domingo, 20 de outubro de 2013

Fauna do Cocó: Iguana-Verde


Marcelo Carvalho com Iguana-verde nas trilhas do Parque Ecológico do Cocó, espécime foi fotografado e devolvido ao seu habitat.


Nativos das Américas, os Iguanas são répteis da família Iguanidaes. Algumas vezes confundidos com camaleões ( e vice-versa), embora as duas espécies pertençam a familias distintas: os camaleões são Chamaeleonidaes e o iguanas, iguanidaes.  A palavra Iguana tem origem no latim e significa: "lagarto".

Iguana-verde, muitas vezes confundido com o Camaleão, embora este último não ocorra naturalmente no Brasil, tendo sido introduzido na Amazônia, onde existem populações que se adaptaram com relativo sucesso.


As Iguanas estão distribuídas nos generos Amblyrhynchus, Brachylophus, Conolophus, Ctenosaura, Cyclura, Dipsosaurus, Iguana e Sauromalus,São mais de 35 espécies. No Brasil só ocorrem uma espécie: a iguana verde ( Iguana iguana), encontrada no norte, nordeste e pantanal. Ao nascerem, esses animais apresentam uma coloração verde, bastante intensa que gradualmente vai de modificando até a fase adulta quando passa apresentar uma coloração mais escura, geralmente rajados pretos ou cinzas. Nessa fase podem pesar até 10 quilos e 1.80m de cumprimento, sendo 2/3 desse valor referente à sua cauda. 


Iguana jovem, a cor verde intensa denuncia a idade do réptil


Na cabeça o réptil possui numerosas escamas. geralmente assimétricas e de tamanho pequeno. Da nuca até a cauda, há uma crista; e na garganta, um saco dilatável. A espécie apresenta atividade diurna, podem ser encontradas tanto na copa das árvores como no chão, geralmente perto de corpos d'água ( são amimais que nadam com grande facilidade), os jovens alimentam-se de  principalmente de insetos e os adultos são herbívoros generalistas, apesar de serem vegetarianos, existem relatos de que estes animais também comem ovos, filhotes de aves, pequenos invertebrados e até carniça. Quando ameaçados costumam defender-se com a cauda, utilizando-a como chicote e desferir mordidas.



Iguana visto por mim nas trilhas do Parque Ecológico do Rio Cocó.

As iguanas se reproduzem uma vez por ano, geralmente nos meses de outubro a abril. A Iguana-verde começa a se reproduzir cedo a partir do segundo ou terceiro ano de vida, quando atinge sua maturidade sexual. Os animais adultos podem ser facilmente diferenciados quanto ao sexo. A - Os machos apresentam a crista-dorsal  e prega-gular muito desenvolvidas. Além de mandíbula forte e robusta. B - As fêmeas, por sua vez, apresentam coloração mais pálida, com crista-dorsal curta, mandíbula  e prega-gular pouco desenvolvidas. 


Os machos costumam defender territórios no início do período reprodutivo (de outubro a dezembro), época na qual realizam várias apresentações para as fêmeas (movimentos com a cabeça e tronco, além de exibição da prega-gular). Durante esse período os machos se alimentam muito pouco, dedicando o tempo quase que  exclusivamente para a defesa de território. Após o cortejo as fêmeas escolhem os machos que se mostraram mais atrativos para reprodução. Ao final do período de cópula (entre os meses de dezembro e janeiro), os machos param de defender seus territórios e aumentam o tempo gasto na busca por alimentos, a fim de recuperarem as reservas de energia gastas durante o período de acasalamento. Aproximadamente 10 semanas depois da cópula, as fêmeas constroem um ninho subterrâneo e põem seus ovos (que podem variar em um número de 14 a 68 por fêmea). Geralmente cada fêmea constrói seu ninho, mas a postura de ovos feita por mais de uma fêmea num mesmo ninho é frequentemente observada em áreas onde locais adequados para realização da postura são escassos. O período de postura geralmente ocorre entre os meses de janeiro e abril e o nascimento das iguanas jovens ocorre entre os meses de abril e junho.



Importância socioeconômica

Em alguns países, como a Venezuela, Panamá, Nicarágua e a Guatemala as iguanas têm um papel importante no desenvolvimento socioeconômico das comunidades rurais, no aproveitamento do couro, carne e ovos. No Brasil, a iguana-verde e seus ovos são uma eventual fonte de alimento em algumas comunidades rurais. Na Colômbia e em alguns países da América Central, as altas taxas de consumo da sua carne e ovos como alimento são ameaças às populações da iguana-verde. Na Costa Rica e Panamá, a espécie está em vias de extinção.
É importante destacar que a iguana-verde é hoje uma das espécies mais vendidas no mercado internacional de animais de estimação. Devido a isso, uma das maiores ameaças à espécie é a captura ilegal de populações silvestres para o abastecimento do tráfico de animais. É agravante ainda, o fato de praticamente não existirem estudos da biologia, requisitos de habitats e do potencial de utilização da Iguana iguana no Brasil. Atualmente existem populações bem estabelecidas da iguana-verde em Porto Rico e nos Estados Unidos, onde apresentam-se como uma espécie exótica invasora que causa muitos danos aos ecossistemas locais.





Referências Bibliográficas
ÁVILA-PIRES, T. C. S. Lizards of Brazilian Amazonian (Reptilia: Squamata). Zoologische Verhandelingen, Leiden: Nationaal Natuurhistorisch Museum, 1995. n. 299, p.1-706.
BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 1-6.
CAMPOS, Z. M. S. Biologia reprodutiva de Iguana no rio Paraguai, Pantanal, Brasil. Corumbá: Embrapa – Comunicado Técnico nº 30, ISSN 1517-4875, 2003. 3 p.
DISTEL, H.; VEAZEY, J. The behavioral inventory of the green iguana, Iguana iguanaIn: BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 252-270.
DIVERS, S. J. The green iguana (Iguana iguana): A guide to successful captive management. London: British Herpetological Society Bulletin, v. 51, 1995. p. 6-26.
DUGAN, B., 1982. The mating behavior of the green iguana, Iguana iguanaIn: BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 320-341.
FAO/PNUMA. La iguana verde (Iguana iguana); Potencialidades para su manejo. Santiago: Proyecto FAO/PNUMA – Documento técnico nº 12, 1993. 168 p.
PARQUE NACIONAL CERRO HOYA (PNCH); GRUPO APRENDER CON LA NATURALEZA (GANa). Iguanas. InTesoros del Parque Nacional Cerro Hoya, nº 3. Panamá, 2002. p. 4.
RIVERO, J. A., 1998. Los anfibios y reptiles de Puerto Rico = The amphibians and reptiles of Puerto Rico. San Juan: La Editorial, Universidad de Puerto Rico, 2ª ed. revisada, 1998. p. 124-125.

sábado, 19 de outubro de 2013

Fauna do Cocó: Sagui-de-tufos-brancos, o famoso "Sonhim".

Qualquer um que já tenha caminhado pelas trilhas do Parque Ecológico do Rio Cocó em Fortaleza - Ceará, já foi recepcionado por um Sagui-de-tufos-brancos ou como é conhecido aqui no Nordeste: "Sonhim". Essa curiosa espécie de macaco que tem  sua origem o Nordeste brasileiro, mas que atualmente é encontrado no sudeste e demais áreas, além de criadouros em diversos países, faz parte da rica fauna do estuário do Rio Cocó, habitando na mata ciliar do rio, praticamente da nascente a foz. 
Sagui-de-tufos-brancos

Os saguis que ocorrem na Mata Atlântica já foram considerados todos como subespécie do Callithrix jacchus. Atualmente, todos esse táxons são consideradas como espécies separadas, com o Callithix Jacchus se referindo apenas as populações que ocorrem no nordeste brasileiro e Caatinga. É o Sagui mais conhecido e comum. São animais de pequeno porte com peso entre 350 e 450 gramas, pelagem estriada nas orelhas e macha branca na testa. 


Sagui-de-tufos-brancos em meio a vegetação típica de Mangue no Parque do Rio Cocó, em Fortaleza - Ceará

Essa espécie vive em grupos de três a 15 animais, formados por indivíduos reprodutores e não reprodutores. Possui uma área de vida de pequenas, como mostrado em populações estudadas no Rio Grande do Norte: de 0,5 ha a 35,5 ha. Isso se deve provavelmente por possuir uma dieta rica em goma, que permite que os animais explorem outros tipos de alimentos, além de frutos, em meses de escassez.

Habita florestas arbustivas da Caatinga e a Mata Atlântica, do nordeste brasileiro e Tocantins.


Alimentam-se de insetos, pequenos vertebrados, ovos de pássaros, frutos e são também gumívoros  (alimentam-se da goma exsudada de troncos que roem com seus incisivos inferiores, de árvores gumíferas). Esta goma serve de fonte de carboidratos, cálcio e algumas proteínas. Dispende cerca de 25 a 30% de seu tempo ativo, procurando por alimentos. 



sábado, 12 de outubro de 2013

O Caminho das Helicônias




Quem já foi a trilha principal da Serra de Aratanha sabe que a subida não é fácil. Mas todos os que aceitam o desafio são brindados na chegada com um belo açude de águas deliciosamente frias e revigorantes. Logo após recuperar o folego tão exigido na subida, é indispensável uma visita a Pedra do Perigo, local de extrema beleza e visual paranômico incrível. A vista é espetacular mais o caminho até lá releva-nos algumas surpresas.

Açude Boaçu - Serra de Aratanha, Ceará.



A floresta, nossa anfitriã, nos envolve com seus aromas selvagens destas terras quase intactas. A vida fervilha desde o subsolo até o alto das árvores encobertos por bromélias, orquídeas e outras tantas espécies epífitas. Ao percorrer o caminho que nos leva a Pedra do Perigo a trilha nos seduz com sua Poesia viva das pedras encobertas de musgos, do riacho que faz parte da nascente do perseverante Rio Cocó, ressoando desde seu esconderijo entre as ramagens sombrias, uma melodia cheia de nostalgia como um autentico pífaro nordestino. Tudo se confunde como numa quadro impressionista com o exotismo de tantas cores e e sensações. Nesta paisagem singular, nesta selva secreta repleta de folhas de espectros variados há uma que rouba a cena. Os tons de vermelho e amarelo quebram monotonia de cores nesse mar de verde, sua vestimenta vibrante são como gemas preciosas, como cristais vegetais que nos hipnotizam por minutos, a interseção penetrante de suas flores causa esse efeito. Trata-se de Heliconia psittacorum, conhecida como Tracoá, caetezinho. Planta nativa do Brasil e comum na Serra de Pacatuba, essa planta que é muito utilizada para ornamentação, é a protagonista na trilha leva a Pedra do Perigo.

Heliconia Psittacorum 

Descrição: Erva canóide, 1-3 m de altura. Lâmina foliar: 37-60 x 6-10 cm, raramente com cera na face inferior. Pecíolo: 11-32 cm de comprimento. Raque: verde ou verde-amarelado. Inflorescência: ereta, com 5 a 7 brácteas. Brácteas dísticas, as basais voltadas para cima, com 8-18 cm de comprimento, de rosa pálido a acinzentadas  ou avermelhadas, cobertas ou não com cera branca. Bráctea: basal com vestígio de lâmina foliar saindo no ápice. Flores:Sépalas laranja com preto esverdeado no ápice.







Pedra do Perigo
A Quem não conhece o Caminho das Heliconias não conhece este planeta, daquelas terras antigas, por entre bosques secretos, daquele silencio sagrado pode-se avista todo um mundo.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Animais curiosos: Caranguejo Yeti

Esse curioso caranguejo foi encontrado no Oceano Pacífico a uma profundidade de 2.300 metros a 900 milhas ao sul da ilha de Páscoa. É tão incomum que toda uma nova família de animais foi criada para classifica-lo. Nome cientifico : Kiwa Hisurta. Ainda pouco estudada, muitos aspectos da espécie continuam um mistério. Por exemplo Seus braços peludos que fazem referencia ao seu nome, hospedam colonias de bactérias podem ser cultivadas para alimentação, para a proteção contra líquidos tóxicos da emissão dos respiradouros próximos ao seu habitat e ou como sensores que ajudaria o animal cego a encontrar companheiro da espécie. Ele foi descoberto em 2006, e nos mostra a importância de conversar nosso planeta. Quantas novas espécies estão esperando para serem descobertas? Quando já desapareceram ou desaparecerão sem que ao menos se tenha conhecimento delas? Fica as perguntas.


Fotografado por Ifremer A. Fifis



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Onde estão os Caranguejos azuis?

"O Parque Ecológico do Rio Cocó virou símbolo da luta pela preservação das áreas verdes restantes na cidade de Fortaleza e exemplo vivo da degradação provocada pelo poder danoso do Homem de modificar o meio em que vive. Ainda assim a Vida resiste. Acima de tudo há ainda aqueles que acreditam e sabem que o destino do homem na terra esta ligado a todas as outras espécies e seus ecossistemas." - Marcelo Carvalho.


Onde Estão os Caranguejos Azuis?





Procura-se. Nome: (Cardisoma guanhumi Latreille), porpularmente conhecido como Guainhamum, bem como o Aratus Pisonni, outro morador  das trilhas  do Parque do Cocó que ultimamente pouco tem sido visto nas árvores as quais ele sobe com habilidade onde se alimenta e acasala. De dois anos para cá é raro observar algum tipo de crustáceo nas trilhas, os quais outrora eram abundantes. Comum era ver algum esmagado por um visitante, dado ao número excessivo deles no meio das trilhas. Hoje em dia mesmo perto do Rio, não é fácil vê-los.


Na trilha perto do Rio Cocó, onde antes avistavamos diversar espécies de Caranguejos em abundância, agora vemos aguapés, planta indicativa de poluição.


 O desaparecimento ou diminuição desses crustáceos é preocupante, em vista que  se eles  que possuem uma incrível tolerância a poluição estão sentindo o efeito de anos de degradação do rio, imagine as outras espécies. Neste ecossistema onde a salinidade e a poluição variam muito, sua capacidade de adaptação reside na osmorregulação, que é um mecanismo de ajuste na concentração de íons no organismo. Outro ponto é que caranguejos e siris são a base alimentar de inúmeras espécies de pássaros e outros animais que vivem ou usam o estuário em sua rota migratória.


guaiamu (Cardisoma guanhumi Latreille ), também chamado guaiamumgoiamumgoiamufumbamba e caranguejo-mulato-da-terra, é um caranguejo da família dos gecarcinídeos. Pode ser encontrado deste o estado da Flórida até a Região Sudeste do Brasil, quase sempre em locais entre o mangue lamacento e o início da mata, normalmente em terreno arenoso.



Saudades da floresta ser do caranguejo azul e de tantos outros que são os legítimos moradores do Cocó. A algum tempo eu li uma matéria no Jornal O Povo que me inspirou a escrever esta postagem e trazia o título: A Floresta do Carangueijo azul. Os caranguejos já se foram. Quanto a floresta, no que depender da Prefeitura Municipal de Fortaleza e o Governo Estadual, vai rápido também.