradas tanto na copa das árvores como no chão, geralmente perto de corpos d'água ( são amimais que nadam com grande facilidade), os jovens alimentam-se de  principalmente de insetos e os adultos são herbívoros generalistas, apesar de serem vegetarianos, existem relatos de que estes animais também comem ovos, filhotes de aves, pequenos invertebrados e até carniça. Quando ameaçados costumam defender-se com a cauda, utilizando-a como chicote e desferir mordidas.



Iguana visto por mim nas trilhas do Parque Ecológico do Rio Cocó.

As iguanas se reproduzem uma vez por ano, geralmente nos meses de outubro a abril. A Iguana-verde começa a se reproduzir cedo a partir do segundo ou terceiro ano de vida, quando atinge sua maturidade sexual. Os animais adultos podem ser facilmente diferenciados quanto ao sexo. A - Os machos apresentam a crista-dorsal  e prega-gular muito desenvolvidas. Além de mandíbula forte e robusta. B - As fêmeas, por sua vez, apresentam coloração mais pálida, com crista-dorsal curta, mandíbula  e prega-gular pouco desenvolvidas. 


Os machos costumam defender territórios no início do período reprodutivo (de outubro a dezembro), época na qual realizam várias apresentações para as fêmeas (movimentos com a cabeça e tronco, além de exibição da prega-gular). Durante esse período os machos se alimentam muito pouco, dedicando o tempo quase que  exclusivamente para a defesa de território. Após o cortejo as fêmeas escolhem os machos que se mostraram mais atrativos para reprodução. Ao final do período de cópula (entre os meses de dezembro e janeiro), os machos param de defender seus territórios e aumentam o tempo gasto na busca por alimentos, a fim de recuperarem as reservas de energia gastas durante o período de acasalamento. Aproximadamente 10 semanas depois da cópula, as fêmeas constroem um ninho subterrâneo e põem seus ovos (que podem variar em um número de 14 a 68 por fêmea). Geralmente cada fêmea constrói seu ninho, mas a postura de ovos feita por mais de uma fêmea num mesmo ninho é frequentemente observada em áreas onde locais adequados para realização da postura são escassos. O período de postura geralmente ocorre entre os meses de janeiro e abril e o nascimento das iguanas jovens ocorre entre os meses de abril e junho.



Importância socioeconômica

Em alguns países, como a Venezuela, Panamá, Nicarágua e a Guatemala as iguanas têm um papel importante no desenvolvimento socioeconômico das comunidades rurais, no aproveitamento do couro, carne e ovos. No Brasil, a iguana-verde e seus ovos são uma eventual fonte de alimento em algumas comunidades rurais. Na Colômbia e em alguns países da América Central, as altas taxas de consumo da sua carne e ovos como alimento são ameaças às populações da iguana-verde. Na Costa Rica e Panamá, a espécie está em vias de extinção.
É importante destacar que a iguana-verde é hoje uma das espécies mais vendidas no mercado internacional de animais de estimação. Devido a isso, uma das maiores ameaças à espécie é a captura ilegal de populações silvestres para o abastecimento do tráfico de animais. É agravante ainda, o fato de praticamente não existirem estudos da biologia, requisitos de habitats e do potencial de utilização da Iguana iguana no Brasil. Atualmente existem populações bem estabelecidas da iguana-verde em Porto Rico e nos Estados Unidos, onde apresentam-se como uma espécie exótica invasora que causa muitos danos aos ecossistemas locais.





Referências Bibliográficas
ÁVILA-PIRES, T. C. S. Lizards of Brazilian Amazonian (Reptilia: Squamata). Zoologische Verhandelingen, Leiden: Nationaal Natuurhistorisch Museum, 1995. n. 299, p.1-706.
BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 1-6.
CAMPOS, Z. M. S. Biologia reprodutiva de Iguana no rio Paraguai, Pantanal, Brasil. Corumbá: Embrapa – Comunicado Técnico nº 30, ISSN 1517-4875, 2003. 3 p.
DISTEL, H.; VEAZEY, J. The behavioral inventory of the green iguana, Iguana iguanaIn: BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 252-270.
DIVERS, S. J. The green iguana (Iguana iguana): A guide to successful captive management. London: British Herpetological Society Bulletin, v. 51, 1995. p. 6-26.
DUGAN, B., 1982. The mating behavior of the green iguana, Iguana iguanaIn: BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 320-341.
FAO/PNUMA. La iguana verde (Iguana iguana); Potencialidades para su manejo. Santiago: Proyecto FAO/PNUMA – Documento técnico nº 12, 1993. 168 p.
PARQUE NACIONAL CERRO HOYA (PNCH); GRUPO APRENDER CON LA NATURALEZA (GANa). Iguanas. InTesoros del Parque Nacional Cerro Hoya, nº 3. Panamá, 2002. p. 4.
RIVERO, J. A., 1998. Los anfibios y reptiles de Puerto Rico = The amphibians and reptiles of Puerto Rico. San Juan: La Editorial, Universidad de Puerto Rico, 2ª ed. revisada, 1998. p. 124-125.

sábado, 19 de outubro de 2013

Fauna do Cocó: Sagui-de-tufos-brancos, o famoso "Sonhim".

Qualquer um que já tenha caminhado pelas trilhas do Parque Ecológico do Rio Cocó em Fortaleza - Ceará, já foi recepcionado por um Sagui-de-tufos-brancos ou como é conhecido aqui no Nordeste: "Sonhim". Essa curiosa espécie de macaco que tem  sua origem o Nordeste brasileiro, mas que atualmente é encontrado no sudeste e demais áreas, além de criadouros em diversos países, faz parte da rica fauna do estuário do Rio Cocó, habitando na mata ciliar do rio, praticamente da nascente a foz. 
Sagui-de-tufos-brancos

Os saguis que ocorrem na Mata Atlântica já foram considerados todos como subespécie do Callithrix jacchus. Atualmente, todos esse táxons são consideradas como espécies separadas, com o Callithix Jacchus se referindo apenas as populações que ocorrem no nordeste brasileiro e Caatinga. É o Sagui mais conhecido e comum. São animais de pequeno porte com peso entre 350 e 450 gramas, pelagem estriada nas orelhas e macha branca na testa. 


Sagui-de-tufos-brancos em meio a vegetação típica de Mangue no Parque do Rio Cocó, em Fortaleza - Ceará

Essa espécie vive em grupos de três a 15 animais, formados por indivíduos reprodutores e não reprodutores. Possui uma área de vida de pequenas, como mostrado em populações estudadas no Rio Grande do Norte: de 0,5 ha a 35,5 ha. Isso se deve provavelmente por possuir uma dieta rica em goma, que permite que os animais explorem outros tipos de alimentos, além de frutos, em meses de escassez.

Habita florestas arbustivas da Caatinga e a Mata Atlântica, do nordeste brasileiro e Tocantins.


Alimentam-se de insetos, pequenos vertebrados, ovos de pássaros, frutos e são também gumívoros  (alimentam-se da goma exsudada de troncos que roem com seus incisivos inferiores, de árvores gumíferas). Esta goma serve de fonte de carboidratos, cálcio e algumas proteínas. Dispende cerca de 25 a 30% de seu tempo ativo, procurando por alimentos. 



sábado, 12 de outubro de 2013

O Caminho das Helicônias




Quem já foi a trilha principal da Serra de Aratanha sabe que a subida não é fácil. Mas todos os que aceitam o desafio são brindados na chegada com um belo açude de águas deliciosamente frias e revigorantes. Logo após recuperar o folego tão exigido na subida, é indispensável uma visita a Pedra do Perigo, local de extrema beleza e visual paranômico incrível. A vista é espetacular mais o caminho até lá releva-nos algumas surpresas.

Açude Boaçu - Serra de Aratanha, Ceará.



A floresta, nossa anfitriã, nos envolve com seus aromas selvagens destas terras quase intactas. A vida fervilha desde o subsolo até o alto das árvores encobertos por bromélias, orquídeas e outras tantas espécies epífitas. Ao percorrer o caminho que nos leva a Pedra do Perigo a trilha nos seduz com sua Poesia viva das pedras encobertas de musgos, do riacho que faz parte da nascente do perseverante Rio Cocó, ressoando desde seu esconderijo entre as ramagens sombrias, uma melodia cheia de nostalgia como um autentico pífaro nordestino. Tudo se confunde como numa quadro impressionista com o exotismo de tantas cores e e sensações. Nesta paisagem singular, nesta selva secreta repleta de folhas de espectros variados há uma que rouba a cena. Os tons de vermelho e amarelo quebram monotonia de cores nesse mar de verde, sua vestimenta vibrante são como gemas preciosas, como cristais vegetais que nos hipnotizam por minutos, a interseção penetrante de suas flores causa esse efeito. Trata-se de Heliconia psittacorum, conhecida como Tracoá, caetezinho. Planta nativa do Brasil e comum na Serra de Pacatuba, essa planta que é muito utilizada para ornamentação, é a protagonista na trilha leva a Pedra do Perigo.

Heliconia Psittacorum 

Descrição: Erva canóide, 1-3 m de altura. Lâmina foliar: 37-60 x 6-10 cm, raramente com cera na face inferior. Pecíolo: 11-32 cm de comprimento. Raque: verde ou verde-amarelado. Inflorescência: ereta, com 5 a 7 brácteas. Brácteas dísticas, as basais voltadas para cima, com 8-18 cm de comprimento, de rosa pálido a acinzentadas  ou avermelhadas, cobertas ou não com cera branca. Bráctea: basal com vestígio de lâmina foliar saindo no ápice. Flores:Sépalas laranja com preto esverdeado no ápice.







Pedra do Perigo
A Quem não conhece o Caminho das Heliconias não conhece este planeta, daquelas terras antigas, por entre bosques secretos, daquele silencio sagrado pode-se avista todo um mundo.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Animais curiosos: Caranguejo Yeti

Esse curioso caranguejo foi encontrado no Oceano Pacífico a uma profundidade de 2.300 metros a 900 milhas ao sul da ilha de Páscoa. É tão incomum que toda uma nova família de animais foi criada para classifica-lo. Nome cientifico : Kiwa Hisurta. Ainda pouco estudada, muitos aspectos da espécie continuam um mistério. Por exemplo Seus braços peludos que fazem referencia ao seu nome, hospedam colonias de bactérias podem ser cultivadas para alimentação, para a proteção contra líquidos tóxicos da emissão dos respiradouros próximos ao seu habitat e ou como sensores que ajudaria o animal cego a encontrar companheiro da espécie. Ele foi descoberto em 2006, e nos mostra a importância de conversar nosso planeta. Quantas novas espécies estão esperando para serem descobertas? Quando já desapareceram ou desaparecerão sem que ao menos se tenha conhecimento delas? Fica as perguntas.


Fotografado por Ifremer A. Fifis



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Onde estão os Caranguejos azuis?

"O Parque Ecológico do Rio Cocó virou símbolo da luta pela preservação das áreas verdes restantes na cidade de Fortaleza e exemplo vivo da degradação provocada pelo poder danoso do Homem de modificar o meio em que vive. Ainda assim a Vida resiste. Acima de tudo há ainda aqueles que acreditam e sabem que o destino do homem na terra esta ligado a todas as outras espécies e seus ecossistemas." - Marcelo Carvalho.


Onde Estão os Caranguejos Azuis?





Procura-se. Nome: (Cardisoma guanhumi Latreille), porpularmente conhecido como Guainhamum, bem como o Aratus Pisonni, outro morador  das trilhas  do Parque do Cocó que ultimamente pouco tem sido visto nas árvores as quais ele sobe com habilidade onde se alimenta e acasala. De dois anos para cá é raro observar algum tipo de crustáceo nas trilhas, os quais outrora eram abundantes. Comum era ver algum esmagado por um visitante, dado ao número excessivo deles no meio das trilhas. Hoje em dia mesmo perto do Rio, não é fácil vê-los.


Na trilha perto do Rio Cocó, onde antes avistavamos diversar espécies de Caranguejos em abundância, agora vemos aguapés, planta indicativa de poluição.


 O desaparecimento ou diminuição desses crustáceos é preocupante, em vista que  se eles  que possuem uma incrível tolerância a poluição estão sentindo o efeito de anos de degradação do rio, imagine as outras espécies. Neste ecossistema onde a salinidade e a poluição variam muito, sua capacidade de adaptação reside na osmorregulação, que é um mecanismo de ajuste na concentração de íons no organismo. Outro ponto é que caranguejos e siris são a base alimentar de inúmeras espécies de pássaros e outros animais que vivem ou usam o estuário em sua rota migratória.


guaiamu (Cardisoma guanhumi Latreille ), também chamado guaiamumgoiamumgoiamufumbamba e caranguejo-mulato-da-terra, é um caranguejo da família dos gecarcinídeos. Pode ser encontrado deste o estado da Flórida até a Região Sudeste do Brasil, quase sempre em locais entre o mangue lamacento e o início da mata, normalmente em terreno arenoso.



Saudades da floresta ser do caranguejo azul e de tantos outros que são os legítimos moradores do Cocó. A algum tempo eu li uma matéria no Jornal O Povo que me inspirou a escrever esta postagem e trazia o título: A Floresta do Carangueijo azul. Os caranguejos já se foram. Quanto a floresta, no que depender da Prefeitura Municipal de Fortaleza e o Governo Estadual, vai rápido também.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Ocupa o Cocó, desocupa o Cocó... E o descaso com o Rio e o Parque continuam.

Lembra um cenário de guerra não? Crime ambiental cometido pela Prefeitura em nome da "Mobilidade urbana", isso mesmo especulação imobiliária tem outro nome agora. 


Parece não haver quem salve mesmo o Cocó. Exceto pela perseverança e coragem desse pequeno grupo que há 78 dias continuam a ocupar o Parque evitando assim que o Poder Público mais uma vez cometa ou feche os olhos para o imenso hall de atrocidades ambientais nesta cidade. Agora o Tribunal Regional Federal da 5ª Região determinou a desocupação da área para a construção dos tais viadutos em nome da "Mobilidade Urbana", quem determinou foi o desembargador José Maria Lucena (Refresque sua memória sobre este senhor.)  O jornal O Povo abordou a questão.  Segundo o Jornal: "No agravo do instrumento" ele determinou a antecipação da tutela à prefeitura de Fortaleza, para que as obras sejam retomadas. Além disso pediu que a primeira Instância (a Justiça do Ceará) seja notificada "com extrema urgência". Que pressa Sr. José Maria Lucena, é irônico como no seu caso a Justiça anda lenta. É no minimo curioso ou espantoso como ressaltou o advogado Jairo Ponte, um dos mais atuantes na questão do viadutos falou ao Jornal O Povo: 

“Essa é uma inclusão que me parece incompatível e inadequada. Os manifestantes não são parte na ação civil pública (que trata da regularidade da obra). Se não são parte, como estão sofrendo efeitos da decisão? A decisão me provoca profundo espanto”, ressaltou Ponte, que soube do despacho pela reportagem.

Ele reforça que já existe uma demanda judicial discutindo a reintegração de posse. “Por que a decisão não vem dessa demanda, que é mais completa, tem mais elementos e que a União está participando?”, questiona. Ele afirma que, após a notificação, “com certeza vai ter agravo regimental” contra a decisão.

Enquanto tudo é tratado como um caso jurídico, a maioria esquece a verdadeira questão por trás das obras do viaduto. É digno de nota que mesmo com uma pressão intensa por parte dos Governos estadual e municipal, os ativistas que ocupam o Cocó a mais 70 dias, continuam resistindo contra essa máquina pública aliada aos carteis da especulação imobiliária naquela antiga e conhecida área nobre. Pena que a população não busca se informar sobre a questão, os fortalezenses precisam acordar e saber a importancia do Rio e do Parque para a cidade de Fortaleza. A mídia infelizmente contribui muito para desacreditar o movimento, o que dificulta muito conscientizar as pessoas, porém acho que ainda existe espaço para debate. Participe, conheça e ajude a salva o Cocó!

Muito além das árvores: Cocó é beleza e vida.



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Condomínios jogam água não tratada no Parque Ecológico do Cocó

Vista dos condomínios da trilha principal
O desrespeito pelo Meio Ambiente é sem precedentes em nossos tempos. É lamentável que além de usufruírem da beleza que o estuário do Rio Cocó proporcione à aqueles que moram na sua circunvizinhança, em enormes arranha-céus que barram as correntes de vento que outrora refrigeravam a cidade na parte leste, os prédios ainda joguem água não tratada dentro do Parque do Cocó bem na calçada que leva as trilhas principais. Quem entra no Parque pelo lado da rua Andrade Furtado com a Engenheiro Santana Jr. ao chegar na parte dos fundos dos condomínios que da para o Parque, logo percebe os canos que poluem o Parque. Não sei se inicialmente esses canos seriam para conduzir a água pluvial, porém pelas aparência e odor característicos dos dejetos despejados por eles, fica claro que é água não tratada. As tubulações parecem vir do estacionamento dos prédios.

Esgoto? Bem no mínimo "água não tratada".
A administração do Parque continua tolerante com essa agressão. Eu desejo que a administração do Parque  não faça vista grossa para essa situação e que os moradores dos condomínios que com certeza também utilizam o Parque e já viram o problema, possam sensibilizar os síndicos de seus respectivos prédios e os mobilizem para corrigir o problema. O Cocó e seus usuários agradecem.
Fotos dos condomínios visto do alto, a própria localização dos prédios representam uma agressão ambiental contra o Parque do Rio Cocó.




domingo, 22 de setembro de 2013

Qual a importância do Parque Ecológico do Rio Cocó para a cidade de Fortaleza?

Nem em seus 34km de praia, encontramos em Fortaleza, tamanha beleza como em todo estuário do Rio Cocó. Hoje depois de anos de degradação, o rio tem como maior apelo pela sua preservação o Parque Ecológico do Cocó, que fica localizado no centro-leste da cidade, 1.155,2 hectares de área verde, sendo o maior parque ecológico dentro de uma área urbana da América Latina. É lamentável que apesar de sua importância, e tendo status de "Parque Ecológico", as agressões a Rio Cocó e seu estuário, são antigas e continuam como observamos na questão do viaduto que a prefeitura municipal de Fortaleza pretende construir no cruzamento das avenidas Engenheiro Santana Jr. e Antonio Sales e na Ponte estaiada sobre o rio, outra obra polêmica. Abordaremos pois o histórico de agressão da cidade ao rio, bem a importância do mesmo para a cidade de Fortaleza. Hoje a defesa do rio mais do que nunca está em pauta. Cabe ao poder público junto com a sociedade - pensar, entender e proteger esse delicado, importante e rico patrimônio ambiental que é o Rio Cocó.

Foto do espelho d`agua entre as duas trilhas principais. Credito da Foto: Marcelo Carvalho
  • Histórico de agressões
Durante muitos anos o Rio Cocó sofreu sérias agressões ao longo do seu percurso. As autoridades sempre o trataram com total descaso, ignorando a importância e a complexidade desse ecossistema. Em vez de cuidar deste tesouro de inestimável valor, o Rio Cocó sempre foi tratado como um obstáculo ao crescimento urbano de Fortaleza, principalmente na parte leste - área nobre da cidade, atualmente palco dos controversos viadutos em prol da "Mobilidade urbana". Através de muita luta, promovidas por várias entidades locais e pela sociedade, gerou-se um movimento que culminou na implantação pelo Governo das mudanças, do "Parque Ecológico do Cocó". Segundo a Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SEDURB), a criação do Parque teve como objetivo garantir a preservação de extensa área das margens ao Rio Cocó. Com o parque, pretende-se preservar a flora e a fauna nativas, bem como garantir uma área para o desenvolvimento de pesquisas e de educação ambiental, e para abrigar atividades turísticas, culturais e de lazer.  A implantação do Parque ecológico não acompanhou nenhuma tomada de medida de caráter preservativo quanto a seu ecossistema, analisando que a principal causa da poluição das águas do Rio Cocó vinha do aterro do Jangurussú, que funcionava a céu aberto, e mesmo depois de quase um década desativado continua poluindo o lençol freático e o Rio Cocó, formando uma "cadeia de montanhas" de onde escorre o chorume, e diminuindo muito a qualidade de vida da população em seu entorno. Esse parque na verdade, representou mais um obra urbanística, do que um Parque Ecológico, visto que se encontra numa área nobre. Desde o inicio houve preocupação somente com a parte externa do Parque - calçadões, anfiteatro verde, quadras de esporte, etc. A parte interna, seu ecossistema tem sido renegado, e continua sofrendo com as intervenções fora e dentro de seu perímetro que causam degradação. Hoje além da poluição do rio, o Cocó sobre com a especulação imobiliária no entorno da área de seu Parque, que oferecem mais um sério risco para todo estuário do rio.

Shopping Iguatemi Fortaleza - em sua construção foi aterrado indiscriminadamente boa parte do estuário do Rio Cocó, com consequência para pesca local.


Fairbridge ( 1980), define estuário como: um pedaço de mar que se estende dentro do vale de um rio, tão longe quanto permita o limite superior da maré. Geomorfologicamente, o estuário pode ser denominado de planície flúviomarinha. Ele representa os trechos de um rio que estão sujeitos as variações das correntes de marés. Ricas fauna e flora formam o ecossistema estuarino, com altíssima produção biológica, como observamos nas trilhas do Rio Cocó. Segundo Silva (2001), os estuários são fundamentais para a zona costeira, como exportadores de nutrientes e outros organismos para ecossistemas vizinhos. Sendo que ao longo da História, os estuários sempre foram utilizados pelo homem, seja através do transporte aquático ou pela exploração dos recursos naturais, por meio da caça, pesca, coleta de crustáceos, retirada de madeira e construção de salinas. 



Boa parte do estuário do Rio Cocó foi aterrado indiscriminadamente para a construção do Shopping Iguatemi, fazendo com que esse rio perca grande parte de sua produtividade em espécies biológicas, como moluscos, peixes, crustáceos, que são explorados pela população ribeirinha .

De acordo com os dados obtidos pela Autarquia da Região Metropolitana de Fortaleza - AUMEF, hoje Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional - SEDURB, há quinze anos, pesquisas realizadas entre a foz do Rio Cocó, inferiu-se existirem 1.000 pescadores com produção média de 10 (dez) quilos por dia, portanto, 10.000 (dez mil) quilos de pescado, de acordo com informes colhidos com pescadores entrevistados na área. Considerando ainda 5 (cinco) pessoas por família, o resultado da atividade beneficia 5.000 (cinco mil) pessoas. Certamente estes números hoje, serão menores devido as contínuas agressões nessa região do Rio Cocó.

A beleza da flora do Parque encanta pelas cores e espectro das flores silvestres


Em relação ao Estudo de Impacto Ambiental do Rio Cocó, só foi realizado os estudos para a construção do calçadão de contorno do Parque Ecológico do Cocó. Para a construção do Shopping Center Iguatemi não foi feito o Relatório do Impacto Ambiental. Porque será?

Inicialmente para a construção do calçadão de contorno do Parque Ecológico do Cocó, o primeiro problema foi a alteração do trajeto de um afluente do Rio Cocó, o qual corre paralelo ao muro que existia na Avenida Engenheiro Santana Júnior. Para a construção do calçadão foi aterrado o leito de um riacho (afluente do Rio Cocó), com largura de 7 metros com uma extensão aproximada de 140 metros.

A construção do Shopping Center Iguatemi em 1982, foi o marco no que se refere-a valorização-da área, o estacionamento seguida da estação de tratamento de esgoto, representa a retirada de considerável parte do manguezal para a construção.  

  • Uso sustentável do Rio Cocó
Desde a foz do Rio Cocó (Praia do Caça e Pesca) até a BR-116 (próximo ao Conjunto Tancredo Neves) foram realizadas no ano de 2000, pela 1' Promotoria do Meio ambiente e Planejamento Urbano, 7 (sete) amostras do água para análise físico-químicas e bacteriológicas. Os valores observados ultrapassam o padrão estabelecido pela Resolução CONAMA n° 20/86 ( Quadro 2) para os parâmetros de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), OD (Oxigênio Dissolvido), NMP (Número mais provável) de coliformes focais, cloretos, amônia e cor.

O aproveitamento dos recursos hídricos do Rio Cocó são para pesca, agricultura (irrigação) de pequenas culturas, consumo doméstico (da população que não dispõe de água encanada), mas com o alto índice de poluição este consumo tomou-se desfavorável. O mais interessante é que a despoluição do Rio Cocó teria um impacto social ainda maior do que o ambiental, visto que uma das medidas necessárias serias oferecer as comunidades ribeirinhas saneamento básico e coleta de lixo, com um alcance que acompanharia o curso do rio.  Como forma de sanar os problemas ambientais identificados nos resultados das análises físico-químicas e bacteriológicas e assim usufruirmos de melhores condições dos recursos hídricos do Rio Cocó,

 a 1ª Promotoria do Meio ambiente e Planejamento Urbano na ocasião, sugere a adoção das seguintes medidas:
  1. Melhorar a manutenção dos sistemas de esgotamento sanitário dos- conjuntos habitacionais da região (São Cristóvão, Barroso 1 e II, Tancredo Neves, Bela Vista), evitando o lançamento dos efluentes "in natura" no corpo hídrico em pauta;
  2. Monitorar e controlar, sistematicamente, a qualidade dos efluentes tratados, provenientes da ETE's;
  3. Intimar os proprietários dos matadouros situados às margens da CE-021, obrigando-os a instalar Estação de Tratamento de Esgotos nesses estabelecimentos, visando o controle dos efluentes gerados durante o processo de abate;
  4. Monitorar e controlar, sistematicamente, a qualidade do chorume do antigo Lixão do Jangurussú, após tratamento. Os recursos hídricos da área do Jangurussú apresentam-se contaminados pelo chorume produzido ao longo dos anos em atividade, o qual ocorria em maior volume durante o período chuvoso. Atualmente a lagoa para tratamento do chorume não está sendo devidamente
    operada e monitorada, chegando o mesmo ao rio em pauta, sem atender as normas estabelecidas pela Legislação Ambiental vigente;
  5. sistematizar a coleta do lixo, acompanhada de um Programa de Educação Ambiental junto à população ribeirinha, visando a redução ou mesmo completa eliminação da disposição de resíduos sólidos às margens do Rio Cocó;
  6. Fiscalizar com rigor os efluentes finais da ETE's dos, condomínios situados na faixa de 2a Categoria do manancial;
  7. Ampliar o número de pontos de amostragem deste corpo hídrico, visto que, sendo um rio praticamente urbano, está propício a várias degradações; tendo em vista que o Rio Cocó é foco de estudos da comunidade científica, toma-se necessário um maior número de dados para uma avaliação mais precisa da qualidade de suas águas;
  8. Com relação à foz, sugere-se demarcar através de piquetes, a Área de Preservação-Permanente do estuário do rio, de acordo com o Decreto Estadual n° 20.253, de 05/09189;
  9. Fazer um levantamento das edificações localizadas na supracitada área, retirando todas aquelas identificadas em área irregular;
  10. Recuperar as áreas degradadas com recomposição vegetal;


Paisagem típica das trilhas com destaque para as raízes aéreas.


  • Importância do Parque para a cidade
Os manguezais oferecem condições ideais para o desenvolvimento de inúmeros organismos que buscam esses ecossistemas para procriação. Muitos peixes, crustáceos e outras espécies dependem do mangue, que por sua vez é explorado pelas populações ribeirinhas, constituindo fonte de renda e alimento.  A vegetação de mangue é a coluna vertebral na cadeia alimentar, produzindo grande quantidade de matéria orgânica, oriunda da decomposição de suas folhas pela ação dos microrganismos. Toda essa carga orgânica escorre para o mar através dos estuários, enriquecendo suas águas. Quem costuma comprar peixe em Fortaleza, sabe o quanto é caro, e um dos motivos é a dificuldade de se encontrar peixe no litoral, tanto pela pesca predatória, como pela degradação das áreas de mangue especialmente no Estuário do Rio Ceará e do Rio Cocó. Preservar o Parque, significa entre outras coisas permitir que os organismos aquáticos da costa se desenvolvam e aumente a produtividade da pesca litorânea. Os manguezais agem como fixadores da terra, pois a presença e o entrelaçamento das fortes raízes aéreas do Mangue, planta típica, contribuem para a deposição dos sedimentos provenientes das águas do rio, da drenagem terrestre e das correntes das marés. Evitando dessa forma o assoreamento do leito dos rio e proteção da área litorânea da erosão. O tipo de solo formado por esse processo consegue reter muitos agentes poluentes, como metais pesados, o que torna vital sua manutenção em zonas poluídas. A existência de manguezais contribui para que não ocorram modificações nas condições climáticas do litoral, resguardando suas áreas circunvizinhas dos efeitos danosos das ventanias e tempestades.

Das diversas diretrizes que constavam na elaboração do Parque estavam duas em especial que ressalto agora:
  1. Propiciar a regeneração da vegetação, com espécies nativas nas áreas
    degradadas;
  2. Criar áreas de interesse para: a prática de esportes, a cultura e a
    educação ambiental. Segundo: (SEDURB).
Indo na contramão dessas propostas e cedendo a especulação imobiliárias, um dos grandes vilões do Parque, temos a questão dos viadutos para desafogar o transito perto do Iguatemi na conjunção das avenidas Antonio Sales e Engenheiro Santana Jr.  Não é a questão de derrubar somente algumas árvores não. É uma questão mais ampla, conforme foi abordado até aqui. Há vários que por mera ignorância e desinformação continua sendo favoráveis a construção dos tais viadutos, por desconhecerem totalmente o que a verdadeira questão. Por isso eu acredito que a luta maior se dará pela conscientização da população e que tem que haver uma aproximação dos fortalezenses e o Parque, que esta implícito nas diretrizes para sua implantação.

  • Uma opção de lazer saudável
 Um passeio pelas trilhas do Parque oferece ao cidadão fortalezense uma opção saudável em meio ao caos urbano. A beleza do Parque juntamente com a possibilidade de contemplar vários espécimes da fauna e flora local, é uma grande atrativo para que aprecia estar próximo a natureza. Porém o Parque tem um papel ainda mais importante.  Só conhecendo o Parque de perto é que as pessoas estarão mais propensas a cuidar e defender o Cocó.




Méritos e fonte de pesquisa são de alguns textos  de Manoel Fernandes Sobrinho,
 em sua Monografia apresentada ao curso de Especialização em Direito Ambiental do Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual do Ceará, em convenio com a Escola Superior do Ministério Público, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Direito Ambiental 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O Cocó na mira - O Jardim da Cidade de Fortaleza sofre com as interveções irregulares na área

É público e notório que essa obra do viaduto no cruzamento das avenidas Antonio Sales e Engenheiro Santana Jr. que trafega sob a mascara da "Mobilidade urbana", mas trata-se de uma medida paliativa em vista que o problema merece uma abordagem mais ampla e definitiva. E que na verdade essa agressão Ambiental atende ao interesse especulativo desta área que é a que mais cresce verticalmente em Fortaleza. Sabe-se que a questão da Mobilidade não esta concentrada somente nesta área, apesar de que é crítico. Mas Fortaleza como um todo sofre com o problema, os Governos Estadual e Municipal deviam pensar em medidas a curto e longo prazo e chamar a sociedade para um debate sobre o assunto e ai sim implantar um conjunto de políticas públicas que atendam e resolvam o problema na cidade. Longe de tudo isso esta agressões sem escrúpulos ao Parque. Hoje o Jornal O Povo trouxe a luz uma matéria com o título: "Quem quer ser dono do Cocó." - A matéria fala da degradação da área e órgãos públicos que respondem por omissões em ocupações ilegais e intervenções que causam destruição no ecossistema local.



Além de grandes construtoras, empresários e cidadãos locais da margem do rio, órgãos públicos são apontados como réus em processos judiciais contra edificações  e outras tantas irregularidades, segundo o Jornal (O Povo).  Um dos muitos processos movidos é contra a CAGECE, pela liberação de esgotos e para canais de drenagem  que desembocam no Cocó, somando-se ainda uma  ocupação irregular da área. Ação que iniciou-se em agosto de 2007 e já teve sentença proferida. Matéria do Jornal O Povo



Em síntese, a Cagece e o Município de Fortaleza são responsabilizados pela falta de saneamento básico na área. “Devendo só eles arcarem com o ônus de sua omissão no ponto, ao permitirem lançamento de dejetos em galerias de águas pluviais, bem como por não construírem a rede de esgotamento apropriada, além de terem tolerado a devastação e poluição continuadas do mangue do Dendê” – aponta trecho da sentença do processo 2008.8100.001888-6. A decisão foi da 4ª Vara Federal. Ainda segundo o Jornal (O Povo).

A CAGECE, que recorreu da decisão, esclarece que já tem um projeto de engenharia para a área aguardando somente a aprovação da Caixa Econômica Federal, que respondeu ao Jornal por email e ainda salientou que a comunidade residente próxima ao à linha férrea do Cocó já foi beneficiada com rede de esgotamento sanitário.

Lamentável foi ver que na na página do Jornal O Povo referente a esta matéria havia inúmeros comentários maldosos e contrarios a defesa do Parque, feito por pessoas ignorantes ou que de uma forma ou de outra se beneficia com as agressões ao Cocó,  vejam algumas:
  • Comentário: O que tem de gente ingênua "defendendo o Cocó" é uma tristeza. Os politiqueiros que se aproveitam dessa ingenuidade estão lucrando com a repercussão dos sacrifícios desses tolos que fazem greve de fome, se amarram à correntes e toda sorte de mico eles pagam. No final o viaduto vai ser feit

 - Blog: Eu fui pessoalmente inúmeras vezes visitar o local da ocupação e percebi que essas pessoas, cidadãos conscientes que lá estão não são um bando de tolos que alguns politicos usam como fantoches, antes são estudantes, profissionais liberais e muitos outros que reconhecem a importancia do Parque para a cidade, e que de toda forma são difamados para que esse empenho seja desacreditado pela sociedade. Isso sim é deplorável!


  • Comentário: Impressiona como um grupo de políticos que nunca fez nada pela cidade e um bando de desocupados pagos para permanecerem ocupando o espaço no COCÓ, geram tanta polemica nesta cidade, entre pessoas que não sabem nem o que é meio ambiente. acho que a cidade merecia mesmo a prefeita omissa que tinha.

-Blog: Das diversas vezes que fui ter com os ocupantes, não tomei conhecimento de que estão lucrando com isso, a menção de que eles estão sendo pagos é em si ridícula. Porque alguém deixaria o conforto da sua casa para ganhar um mixaria, correndo risco de ser lixado pela Polícia, como aconteceu na primeira tentativa de desocupação ou suportando o calor e o frio da noite fora o insetos? Faz sentido? E outra, não posso dizer nada elogioso com respeito a antiga gestão municipal, mas ressalto que está muito mais nas mãos do Governo Estadual transformar definitivamente esse Parque em área de preservação permanente.



  • Comentário: Em prol da população da Fortaleza a prefeitura vem tentando melhorar o trafego na cidade o que não foi feito durante oito anos do PT. Em prol de toda a população, principalmente a que anda de ônibus. VIADTOSIM.

-Blog: Quando este cidadão fala que a prefeitura vem tentando melhorar o trafego na cidade ele esta certo. Porém criar mais viadutos, vias, seja lá o que for, não resolverá o problema da Mobilidade urbana na cidade porque todos os dias milhares de carros chegam as ruas e as medidas que estão em curso na cidade tem caráter paliativo e não oferece solução real para o problema. A Mobilidade urbana tem que ser pensada para as pessoas, e não para os carros. Essa poderá ser alcançada com uma série de medidas de âmbito municipal, estadual e Federal. Como: Melhorias das vias existentes, um novo sistema de transporte público sustentável, social e seguro, Ciclovias e segurança para nelas transitar e uma integração mais ampla dos transporte públicos.

Diante de tanto descaso, omissão e ignorância nossa, e quando digo nossa,  falo da população em sua grande maioria, só me resta lamentar que muito em breve se nada for feito imagens como esta abaixo não poderão ser mais vista no Parque...

 É interessante notar que o Código Florestal brasileiro em seu artigo 4, parágrafo reza:
  • Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: os manguezais, em toda a sua extensão; 

Foto tirado do Blog :http://www.cafofo.fot.br/galeria/luciomarcelo/luciomarceloParqueDoCoco02.jpg