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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Plantas Nativas - Dyssochroma viridiflorum

Dentre as muitas expedições pelo Movimento Pró-Árvore ("Idas ao Mato"), Guaramiranga pela riqueza de sua Biodiversidade sempre nos presenteia com alguma preciosidade. Guaramiranga é um município brasileiro do estado do Ceará. Está localizado na região serrana do estado, microrregião de Baturité e mesorregião do Norte Cearense, a 110 km da capital do estado, Fortaleza. Segundo estimativa de 2014 do IBGE, o município tinha cerca de 3 812 habitantes e 59,436 km² de área. Sua sede se localiza a 865 metros de altitude. A cidade está situada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Maciço de Baturité. É o menor município do Ceará.
Serra de Guaramiranga


O topônimo Guaramiranga vem do Tupi guará (vermelho) e miranga ou piranga (garça), significando Pássaro Vermelho. Sua denominação original era Conceição, porém, desde 1890, possui o nome Guaramiranga. As terras da atual Guaramiranga eram habitadas por várias etnias. A principal delas era a Kanyndé. Com a criação da Missão da Palma, durante o século XVIII, para a evangelização dos silvícolas, e a expansão da pecuária e as plantações de café no século XIX, consolidou-se o centro urbano que hoje se chama Guaramiranga. A região possui uma vegetação diversificada, variando desde a caatinga arbustiva densa, floresta subcaducifólia tropical, floresta úmida semi-perenifólia, floresta úmida semi-caducifólia, floresta caducifólia à mata ciliar. Durante o mês de fevereiro fizemos uma trilha a Cachoeira do Poço da Veada, para registro e levantamento florístico do percusso. E entra as muitas espécies registradas se encontra uma muito especial: Dissochroma viridiflorum, espécie identificada pelo Antonio Sergio, agrônomo e botânico taxonomista, também ligado ao Movimento Pró-Árvore.


Dissochroma viridiflorum 


Flor da Dyssochroma viridiflorum  (Sims) Miers,
encontra-se fechada pois tem antese noturna,   visto que é polinizada por morcegos.

Dyssochroma viridiflorum é uma planta da família das Solanaceas Hunziker, 1979 ; Knapp et al ., 1997 ), endêmica da Mata Atlântica, ocorrendo em oito estados brasileiros, incluindo o Ceará no nordeste do Brasil. Tanto suas flores são polinizadas por morcegos como seus frutos também são dispersos por estes mamíferos alados. Poucas plantas neotropicais parecem depender do mesmo tipo de animal para polinizador como para dispersor de sementes, e os casos conhecidos referem-se principalmente a aves como os agentes nessas duas fases do ciclo reprodutivo da planta. Por exemplo, sabe-se que algumas espécies de Bromeliaceae e Costaceae são polinizadas por Beija-flores, e dispersas por aves passeriformes e pequenos mamíferos. ( Fischer e Araujo, 1995 ; Buzato et al ., 2000 ;.. I. Sazima, pers obs). Como a distribuição de flores e frutas de morcegos entre ordens de angiospermas é notavelmente concordante ( Fleming, 1988 ), seria de se esperar que os mesmo seriam encontrados dentro das mesmas ordens, famílias, e em certos casos, até mesmo gêneros. Como algumas espécies de Cactaceaes da America do Sul e Central são polinizadas, e em certa medida, dispersos por morcegos Phyllostomidae. ( Petit, 1997 ; Martino et al ., 2002 ). Phyllostomidae é uma família de morcegos encontrada em regiões tropicais e subtropicais das Américas, que se caracteriza por possuir folha nasal. Este apêndice pode ser lanciforme ou ovalado. Os morcegos filostomídeos participam de todas as funções e serviços ecossistêmicos nas quais morcegos em geral estão envolvidos, desde a dispersão de sementes até a predação de insetos. ( Kunz TH, de Torrez EB, Bauer D, Lobova T, Fleming TH. 2011. )

Dyssochroma viridiflorum


A que avistamos em Guaramiranga, a caminho da Cachoeira do Poço da Veada, ocorria como hemiepífita ou saxícola em área próxima de riachos. Sobre a fenologia, pelo observado, parece que Dyssochroma viridiflorum floresce o ano todo, um padrão fenológico definido como contínuo (Newstrom et al . (1994 ).
Tal padrão fenológico é raro em espécies polinizadas por morcegos neotropicais, como registrados em vários estudos. Um dado sobre D. viridiflorum é que uma planta pode suportar brotos, flores abertas, frutas e frutos maduros em desenvolvimento, tudo ao mesmo tempo, proporcionando assim refeições noturnas para ambos os morcegos nectarívoros e frugívoros.  Um indivíduo pode produzir 1-10 flores por noite, uma característica que promove o modo de linha de estratégia de forrageamento e parece muito difundida entre as espécies polinizadas por morcegos ( Heithaus et al ., 1975 ; Sazima et al ., 1999 ). O mais importante é saber que para preservamos é essencial conhecermos. A natureza esta repleta de intrínsecas relações como essa.  


Fruto da Dyssochroma viridiflorum comido por morcegos frugívoros, dispersores de suas sementes.


Fontes:


Stehmann, J.R.; Mentz, L.A.; Agra, M.F.; Vignoli-Silva, M.; Giacomin, L.; Rodrigues, I.M.C. Solanaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB26120>. Acesso em: 19 Fev. 2015.

Sazima, M.; Buzato, S.; Sazima, I. Dyssochroma viridiflorum (Solanaceae): a Reproductive Bat-dependent Epiphyte from Atlantic Rainforest in Brasil. Annals of Botany 92: 725-730,2003.

 Kunz TH, de Torrez EB, Bauer D, Lobova T, Fleming TH. 2011. Ecosystem services provided by bats. Annals of the New York Academy of Sciences 1223(1):1-38.

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Guaramiranga> Acesso em: 19 Fev. 2015.




terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Nossas abelhas nativas– exímias polinizadoras - Matéria que saiu no jornal O Estado

Arapuá - Trigona spinipes polinizando uma Crotalaria retusa

Umas das doces lembranças que tenho de minha infância, nas idas à casa de minha vó em Pacajus, era o delicioso mel que ela sempre tinha guardado fruto das nossas abelhas indígenas, fluido, levemente ácido e floral. Mel de jandaíras e Canudos e outras tantas joias aladas especialistas em polinizar nossa flora nativa. A verdade é que as abelhas polinizadoras incansáveis estão desaparecendo, desde o começo dos anos 90 tem se observado o sumiço rápido e até então misterioso no mundo todo. Fato preocupante, dado a importância delas não só pelos produtos que nos fornecem, mas também pelo seu valioso trabalho como polinizadoras, tendo esses agentes um papel chave na manutenção da diversidade, pois são essenciais para a maior parte das plantas com flores, e assim para o próprio ecossistema, sustentando as populações de plantas que muitos outros animais utilizam como alimento e moradia. (Sheperd et al. 2003, Klein et al. 2007). Incluindo aí o próprio homem, estima-se que um terço da alimentação humana dependa direta ou indiretamente da polinização realizada por abelhas. Hoje se sabe que o desaparecimento das abelhas está ligado ao uso de agrotóxicos.
 Nossas abelhas nativas estão numa situação muito pior. Jataís, Uruçus, Tiúbas, Irapuás, Jandaíras, Canudos e outras sofrem com a predação do ambiente, coleta indiscriminada de colônias na natureza ou do mel sem manejo adequado e com o já citado o uso dos agrotóxicos. Outro ponto é lapso cultural muito influenciado pela introdução e criação das abelhas melíferas do gênero Apis, desde o século XVIII, que trouxe junto toda uma bagagem de manejo e criação estabelecida em torno do gênero 500 anos antes na Europa, sufocando de certo modo, o estudo, manejo e criação dos Meliponíneos.
As abelhas sem ferrão das quais estão incluídas nossas abelhas indígenas, são insetos sociais de ampla distribuição geográfica e diversidade.  O conhecimento sobre as abelhas sem ferrão é muito antigo quando comparado com as atividades envolvendo, na América, as abelhas Apis melífera (popularmente chamadas de europeias, italianas ou africanas). Os povos indígenas há séculos se relacionam com os meliponíneos (abelhas nativas), seja criando-os ou explorando-os de forma predatória. Essa herança cultural indígena esta presente até mesmo nos nomes populares das abelhas: Tataíras, Guarupu, Mombuca e tantas outras.  Engraçado que o alimento produzido por elas não pode nem ser chamado de mel. A legislação vigente se baseia em padrões físico-químicos do mel produzido por abelhas estrangeiras. Para ser considerado como mel, o produto das abelhas indígenas deveriam ter umidade máxima de 20% - mas chega a 35% - e pelo menos 65% de açúcares redutores (tem 50%). Culpa de um regulamento de 1952, da época de Getúlio Vargas. (Janaina Fidalgo).

Uma das habilidades especiais das abelhas nativas é a polinização por vibração do abdômen. Trata-se de um interessante e eficiente método de coleta de pólen pelas abelhas em flores com anteras tubulares. Nesse tipo de coleta de pólen, as abelhas usam sua musculatura do abdômen para vibrar as anteras e liberar o pólen.  Cada vez mais é necessário expandir o conhecimento sobre nossas abelhas indígenas e as interações das mesmas com as plantas nativas e agrícolas, esses estudos servirão como base para a conservação desses polinizadores e nos processos por eles desempenhados nos ecossistemas e na agricultura.  Essas preciosidades aladas de grande função ecológica merecem continuar voando por ai polinizando e produzindo esse mel delicioso, obra que alquimista nenhum é capaz de elaborar.





Referências
Nunes-SILVA, PATRICIA; HRNCIR, MICHAEL& IMPERATRIZ-FONSECA, VERA LUCIA. 2010 A Polinização por abdômen. Universidade de São Paulo, 141-143.

VILLAS-BÔAS, JERÔNIMO. 2012. Manual tecnológico Mel abelhas sem ferrão. Instituto sociedade População natureza. 11-19

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Meliponinae - Nossas abelhas indígenas

Colmeia de Jandaira - Foto por Leonardo Jales Leitão


Abelha é a denominação comum de vários insetos pertencentes à ordem Hymenoptera, da superfamília Apoidea, subgrupo Anthophila, aparentados das vespas e formigas. Atualmente são conhecidas mais de 20.000 espécies, porém pela descoberta de novas espécies a cada ano nas América Central, do Sul, África e Austrália, estima-se que esse número seja muito maior.


Melipona marginata
http://www.ib.usp.br/vinces/weblabs/abelhas/imagens/Melipona%20bicolor%20worker%20white%20backgr2.jpg


Acredita-se que as primeiras abelhas surgiram das vespas, insetos já citados do mesmo subgrupo Anthophila. A características mais distinta entre as duas esta no hábito alimentar enquanto as vespas caçam outro insetos e aranhas para alimentar suas crias, as abelhas com raras exceções, apenas utilizam-se de produtos de origem vegetal, tais como pólen, néctar e óleos que coletam das flores.

O processo evolutivo que deu origem às abelhas iniciou-se no período geológico conhecido como Cretáceo (146 a 76 milhões de anos atrás) com o surgimento das primeiras plantas que produziam flores. Até então, os vegetais existentes reproduziam-se basicamente por meio de esporos, como aliás as samambaias o fazem até hoje.

Trigona prisca

Com o surgimento das primeiras plantas com flores, as vespas da época passaram a ter uma nova fonte de alimentos para suas crias. Inicialmente o pólen e o néctar representavam apenas um complemento alimentar que tais vespas oferecia as suas larvas. Posteriormente, aquelas espécies de vespas que conseguiam coletar pólen e néctar com mais eficiência, podem ter mudado gradualmente para uma dieta exclusivamente vegeta, por ser mais fácil coletar pólen, néctar e óleos vegetais do que caçar outro inseto. Com o tempo deixaram de caçar totalmente, tornaram-se então dependente das plantas, havia surgido as abelhas.

A data exata do aparecimento das primeiras abelhas não é conhecida, mas sabe-se que no foi no período Cretáceo, já que não existiam flores antes dessa época (140 milhões de anos atrás). Por outro, o fóssil mais antigo que se conhece  possui pelo menos 74 milhões de anos, mas já trata-se de uma abelha operária da espécie denominada Trigona prisca, hoje extinta. Considerando-se que as primeiras abelhas devem ter sido solitárias, como as vespas que as deram origem, e a evolução para a vida em sociedade levaria alguns milhões de anos, é de esperar-se que as primeiras abelhas tenham mesmo surgido entre 130 a 120 milhões de anos atrás.
Trigona prisca, uma abelha sem ferrão (Apidae; Meliponinae), é relatada a partir de âmbar Cretáceo New Jersey (96-74000000 anos antes do presente). Isso é cerca de duas vezes a idade do mais antigo fóssil de abelha previamente conhecido, embora Trigona é um dos gêneros mais derivados de abelhas. T.prisca é muito similar às espécies neotropicais modernas. A maioria da evolução abelha provavelmente ocorreu durante os anos de ≈ 50 milhões entre o início do Cretáceo, quando as plantas com flores (em que as abelhas dependem) apareceu eo tempo de T. prisca. Desde então, nesta linha phyletic de meliponíneos, houve quase nenhuma evolução morfológica. Uma vez que o fóssil é uma operária, a organização social surgiram pelo seu tempo.

Melipna fasciculata

Na época do surgimento das abelhas, os continentes atuais do nosso planeta apenas tinham começado a separarem-se uns dos outros, possibilitando que as abelhas primitivas de então espalhassem-se por todos eles. Isso explica porque atualmente encontramos espécies de abelhas nativas em toda a superfície terrestre onde haja flores. Assim sendo, as abelhas são encontradas desde as florestas e matas tropicais, aos locais mais inóspitos como o Ártico, os Andes e Himalaia, regiões semi-áridas (a Caatinga do Nordeste, por exemplo) e desertos como o do Arizona (EUA) e de Israel.

A vida em locais tão diversos em clima, vegetação, luminosidade, temperatura, pluviosidade, predadores, opções para nidificação, etc., propiciou o surgimento da diversidade de espécies de abelhas que hoje habitam o planeta. Existem mais de 20.000 espécies conhecidas de abelhas ao redor do mundo.

As muitas espécies de abelhas também evoluíram distintamente no que diz respeito a sociabilidade. Enquanto algumas espécies continuaram solitárias, com cada fêmea construindo o seu próprio ninho e criando sozinha alguns poucos filhotes, outras espécies desenvolveram vários níveis de sociabilidade que vão
desde o compartilhamento de áreas de nidificação até a formação de colônias permanentes de milhares de indivíduos.




 As abelhas pertencem a família Apidae. Esta família possui duas subfamília:
  • Meliponinae - São sem ferrão, chamadas de abelhas indígenas, vivem
    em regiões subtropicais e tropicais. Possuem três tribos: Lestrimellitini, Trigonini e Meliponini;
  • Apinae - Encontramos os gêneros Apis e Bombus que possuem ferrão. No gênero Apis encontramos quatro espécies entre elas esta o Apis Mellifera que é a espécie mais utilizada para a produção de mel no mundo todo. Apesar de nossas abelhas indígenas não possuir ferrão, elas não são largamente utilizada para a produção de mel, porque sua produção e baixa em relação as abelhas sociais do grupo das africanizadas;
  • Apis Mellifera Adansonii - Habitam da África do sul até o sul do Saara. São abelhas muito agressivas, polinizadoras e enxameadoras. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1956;
  • Apis Mellifera Lamarckii - São encontradas no vale do rio Nilo, também conhecidas como "Abelhas egípcias". São muito bravas, de baixa produtividade e não se adaptam muito bem as diversas praticas apícolas;
  • Apis Mellifera Ligustica - chamadas de "Abelhas Italianas", são encontradas na Itália e no litoral norte da Iugoslávia. São muito mansas, ficam calmas nos favos quando se faz o manuseio, são pouco enxameadoras. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1879/1880;
  • Apis Mellifera Mellifera - Chamadas também de "Abelhas do Reino", são encontradas por quase todo a Europa. São muito mansas, mas ficam muito agitadas durante o manuseio.

As nativas Melipoeníneas 





As abelhas indígenas sem ferrão estão aqui muito antes das esquadras de Cabral aportarem em nosso litoral há quase cinco séculos. Como hábeis polinizadoras da flora nativa, voam por ai de flor em flor, produzindo seu mel de ótima qualidade. Pena que nem podemos chama-lo de mel. Pois absurdo que seja, a legislação vigente se baseia nos padrões físico-químicos do mel produzido por abelhas estrangeiras (Apis mellifera) - esse que encontramos nas prateleiras de qualquer supermercado. Para ser "considerado" mel, o produto das abelhas indígenas deveria ter umidade máxima de 20% - mas chega a 35% - e, no mínimo, 65% de açúcares redutores (tem 50%). Por isso o "mel" de Jataís, mandaçais, canudos, borás, continua desconhecido, diria até clandestino. Caso fosse uma questão de saúde, a produção do precioso mel nativo deveria ser incentivado, sendo este com maior poder antibiótico. Sendo ácido, fluído e floral, exótico como tudo nesta bela terra. Infelizmente a lei que regulamenta a produção de alimentos de origem animal, data de 29 de março de 1952, assinada por o então presidente Getúlio Vargas, e é a que ainda continua em vigor.



Os Meliponíneos se dividem em duas grandes tribos  - Meliponini e Trigonini.

A tribo trigonini é caracterizada pela presença de célula real. Geralmente apresenta um canudo de ingresso feito de cera, algumas delas são muito agressivas como a oxiotrigona tataíra (caga-fogo) que ao ser manejada solta uma substância ácida queimando a pele. As scaptotrigonas são conhecidas pela sua alta agressividade, tubuna, tubiba, depilis, canudo, mandaguari possuindo também abelhas necrófagas que produzem sub-produtos de carne podre.

Os Meliponíni, são caracterizados por não apresentarem célula real, até 25% das crias de um favo poderão nascer rainhas virgens, tem sua entrada definida geralmente pela presença de raias convergentes de barro, algumas espécies destas abelhas podem produzir aproximadamente 8 litros de mel, outras podem ser maiores que as ápis melliferas.

Há uma interessante interação entre as abelhas indigena

Um dado curioso sobre as abelhas nativas é a chamada sindrome de polinização por vibração, as abelhas nativas possuem essa habilidade da qual dependem muitas espécies da Flora nativas, quando o gênero exótico Apis não possui. A polinização por estas abelhas tem destaque em ecossistemas naturais e agrícolas, sendo capazes de polinizar 30% a 90% da polinização da flora nativa. Além de produzir mel e alguns produtos medicinais, auxiliar no reflorestamento e identificação das espécies vegetais (Kerr 1997).

Apesar de não ferroarem, por ter o ferrão atrofiado, podem machucar pela força mandibular. Não existe nada mais ecológico do que criar abelhas silvestres, praticamente todas as culturas são dependentes de sua polinização. Algumas abelhas são subterrâneas e estão comprometidas pela mecanização das lavouras e uso crescente de agrotóxicos. O desmatamento crescente, o aumento da poluição e extrativismo de colmeias, por meleiros, tem acabado significativamente com populações, fica o apelo pela preservação.

Desde o ano 1990, apicultores e Meliponicultores do mundo todo tem observado o desaparecimento misterioso e repentino das abelhas, junto com declínio das colonias. As causas apontadas são os inseticidas, produtos químicos utilizados para matar insetos amplamente utilizados principalmente nas áreas em torno das lavouras. Só para termos idéias das importância um terço de todos os nossos alimentos dependem da polinização das abelhas (http://sos-bees.org/)




Fontes:

http://sos-bees.org/
http://www.webbee.org.br/beetaxon/
http://meliponas.blogspot.com.br/

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Pólen – Essencial para vida

Grãos de pólen
Com a chegada da primavera, muitos insetos se ocupam e o pólen se espalha pelo ar. Para que sofre de alergias, o pólen mais parece uma maldição do que uma benção. Porém antes de ser um incomodo da natureza, o pólen desempenha um papel especial e surpreendente.
O que é o polén? – A palavra pólen vem do grego “pales” = “farinha ou pó”, Consiste em minúsculos grãos produzidos pelas flores das angiospermas, nos órgãos masculinos. Simplificando, as plantas produzem pólen a fim de se reproduzirem. Por exemplo, nos seres humanos o óvulo precisa ser fertilizado pelo espermatozoide para gerar uma criança. De forma similar, o órgão feminino de uma flor (pistilo) precisa do pólen de um órgão masculino (estame) para ser fertilizado e produzir o fruto. (The World Book Encyclopedia). O estudo do pólen é a Palinologia.
Embora dificilmente visto a olho nu, ao observá-los ao microscópio, pode-se notar que o pólen de cada espécie de planta tem tamanho e formato próprios.  O menor grão de pólen conhecido é do Mysotis (é um gênero de plantas pertencente à família Boraginaceae. Suas flores são habitualmente conhecidas como não-me-esqueças), com cerca de 0.006mm de diâmetro.  E visto que o pólen não se decompõe facilmente, os cientistas muitas vezes estudam a “marca” exclusiva dos grãos de pólen que encontram em escavações. Assim, eles podem identificar plantas que as pessoas cultivavam séculos atrás. Outra particularidade importante é que as características de cada tipo de pólen permitem que as flores reconheçam o pólen de sua própria espécie.
O caminho do Pólen – muitas plantas dependem do ar para transportar o pólen que é liberado dos amentilhos ou estróbilos ao serem sacudidos pelo vento. A água também serve para transportar o pólen de algumas plantas aquáticas. Visto que a polinização pelo vento é um método de tentativa e erro, arvores e plantas que dependem dela produzem enormes quantidades de pólen.  Para as pessoas que sofrem da Febre do feno, essa proliferação causa um grande desconforto.


Embora o vento ajude a polinizar muitos tipos de arvores e gramíneas, plantas floríferas que não existem em grande quantidade perto de outras da mesma espécie precisam de um método mais eficiente.  Como então essas plantas fazem seu pólen chegue à outra da mesma espécie que vivem a quilômetros de distancia? Agentes polinizadores: Morcegos, pássaros e insetos.  Nesse caso chama-se polinização por fatores bióticos, ou seja, por auxilio de seres vivos.  Uma série de mecanismos foram desenvolvidos pelas plantas com o intuito de atrair os agentes polinizadores, as flores oferecem néctar a esses polinizadores, e ao aproximar-se para sugar a deliciosa recompensa, ele fica coberto de pólen e carrega-o quando parte para outra flor em buscar de mais néctar. A maior parte da polinização é feita por insetos, especialmente em países de clima temperado. A professora May Berenbaum explica: “É provável que a contribuição mais importante dos insetos à saúde e ao bem-estar dos seres humanos seja aquela pela qual eles recebem pouco crédito: a polinização.” Árvores frutíferas geralmente possuem flores que dependem da polinização cruzada para produzir uma boa safra. Assim, pode-se ver como o transporte do pólen é importante para o nosso bem-estar.


As flores podem oferecer a eles um lugar de descanso agradável à luz do sol. Elas também anunciam seus “produtos” por meio de sua aparência atraente e deliciosa fragrância. Muitas flores também sinalizam o caminho por meio de manchas ou listras coloridas. Dessa forma, os visitantes são informados sobre onde podem encontrar o néctar. Os atrativos variam muito de uma flor para outra. Algumas exalam um cheiro de matéria em decomposição para atrair moscas. Outras recorrem a truques a fim de garantir uma boa polinização. Por exemplo, as orquídeas abelhas-flores se parecem com abelhas e isso engana abelhas “apaixonadas”, fazendo com que estas as visitem. Algumas flores capturam insetos e só os liberam após eles terem realizado sua tarefa de polinização. O botânico Malcolm Wilkins escreve: “Em nenhuma outra parte do reino vegetal a engenharia botânica é mais delicada, mais precisa ou mais engenhosa do que na questão vital de assegurar que as flores sejam polinizadas.”

A fertilização pode ocorrer tanto por meio da polinização cruzada (pólen recebido de outra planta) como da autopolinização (pólen recebido da mesma planta). Contudo, a polinização cruzada garante variedade e, assim, plantas mais saudáveis e resistentes. Por exemplo, uma bétula comum possui milhares de amentilhos, mas cada um deles pode liberar mais de cinco milhões de grãos de pólen. Para produzir um quilo de mel, as abelhas precisam fazer cerca de dez milhões de viagens a diversas flores.

Os polinizadores

  • MOSCAS E BESOUROS
  Esses são alguns dos heróis não aclamados da polinização. Se você gosta de chocolate, poderá agradecer a uma pequena mosca que faz o trabalho fundamental de polinização das flores do cacaueiro.
  • MORCEGOS E GAMBÁS
  Muitas das árvores mais majestosas, como a sumaúma e o baobá, dependem dos morcegos para a polinização. Alguns morcegos frugívoros não apenas sugam o néctar, mas também comem as frutas e espalham suas sementes, fazendo assim um serviço duplo. Na Austrália, pequenos marsupiais, conhecidos como gambás, visitam flores para se banquetear de néctar. Durante suas visitas, seu corpo peludo transporta pólen de uma flor para outra.
  • BORBOLETAS E MARIPOSAS
    Orquídea Phalaenopsis, conhecida como orquíde maripousa
  Esses atraentes insetos dependem muito do néctar para alimento, colhendo o pólen à medida que voam de uma flor para outra. Algumas belas orquídeas dependem exclusivamente de mariposas para uma boa polinização.

  • PÁSSAROS-SOL E BEIJA-FLORES
  Esses pássaros coloridos estão sempre voando rápido de flor em flor, sugando o néctar. O pólen fica depositado nas penas da testa e do peito desses pássaros.

  • ABELHAS E VESPAS
  O pólen gruda no corpo peludo das abelhas com a mesma facilidade que a poeira gruda em óculos. Isso faz delas polinizadoras ideais. Um só abelhão pode carregar até 15 mil grãos de pólen. Graças aos abelhões que foram levados da Inglaterra para a Nova Zelândia no século 19, os campos de trevos neozelandeses hoje florescem, servindo de forragem para o gado.

Abelha solvendo o néctar

  A abelha melífera é a polinizadora mais importante do mundo. Ela geralmente se concentra em apenas um tipo de flor que cresça em grande quantidade perto de sua colmeia. O entomologista Christopher O’Toole calcula que “até 30% de toda a alimentação humana depende direta ou indiretamente da polinização feita pelas abelhas”. As abelhas são necessárias para polinizar plantações tais como as de amêndoa, maçã, ameixa, cereja e kiwi. Os fazendeiros pagam aos apicultores pelo serviço de polinização realizado pelas colmeias.





Curiosidade

        Charles Darwin era um também um apaixonado pelas orquídeas. Estudando determinadas espécies em sua estufa, percebeu que suas formas são engenhos elaborados para atrair insetos para que sejam polinizadas e perpetuem sua espécie. Certa vez, recebeu de um amigo uma orquídea natural de Madagascar que atraiu-lhe a atenção, a Angraecum sesquipedale, a qual possui um receptáculo de nectar que mede 28 cm.
Xanthopan morgani sugando o néctar numa Angraecum sesquipedale

O grande naturalista previu que em algum ponto de Madagascar deveria ter um inseto capaz de extrair o nectar dessa orquidea, no caso, uma mariposa que tivesse uma probóscide de comprimento de 28 cm. Por esta afirmação, chegou a ser ridicularizado por vários pesquisadores.
Muito tempo depois da morte de Darwin (quarenta anos depois, segundo a Wiki es), dois entomólogos filmaram a mariposa-esfinge (Xanthopan morgani praedicta, sendo praedicta do latim prevista), esvoaçando acima da flor, desenrolando sua língua de 28 cm e introduzindo-a no canal de nectar da Angraecum sesquipedale, sendo que enquanto sorvia o néctar, a mariposa inseria sua face na flor, e ao fazer isso, sua testa roçava os grãos de pólen. Ao terminar, a mariposa enrolava sua língua, e voava com a testa carregada de pólen para outra orquídea, atrás de outra dose de néctar, fertilizando deste modo outra flor.
Parceiras como esta orquídea e a mariposa evoluíram gradualmente para uma intimidade cada vez maior e continuam a evoluir ainda hoje. Os pesquisadores atualmente chamam coevolução este modo de evolução em que uma espécie impulsiona o desenvolvimento de outra espécie, sendo responsável por grande parte da diversidade da vida, abrangendo milhões de novas espécies.


A natureza está repleta de parcerias íntimas e benéficas entre flores e polinizadores. Eu aponto sempre o caso que redescobri, ainda adolescente, logicamente não tão fantástico, da coevolução da mamangava e da flor do maracuja, em que os órgãos sexuais da flor coincidem na posição para cobri de pólen as costas do inseto.



Se o Criador não tivesse feito as plantas atraentes para a polinização, milhões delas não se reproduziriam. Comentando o resultado dessa surpreendente atividade, Jesus disse: “Aprendei uma lição dos lírios do campo, como eles crescem; não labutam nem fiam; mas eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um destes.” — Mateus 6:25, 28, 29.



Fontes:
Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania 

sábado, 7 de setembro de 2013

Preservem as Orquídeas!

Não há quem não apaixone-se pelo exotismo e a beleza de uma flor de Orquídea. De todas as espécies de plantas, as Orquídeas são provavelmente as que possuem maior variação do espectro floral. A diversidade de cores e formatos são uma estratégia para atrair os agentes polinizadores (abelhas, moscas, pássaros, borboletas,besouros, mariposas, beija-flores, morcegos), que no caso, são específicos para cada tipo de flor. A paixão do homem pela Orquídeas é antiga, porém com a descoberta de espécies tropicais como a Cattleya labiata, nativa das regiões serranas do nordeste, deu ímpeto a busca por exemplares mais exóticos. Hoje na maioria das grandes cidades já existem associações de orquidófilos, que se reúnem com certa periodicidade, e muitas espécies estão a venda inclusive em supermercados. Infelizmente a coleta de plantas da natureza ainda é praticada e coloca em risco o delicado ecossistema no qual vivem, além de se tratar de uma prática criminosa, quando na natureza as Orquídeas não oferecem tanta qualidade estética e esta infestada de fungos, liquém e até bactérias, representando uma verdadeira ameaça para o orquidário todo, correndo o fisco do exemplar morrer por não encontrar as mesmas condições que o protegiam na natureza.

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Orquídea em seu ambiente natural - Serra de Aratanha



Ao contrário das plantas das plantas de orquídarios que são cultivadas apartir de criteriosa seleção e cruzamentos, são orquídea belissimas e facilmente encontradas para a compra, tendo inclusive muitas das espécies mais raras e exóticas.

Cattleya labiata, espécie encontrada nas regiões serradas do Ceará

Como diferenciar

Em publicação recentemente lançada pelo IBAMA (tradução de Pictorial Guide – Differentiation of wild collected and artificially propagation of orchids), são repertoriados vários aspectos que permitem diferenciar uma orquídea coletada em meio silvestre daquela reproduzida artificialmente. Seguem-se algumas dessas características:
  • Plantas coletadas: muitas raízes crescendo na mesma direção; muitas raízes mortas e com pedaços de casca de árvore; ponta das raízes frequentemente danificadas; número desequilibrado de folhas e raízes; cápsulas de sementes presas às plantas; as folhas são sujas e geralmente não apresentam aspecto saudável, por causa de líquens e por estarem desidratadas e/ou contaminadas por fungos; muitos pseudobulbos mortos e outros sem as folhas ou danificados.
  • Plantas obtidas por propagação artificial: raízes crescendo de acordo com o formato do vaso; resíduos do material de propagação; quantidade equilibrada de folhas e raízes; ausência de bainhas secas; folhas e raízes saudáveis; plantas com formato e tamanho uniformes; flores com cores vivas. 
 (Fonte:Site Associação cearense de orquidófilos) 



Diante de comentários alarmistas, por vezes alguns orquidófilos se perguntam sobre se há problemas em transportar (e mesmo em possuir) orquídeas adquiridas legalmente. A engenheira florestal Lou Menezes, chefe do Orquidário Nacional do IBAMA, esclarece algumas dúvidas sobre atividades concernentes aos orquidófilos e suas coleções:
  1. O Ibama exige o registro somente dos comerciantes de orquídeas, os quais são obrigados a apresentar um cronograma de reprodução das plantas. Tal cronograma é periodicamente controlado através do levantamento das plantas – suas espécies e variedades.
  2. Os orquidófilos, além de não serem obrigados ao registro no IBAMA, são senhores de suas coleções, podendo ou não realizar reproduções das plantas, mas nunca sendo considerados produtores legalizados.
  3. As plantas das coleções dos orquidófilos, devidamente tratadas em cultivo, não podem ser confiscadas por parte de autoridades competentes, pelo simples fato de serem orquídeas.
  4. As plantas poderão ser confiscadas, caso seja caracterizada a coleta de plantas retiradas das matas e/ou pelo comércio ilegal das mesmas.
 (Fonte:Site Associação cearense de orquidófilos)