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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Quanto tempo mais o Cocó resistirá?

Parque Ecológico do Rio Cocó, berçário de inúmeras espécies marinhas e pouso de pássaros migratórios e Fauna silvestre.

Com quase trinta anos de luta o Cocó é sem dúvidas baluarte de luta pela preservação ambiental na cidade de Fortaleza, e vem a longo dos anos resistindo a poluição e a especulação imobiliária, hoje seu maior inimigo.

O primeiro ponto do rio Cocó a ser protegido e aparelhado foi criado em 29 de março de 1977, posteriormente em 11 de novembro de 1983, o decreto municipal número 5.574 deu o nome de Parque Adhail Barreto. Anos depois, já em 1989, o decreto estadual 20.253 cria o Parque Ecológico do Cocó, sendo expandido em  de junho de 1993, atualmente abrangendo uma área de 1,155,2 hectares.  

Cocó tem como seu maior inimigo a especulação imobiliária em seu entorno. 

Diversas entidades civis lutam pela legalização do Parque como (UC) Unidade de conservação, medida para preservar a área prevista em estudo pelo Conpam em 2008 que compreende 1.312 hectares de Fauna, Flora e recursos hídricos, hoje tão em pauta no país de vido as secas. Incluindo as dunas milenares que segundo o SALVE DUNAS DO COCÓ, a idade das dunas que pensou-se em 1.400 anos, são na verdade de 2.200 anos para as dunas do Cocó e 1.800 para as dunas da Sabiaguaba, segundo estudo feito pela USP na datação utilizando método de Termoluminescência. Patrimônio ambiental de valor incalculável que poderá perder uma de suas áreas mais importantes na construção da Ponte estaiada, obra ainda do governo do ex-governador Cid Gomes. 

Choró-boi ou Choró-grande (Tabara major) um dos representantes da rica e complexa Fauna do Cocó.

Perda significativa da cobertura vegetal em Fortaleza, avaliada em 2002 pela (PMF), quando do inventário Ambiental, mostrou que de 1968 a 2002, cerca de 70% da cobertura natural foi perdida. O que impacta direto na qualidade de vida da população. A Organização Mundial da Saúde, sugere 12m² de área verde por habitante, enquanto Fortaleza hoje tem menos de 3m². Muitas cidades brasileiras já atingiram esse patamar indicado pela (OMS), enquanto Fortaleza continua regredindo. Tais intervenções nas áreas verdes têm consequências diretas no clima da cidade e formação de ilhas de calor sendo detectadas em alguns bairros (MOURA,2008). A temperatura também vem aumentando nos últimos anos, em algumas áreas valores estáveis de aumento da ordem de 4 graus centígrados (MOURA, 2008). Para termos uma comparação, as modelizações do Painel Intergovernamental de mudanças climáticas - IPPC, da ONU, que vem realizando prognósticos e criando cenários futuros em termos de aquecimento global, indica um aumento da ordem de 1 grau centígrado nos próximos decênios, o que já implicaria em desastres ambientais. Fortaleza já apresenta valores três vezes maiores do o apontando para a média global pelo IPPC. É comum acompanhar pelos noticiários ou pelas redes sociais o corte de árvore na cidade ou intervenções feitas dentro da área do Parque.  

Acampamento de ocupação do Cocó contra a construção dos viadutos nas avenidas Eng. Santana Jr. e Antonio Sales.



Diante da escassez que o país vive especialmente a região nordeste, e o aumento considerável da temperatura a cada ano, a qual todo fortalezense conhece de perto, o Parque do Cocó passa ter uma relevância ainda maior.


Este ano no dia 29 de janeiro ocorreu a instalação do Fórum permanente pela implantação do Parque do Cocó, na Procuradoria da República no Ceará. Essa iniciativa histórica vem num momento delicado para o Cocó, reunindo atores implicados na criação da reserva legal. Tendo com fundo a proposta do governador de transformar o Parque em um mosaico de diferentes UCs, condição que permitiria construções dentro da área. Entretanto como frisou o professor de Geografia da Universidade Federal do Ceará, Jeovah Meireles, uma APA (área de preservação ambiental) dentro de uma APP (Área de preservação permanente) é incompatível, pois segundo o Código Florestal todo o Cocó já figura como (APP).


Abelha do gênero Xylocopa

Até hoje várias gestões estaduais passaram sem legalizar o parque de fato. Apesar de a área sofrer com forte pressão da especulação imobiliária, o valor desta área vai muito além como já explanado até agora. O Cocó desde sua nascente em Pacatuba até sua foz é patrimônio do povo cearense, em todos os municípios que drenam suas águas. Precisamos preserva-lo pensando no futuro, como fonte hídrica e de vida.

Parque Ecológico do Rio Cocó - Lugar mais lindo de Fortaleza, Ceará.


Fontes:

MOURA, M. O. O clima urbano de Fortaleza sob o nível do campo térmico. 2008. Dissertação (Mestrado
em Geografia) – Departamento de Geografia, UFC.
2008.

PINHEIRO, M. V. Evolução geohistórica das dunas de Fortaleza. 2009. 210p. Dissertação (Mestrado, em
Geografia) – Departamento de Geografia da UFC, 2009.

PMF. Prefeitura Municipal de Fortaleza. Inventário Ambiental de Fortaleza. 2002.

CLAUDINO-SALES, VANDA. Paisagem dunar em área urbana consolidada: natureza, Ciência, e Política no espaço urbano de Fortaleza, Brasil.  Departamento de Geogranfia da UFC, 2010.

Jornal O Povo > acesso em : 13 de fevereiro de 2015.

(http://salvemasdunasdococo.blogspot.com.br/). Acesso em : 13 de fevereiro de 2015.



sábado, 11 de outubro de 2014

feijão-bravo do Ceará - Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.

Em julho no Parque Ecológico do Cocó, onde ando quase diariamente, avistei uma linda flor nas muitas trepadeiras que ladeiam as trilhas. Curioso em saber a espécie fotografei para posterior identificação e tratava-se da Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.  Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth. é uma trepadeira pertencente a família Fabaceae, cujos indivíduos podem atingir de 0,5m a 5m, dependendo do porte (arbustivo ou arbóreo) da espécie suporte. As raízes são amarelas; as folhas alternadas, trifolioladas; as flores apresentam coloração roxa e as pétalas bastante perfumadas e estão reunidas em inflorescências do tipo paniculada terminal, com escapo floral de coloração verde-arroxeada. É conhecida popularmente na região de estudo como feijão-de-porco, feijão bravo ou feijão bravo do Ceará. A espécie é utilizada como biossensor (Rover Júnior, 1995), no controle de saúvas (Isidro et al., 2001), na medicina (Pereira, 2005). 


Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.  - Foto por Marcelo Carvalho

Fabaceae - Papilionoideae 
Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth. 

Biomas de ocorrência: Caatinga, Mata Atlântica, Amazônia

Período de floração: estação chuvosa


Apresenta-se como trepadeira ou, no caso liana, uma trepadeira lenhosa.

Características:

Cálice bilabiado, com lábio superior largo, truncado ou emarginado, e o inferior menor, inteiro ou trifido. Vexilo com apendices infletidos, basais e com calosidades dispostas acima da base. Semente com hilo linear  ou oblongo--- (Barroso 1991)


Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.



As inflorescências são do tipo paniculada, com flores cujos atributos florais estão relacionados à síndrome da melitofilia, tendo como principais visitantes florais são abelhas de grande porte como as mamangavas-de-toco (gênero Xylocopa) e as mamangavas-dechão (gênero Bombus).



Vagens da  Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.



Canavalia brasiliensis é uma trepadeira que apresenta inflorescência paniculada terminal, com escapo floral de coloração verde-arroxeada, medindo de 15,5 a 60,4cm, zigomorfas, pedunculadas,periantadas, diclamídeas, hermafroditas e dispostas de forma alterna e presas às nodosidades da raque da inflorescência. O guia de néctar com coloração branca indica a localização da câmara nectarífera. As flores de C. brasiliensis possuem diversos atributos da morfologia floral que as enquadram na síndrome de melitofilia propostos por Faegri e van der Pijl (1979), tais como: muitas flores por inflorescências, odor intenso e adocicado, coloração roxa, antese diurna e zigomorfia que estão associados à atração dos agentes polinizadores. A concentração de açúcares no néctar (44-60%) é também equivalente à amplitude (30-48%) de outras espécies melitófilas proposto por Proctor et al. (1996). No entanto, Kiill et al. (2000) constatou que o beija-flor Phaethornis sp era um dos polinizadores desta espécie, embora não se enquadrasse no padrão ornitófilo. (Guedes, et all, 2008).


Folhas alternadas e trifoliadas, essa danificada possivelmente pela ação de algum herbívoro




Fontes:

<http://rubens-plantasdobrasil.blogspot.com.br/2011/09/canavalia-brasiliensis-mart-ex-benth.html> Acesso em 11 Out. 2014

Queiroz, L.P.; Snak, C. Canavalia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22855>. Acesso em: 11 Out. 2014

Guedes, Roberta Sales; Quirino, Zelma Gleybya; Gonçalves, Edilma Pereira. 2008. Fenologia reprodutiva e biologia da polinização de Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth (Fabaceae).