sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Ocupa o Cocó, desocupa o Cocó... E o descaso com o Rio e o Parque continuam.

Lembra um cenário de guerra não? Crime ambiental cometido pela Prefeitura em nome da "Mobilidade urbana", isso mesmo especulação imobiliária tem outro nome agora. 


Parece não haver quem salve mesmo o Cocó. Exceto pela perseverança e coragem desse pequeno grupo que há 78 dias continuam a ocupar o Parque evitando assim que o Poder Público mais uma vez cometa ou feche os olhos para o imenso hall de atrocidades ambientais nesta cidade. Agora o Tribunal Regional Federal da 5ª Região determinou a desocupação da área para a construção dos tais viadutos em nome da "Mobilidade Urbana", quem determinou foi o desembargador José Maria Lucena (Refresque sua memória sobre este senhor.)  O jornal O Povo abordou a questão.  Segundo o Jornal: "No agravo do instrumento" ele determinou a antecipação da tutela à prefeitura de Fortaleza, para que as obras sejam retomadas. Além disso pediu que a primeira Instância (a Justiça do Ceará) seja notificada "com extrema urgência". Que pressa Sr. José Maria Lucena, é irônico como no seu caso a Justiça anda lenta. É no minimo curioso ou espantoso como ressaltou o advogado Jairo Ponte, um dos mais atuantes na questão do viadutos falou ao Jornal O Povo: 

“Essa é uma inclusão que me parece incompatível e inadequada. Os manifestantes não são parte na ação civil pública (que trata da regularidade da obra). Se não são parte, como estão sofrendo efeitos da decisão? A decisão me provoca profundo espanto”, ressaltou Ponte, que soube do despacho pela reportagem.

Ele reforça que já existe uma demanda judicial discutindo a reintegração de posse. “Por que a decisão não vem dessa demanda, que é mais completa, tem mais elementos e que a União está participando?”, questiona. Ele afirma que, após a notificação, “com certeza vai ter agravo regimental” contra a decisão.

Enquanto tudo é tratado como um caso jurídico, a maioria esquece a verdadeira questão por trás das obras do viaduto. É digno de nota que mesmo com uma pressão intensa por parte dos Governos estadual e municipal, os ativistas que ocupam o Cocó a mais 70 dias, continuam resistindo contra essa máquina pública aliada aos carteis da especulação imobiliária naquela antiga e conhecida área nobre. Pena que a população não busca se informar sobre a questão, os fortalezenses precisam acordar e saber a importancia do Rio e do Parque para a cidade de Fortaleza. A mídia infelizmente contribui muito para desacreditar o movimento, o que dificulta muito conscientizar as pessoas, porém acho que ainda existe espaço para debate. Participe, conheça e ajude a salva o Cocó!

Muito além das árvores: Cocó é beleza e vida.



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Condomínios jogam água não tratada no Parque Ecológico do Cocó

Vista dos condomínios da trilha principal
O desrespeito pelo Meio Ambiente é sem precedentes em nossos tempos. É lamentável que além de usufruírem da beleza que o estuário do Rio Cocó proporcione à aqueles que moram na sua circunvizinhança, em enormes arranha-céus que barram as correntes de vento que outrora refrigeravam a cidade na parte leste, os prédios ainda joguem água não tratada dentro do Parque do Cocó bem na calçada que leva as trilhas principais. Quem entra no Parque pelo lado da rua Andrade Furtado com a Engenheiro Santana Jr. ao chegar na parte dos fundos dos condomínios que da para o Parque, logo percebe os canos que poluem o Parque. Não sei se inicialmente esses canos seriam para conduzir a água pluvial, porém pelas aparência e odor característicos dos dejetos despejados por eles, fica claro que é água não tratada. As tubulações parecem vir do estacionamento dos prédios.

Esgoto? Bem no mínimo "água não tratada".
A administração do Parque continua tolerante com essa agressão. Eu desejo que a administração do Parque  não faça vista grossa para essa situação e que os moradores dos condomínios que com certeza também utilizam o Parque e já viram o problema, possam sensibilizar os síndicos de seus respectivos prédios e os mobilizem para corrigir o problema. O Cocó e seus usuários agradecem.
Fotos dos condomínios visto do alto, a própria localização dos prédios representam uma agressão ambiental contra o Parque do Rio Cocó.




domingo, 22 de setembro de 2013

Qual a importância do Parque Ecológico do Rio Cocó para a cidade de Fortaleza?

Nem em seus 34km de praia, encontramos em Fortaleza, tamanha beleza como em todo estuário do Rio Cocó. Hoje depois de anos de degradação, o rio tem como maior apelo pela sua preservação o Parque Ecológico do Cocó, que fica localizado no centro-leste da cidade, 1.155,2 hectares de área verde, sendo o maior parque ecológico dentro de uma área urbana da América Latina. É lamentável que apesar de sua importância, e tendo status de "Parque Ecológico", as agressões a Rio Cocó e seu estuário, são antigas e continuam como observamos na questão do viaduto que a prefeitura municipal de Fortaleza pretende construir no cruzamento das avenidas Engenheiro Santana Jr. e Antonio Sales e na Ponte estaiada sobre o rio, outra obra polêmica. Abordaremos pois o histórico de agressão da cidade ao rio, bem a importância do mesmo para a cidade de Fortaleza. Hoje a defesa do rio mais do que nunca está em pauta. Cabe ao poder público junto com a sociedade - pensar, entender e proteger esse delicado, importante e rico patrimônio ambiental que é o Rio Cocó.

Foto do espelho d`agua entre as duas trilhas principais. Credito da Foto: Marcelo Carvalho
  • Histórico de agressões
Durante muitos anos o Rio Cocó sofreu sérias agressões ao longo do seu percurso. As autoridades sempre o trataram com total descaso, ignorando a importância e a complexidade desse ecossistema. Em vez de cuidar deste tesouro de inestimável valor, o Rio Cocó sempre foi tratado como um obstáculo ao crescimento urbano de Fortaleza, principalmente na parte leste - área nobre da cidade, atualmente palco dos controversos viadutos em prol da "Mobilidade urbana". Através de muita luta, promovidas por várias entidades locais e pela sociedade, gerou-se um movimento que culminou na implantação pelo Governo das mudanças, do "Parque Ecológico do Cocó". Segundo a Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SEDURB), a criação do Parque teve como objetivo garantir a preservação de extensa área das margens ao Rio Cocó. Com o parque, pretende-se preservar a flora e a fauna nativas, bem como garantir uma área para o desenvolvimento de pesquisas e de educação ambiental, e para abrigar atividades turísticas, culturais e de lazer.  A implantação do Parque ecológico não acompanhou nenhuma tomada de medida de caráter preservativo quanto a seu ecossistema, analisando que a principal causa da poluição das águas do Rio Cocó vinha do aterro do Jangurussú, que funcionava a céu aberto, e mesmo depois de quase um década desativado continua poluindo o lençol freático e o Rio Cocó, formando uma "cadeia de montanhas" de onde escorre o chorume, e diminuindo muito a qualidade de vida da população em seu entorno. Esse parque na verdade, representou mais um obra urbanística, do que um Parque Ecológico, visto que se encontra numa área nobre. Desde o inicio houve preocupação somente com a parte externa do Parque - calçadões, anfiteatro verde, quadras de esporte, etc. A parte interna, seu ecossistema tem sido renegado, e continua sofrendo com as intervenções fora e dentro de seu perímetro que causam degradação. Hoje além da poluição do rio, o Cocó sobre com a especulação imobiliária no entorno da área de seu Parque, que oferecem mais um sério risco para todo estuário do rio.

Shopping Iguatemi Fortaleza - em sua construção foi aterrado indiscriminadamente boa parte do estuário do Rio Cocó, com consequência para pesca local.


Fairbridge ( 1980), define estuário como: um pedaço de mar que se estende dentro do vale de um rio, tão longe quanto permita o limite superior da maré. Geomorfologicamente, o estuário pode ser denominado de planície flúviomarinha. Ele representa os trechos de um rio que estão sujeitos as variações das correntes de marés. Ricas fauna e flora formam o ecossistema estuarino, com altíssima produção biológica, como observamos nas trilhas do Rio Cocó. Segundo Silva (2001), os estuários são fundamentais para a zona costeira, como exportadores de nutrientes e outros organismos para ecossistemas vizinhos. Sendo que ao longo da História, os estuários sempre foram utilizados pelo homem, seja através do transporte aquático ou pela exploração dos recursos naturais, por meio da caça, pesca, coleta de crustáceos, retirada de madeira e construção de salinas. 



Boa parte do estuário do Rio Cocó foi aterrado indiscriminadamente para a construção do Shopping Iguatemi, fazendo com que esse rio perca grande parte de sua produtividade em espécies biológicas, como moluscos, peixes, crustáceos, que são explorados pela população ribeirinha .

De acordo com os dados obtidos pela Autarquia da Região Metropolitana de Fortaleza - AUMEF, hoje Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional - SEDURB, há quinze anos, pesquisas realizadas entre a foz do Rio Cocó, inferiu-se existirem 1.000 pescadores com produção média de 10 (dez) quilos por dia, portanto, 10.000 (dez mil) quilos de pescado, de acordo com informes colhidos com pescadores entrevistados na área. Considerando ainda 5 (cinco) pessoas por família, o resultado da atividade beneficia 5.000 (cinco mil) pessoas. Certamente estes números hoje, serão menores devido as contínuas agressões nessa região do Rio Cocó.

A beleza da flora do Parque encanta pelas cores e espectro das flores silvestres


Em relação ao Estudo de Impacto Ambiental do Rio Cocó, só foi realizado os estudos para a construção do calçadão de contorno do Parque Ecológico do Cocó. Para a construção do Shopping Center Iguatemi não foi feito o Relatório do Impacto Ambiental. Porque será?

Inicialmente para a construção do calçadão de contorno do Parque Ecológico do Cocó, o primeiro problema foi a alteração do trajeto de um afluente do Rio Cocó, o qual corre paralelo ao muro que existia na Avenida Engenheiro Santana Júnior. Para a construção do calçadão foi aterrado o leito de um riacho (afluente do Rio Cocó), com largura de 7 metros com uma extensão aproximada de 140 metros.

A construção do Shopping Center Iguatemi em 1982, foi o marco no que se refere-a valorização-da área, o estacionamento seguida da estação de tratamento de esgoto, representa a retirada de considerável parte do manguezal para a construção.  

  • Uso sustentável do Rio Cocó
Desde a foz do Rio Cocó (Praia do Caça e Pesca) até a BR-116 (próximo ao Conjunto Tancredo Neves) foram realizadas no ano de 2000, pela 1' Promotoria do Meio ambiente e Planejamento Urbano, 7 (sete) amostras do água para análise físico-químicas e bacteriológicas. Os valores observados ultrapassam o padrão estabelecido pela Resolução CONAMA n° 20/86 ( Quadro 2) para os parâmetros de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), OD (Oxigênio Dissolvido), NMP (Número mais provável) de coliformes focais, cloretos, amônia e cor.

O aproveitamento dos recursos hídricos do Rio Cocó são para pesca, agricultura (irrigação) de pequenas culturas, consumo doméstico (da população que não dispõe de água encanada), mas com o alto índice de poluição este consumo tomou-se desfavorável. O mais interessante é que a despoluição do Rio Cocó teria um impacto social ainda maior do que o ambiental, visto que uma das medidas necessárias serias oferecer as comunidades ribeirinhas saneamento básico e coleta de lixo, com um alcance que acompanharia o curso do rio.  Como forma de sanar os problemas ambientais identificados nos resultados das análises físico-químicas e bacteriológicas e assim usufruirmos de melhores condições dos recursos hídricos do Rio Cocó,

 a 1ª Promotoria do Meio ambiente e Planejamento Urbano na ocasião, sugere a adoção das seguintes medidas:
  1. Melhorar a manutenção dos sistemas de esgotamento sanitário dos- conjuntos habitacionais da região (São Cristóvão, Barroso 1 e II, Tancredo Neves, Bela Vista), evitando o lançamento dos efluentes "in natura" no corpo hídrico em pauta;
  2. Monitorar e controlar, sistematicamente, a qualidade dos efluentes tratados, provenientes da ETE's;
  3. Intimar os proprietários dos matadouros situados às margens da CE-021, obrigando-os a instalar Estação de Tratamento de Esgotos nesses estabelecimentos, visando o controle dos efluentes gerados durante o processo de abate;
  4. Monitorar e controlar, sistematicamente, a qualidade do chorume do antigo Lixão do Jangurussú, após tratamento. Os recursos hídricos da área do Jangurussú apresentam-se contaminados pelo chorume produzido ao longo dos anos em atividade, o qual ocorria em maior volume durante o período chuvoso. Atualmente a lagoa para tratamento do chorume não está sendo devidamente
    operada e monitorada, chegando o mesmo ao rio em pauta, sem atender as normas estabelecidas pela Legislação Ambiental vigente;
  5. sistematizar a coleta do lixo, acompanhada de um Programa de Educação Ambiental junto à população ribeirinha, visando a redução ou mesmo completa eliminação da disposição de resíduos sólidos às margens do Rio Cocó;
  6. Fiscalizar com rigor os efluentes finais da ETE's dos, condomínios situados na faixa de 2a Categoria do manancial;
  7. Ampliar o número de pontos de amostragem deste corpo hídrico, visto que, sendo um rio praticamente urbano, está propício a várias degradações; tendo em vista que o Rio Cocó é foco de estudos da comunidade científica, toma-se necessário um maior número de dados para uma avaliação mais precisa da qualidade de suas águas;
  8. Com relação à foz, sugere-se demarcar através de piquetes, a Área de Preservação-Permanente do estuário do rio, de acordo com o Decreto Estadual n° 20.253, de 05/09189;
  9. Fazer um levantamento das edificações localizadas na supracitada área, retirando todas aquelas identificadas em área irregular;
  10. Recuperar as áreas degradadas com recomposição vegetal;


Paisagem típica das trilhas com destaque para as raízes aéreas.


  • Importância do Parque para a cidade
Os manguezais oferecem condições ideais para o desenvolvimento de inúmeros organismos que buscam esses ecossistemas para procriação. Muitos peixes, crustáceos e outras espécies dependem do mangue, que por sua vez é explorado pelas populações ribeirinhas, constituindo fonte de renda e alimento.  A vegetação de mangue é a coluna vertebral na cadeia alimentar, produzindo grande quantidade de matéria orgânica, oriunda da decomposição de suas folhas pela ação dos microrganismos. Toda essa carga orgânica escorre para o mar através dos estuários, enriquecendo suas águas. Quem costuma comprar peixe em Fortaleza, sabe o quanto é caro, e um dos motivos é a dificuldade de se encontrar peixe no litoral, tanto pela pesca predatória, como pela degradação das áreas de mangue especialmente no Estuário do Rio Ceará e do Rio Cocó. Preservar o Parque, significa entre outras coisas permitir que os organismos aquáticos da costa se desenvolvam e aumente a produtividade da pesca litorânea. Os manguezais agem como fixadores da terra, pois a presença e o entrelaçamento das fortes raízes aéreas do Mangue, planta típica, contribuem para a deposição dos sedimentos provenientes das águas do rio, da drenagem terrestre e das correntes das marés. Evitando dessa forma o assoreamento do leito dos rio e proteção da área litorânea da erosão. O tipo de solo formado por esse processo consegue reter muitos agentes poluentes, como metais pesados, o que torna vital sua manutenção em zonas poluídas. A existência de manguezais contribui para que não ocorram modificações nas condições climáticas do litoral, resguardando suas áreas circunvizinhas dos efeitos danosos das ventanias e tempestades.

Das diversas diretrizes que constavam na elaboração do Parque estavam duas em especial que ressalto agora:
  1. Propiciar a regeneração da vegetação, com espécies nativas nas áreas
    degradadas;
  2. Criar áreas de interesse para: a prática de esportes, a cultura e a
    educação ambiental. Segundo: (SEDURB).
Indo na contramão dessas propostas e cedendo a especulação imobiliárias, um dos grandes vilões do Parque, temos a questão dos viadutos para desafogar o transito perto do Iguatemi na conjunção das avenidas Antonio Sales e Engenheiro Santana Jr.  Não é a questão de derrubar somente algumas árvores não. É uma questão mais ampla, conforme foi abordado até aqui. Há vários que por mera ignorância e desinformação continua sendo favoráveis a construção dos tais viadutos, por desconhecerem totalmente o que a verdadeira questão. Por isso eu acredito que a luta maior se dará pela conscientização da população e que tem que haver uma aproximação dos fortalezenses e o Parque, que esta implícito nas diretrizes para sua implantação.

  • Uma opção de lazer saudável
 Um passeio pelas trilhas do Parque oferece ao cidadão fortalezense uma opção saudável em meio ao caos urbano. A beleza do Parque juntamente com a possibilidade de contemplar vários espécimes da fauna e flora local, é uma grande atrativo para que aprecia estar próximo a natureza. Porém o Parque tem um papel ainda mais importante.  Só conhecendo o Parque de perto é que as pessoas estarão mais propensas a cuidar e defender o Cocó.




Méritos e fonte de pesquisa são de alguns textos  de Manoel Fernandes Sobrinho,
 em sua Monografia apresentada ao curso de Especialização em Direito Ambiental do Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual do Ceará, em convenio com a Escola Superior do Ministério Público, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Direito Ambiental 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O Cocó na mira - O Jardim da Cidade de Fortaleza sofre com as interveções irregulares na área

É público e notório que essa obra do viaduto no cruzamento das avenidas Antonio Sales e Engenheiro Santana Jr. que trafega sob a mascara da "Mobilidade urbana", mas trata-se de uma medida paliativa em vista que o problema merece uma abordagem mais ampla e definitiva. E que na verdade essa agressão Ambiental atende ao interesse especulativo desta área que é a que mais cresce verticalmente em Fortaleza. Sabe-se que a questão da Mobilidade não esta concentrada somente nesta área, apesar de que é crítico. Mas Fortaleza como um todo sofre com o problema, os Governos Estadual e Municipal deviam pensar em medidas a curto e longo prazo e chamar a sociedade para um debate sobre o assunto e ai sim implantar um conjunto de políticas públicas que atendam e resolvam o problema na cidade. Longe de tudo isso esta agressões sem escrúpulos ao Parque. Hoje o Jornal O Povo trouxe a luz uma matéria com o título: "Quem quer ser dono do Cocó." - A matéria fala da degradação da área e órgãos públicos que respondem por omissões em ocupações ilegais e intervenções que causam destruição no ecossistema local.



Além de grandes construtoras, empresários e cidadãos locais da margem do rio, órgãos públicos são apontados como réus em processos judiciais contra edificações  e outras tantas irregularidades, segundo o Jornal (O Povo).  Um dos muitos processos movidos é contra a CAGECE, pela liberação de esgotos e para canais de drenagem  que desembocam no Cocó, somando-se ainda uma  ocupação irregular da área. Ação que iniciou-se em agosto de 2007 e já teve sentença proferida. Matéria do Jornal O Povo



Em síntese, a Cagece e o Município de Fortaleza são responsabilizados pela falta de saneamento básico na área. “Devendo só eles arcarem com o ônus de sua omissão no ponto, ao permitirem lançamento de dejetos em galerias de águas pluviais, bem como por não construírem a rede de esgotamento apropriada, além de terem tolerado a devastação e poluição continuadas do mangue do Dendê” – aponta trecho da sentença do processo 2008.8100.001888-6. A decisão foi da 4ª Vara Federal. Ainda segundo o Jornal (O Povo).

A CAGECE, que recorreu da decisão, esclarece que já tem um projeto de engenharia para a área aguardando somente a aprovação da Caixa Econômica Federal, que respondeu ao Jornal por email e ainda salientou que a comunidade residente próxima ao à linha férrea do Cocó já foi beneficiada com rede de esgotamento sanitário.

Lamentável foi ver que na na página do Jornal O Povo referente a esta matéria havia inúmeros comentários maldosos e contrarios a defesa do Parque, feito por pessoas ignorantes ou que de uma forma ou de outra se beneficia com as agressões ao Cocó,  vejam algumas:
  • Comentário: O que tem de gente ingênua "defendendo o Cocó" é uma tristeza. Os politiqueiros que se aproveitam dessa ingenuidade estão lucrando com a repercussão dos sacrifícios desses tolos que fazem greve de fome, se amarram à correntes e toda sorte de mico eles pagam. No final o viaduto vai ser feit

 - Blog: Eu fui pessoalmente inúmeras vezes visitar o local da ocupação e percebi que essas pessoas, cidadãos conscientes que lá estão não são um bando de tolos que alguns politicos usam como fantoches, antes são estudantes, profissionais liberais e muitos outros que reconhecem a importancia do Parque para a cidade, e que de toda forma são difamados para que esse empenho seja desacreditado pela sociedade. Isso sim é deplorável!


  • Comentário: Impressiona como um grupo de políticos que nunca fez nada pela cidade e um bando de desocupados pagos para permanecerem ocupando o espaço no COCÓ, geram tanta polemica nesta cidade, entre pessoas que não sabem nem o que é meio ambiente. acho que a cidade merecia mesmo a prefeita omissa que tinha.

-Blog: Das diversas vezes que fui ter com os ocupantes, não tomei conhecimento de que estão lucrando com isso, a menção de que eles estão sendo pagos é em si ridícula. Porque alguém deixaria o conforto da sua casa para ganhar um mixaria, correndo risco de ser lixado pela Polícia, como aconteceu na primeira tentativa de desocupação ou suportando o calor e o frio da noite fora o insetos? Faz sentido? E outra, não posso dizer nada elogioso com respeito a antiga gestão municipal, mas ressalto que está muito mais nas mãos do Governo Estadual transformar definitivamente esse Parque em área de preservação permanente.



  • Comentário: Em prol da população da Fortaleza a prefeitura vem tentando melhorar o trafego na cidade o que não foi feito durante oito anos do PT. Em prol de toda a população, principalmente a que anda de ônibus. VIADTOSIM.

-Blog: Quando este cidadão fala que a prefeitura vem tentando melhorar o trafego na cidade ele esta certo. Porém criar mais viadutos, vias, seja lá o que for, não resolverá o problema da Mobilidade urbana na cidade porque todos os dias milhares de carros chegam as ruas e as medidas que estão em curso na cidade tem caráter paliativo e não oferece solução real para o problema. A Mobilidade urbana tem que ser pensada para as pessoas, e não para os carros. Essa poderá ser alcançada com uma série de medidas de âmbito municipal, estadual e Federal. Como: Melhorias das vias existentes, um novo sistema de transporte público sustentável, social e seguro, Ciclovias e segurança para nelas transitar e uma integração mais ampla dos transporte públicos.

Diante de tanto descaso, omissão e ignorância nossa, e quando digo nossa,  falo da população em sua grande maioria, só me resta lamentar que muito em breve se nada for feito imagens como esta abaixo não poderão ser mais vista no Parque...

 É interessante notar que o Código Florestal brasileiro em seu artigo 4, parágrafo reza:
  • Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: os manguezais, em toda a sua extensão; 

Foto tirado do Blog :http://www.cafofo.fot.br/galeria/luciomarcelo/luciomarceloParqueDoCoco02.jpg

sábado, 7 de setembro de 2013

Preservem as Orquídeas!

Não há quem não apaixone-se pelo exotismo e a beleza de uma flor de Orquídea. De todas as espécies de plantas, as Orquídeas são provavelmente as que possuem maior variação do espectro floral. A diversidade de cores e formatos são uma estratégia para atrair os agentes polinizadores (abelhas, moscas, pássaros, borboletas,besouros, mariposas, beija-flores, morcegos), que no caso, são específicos para cada tipo de flor. A paixão do homem pela Orquídeas é antiga, porém com a descoberta de espécies tropicais como a Cattleya labiata, nativa das regiões serranas do nordeste, deu ímpeto a busca por exemplares mais exóticos. Hoje na maioria das grandes cidades já existem associações de orquidófilos, que se reúnem com certa periodicidade, e muitas espécies estão a venda inclusive em supermercados. Infelizmente a coleta de plantas da natureza ainda é praticada e coloca em risco o delicado ecossistema no qual vivem, além de se tratar de uma prática criminosa, quando na natureza as Orquídeas não oferecem tanta qualidade estética e esta infestada de fungos, liquém e até bactérias, representando uma verdadeira ameaça para o orquidário todo, correndo o fisco do exemplar morrer por não encontrar as mesmas condições que o protegiam na natureza.

]
Orquídea em seu ambiente natural - Serra de Aratanha



Ao contrário das plantas das plantas de orquídarios que são cultivadas apartir de criteriosa seleção e cruzamentos, são orquídea belissimas e facilmente encontradas para a compra, tendo inclusive muitas das espécies mais raras e exóticas.

Cattleya labiata, espécie encontrada nas regiões serradas do Ceará

Como diferenciar

Em publicação recentemente lançada pelo IBAMA (tradução de Pictorial Guide – Differentiation of wild collected and artificially propagation of orchids), são repertoriados vários aspectos que permitem diferenciar uma orquídea coletada em meio silvestre daquela reproduzida artificialmente. Seguem-se algumas dessas características:
  • Plantas coletadas: muitas raízes crescendo na mesma direção; muitas raízes mortas e com pedaços de casca de árvore; ponta das raízes frequentemente danificadas; número desequilibrado de folhas e raízes; cápsulas de sementes presas às plantas; as folhas são sujas e geralmente não apresentam aspecto saudável, por causa de líquens e por estarem desidratadas e/ou contaminadas por fungos; muitos pseudobulbos mortos e outros sem as folhas ou danificados.
  • Plantas obtidas por propagação artificial: raízes crescendo de acordo com o formato do vaso; resíduos do material de propagação; quantidade equilibrada de folhas e raízes; ausência de bainhas secas; folhas e raízes saudáveis; plantas com formato e tamanho uniformes; flores com cores vivas. 
 (Fonte:Site Associação cearense de orquidófilos) 



Diante de comentários alarmistas, por vezes alguns orquidófilos se perguntam sobre se há problemas em transportar (e mesmo em possuir) orquídeas adquiridas legalmente. A engenheira florestal Lou Menezes, chefe do Orquidário Nacional do IBAMA, esclarece algumas dúvidas sobre atividades concernentes aos orquidófilos e suas coleções:
  1. O Ibama exige o registro somente dos comerciantes de orquídeas, os quais são obrigados a apresentar um cronograma de reprodução das plantas. Tal cronograma é periodicamente controlado através do levantamento das plantas – suas espécies e variedades.
  2. Os orquidófilos, além de não serem obrigados ao registro no IBAMA, são senhores de suas coleções, podendo ou não realizar reproduções das plantas, mas nunca sendo considerados produtores legalizados.
  3. As plantas das coleções dos orquidófilos, devidamente tratadas em cultivo, não podem ser confiscadas por parte de autoridades competentes, pelo simples fato de serem orquídeas.
  4. As plantas poderão ser confiscadas, caso seja caracterizada a coleta de plantas retiradas das matas e/ou pelo comércio ilegal das mesmas.
 (Fonte:Site Associação cearense de orquidófilos)