quarta-feira, 16 de abril de 2014

Meliponinae - Nossas abelhas indígenas

Colmeia de Jandaira - Foto por Leonardo Jales Leitão


Abelha é a denominação comum de vários insetos pertencentes à ordem Hymenoptera, da superfamília Apoidea, subgrupo Anthophila, aparentados das vespas e formigas. Atualmente são conhecidas mais de 20.000 espécies, porém pela descoberta de novas espécies a cada ano nas América Central, do Sul, África e Austrália, estima-se que esse número seja muito maior.


Melipona marginata
http://www.ib.usp.br/vinces/weblabs/abelhas/imagens/Melipona%20bicolor%20worker%20white%20backgr2.jpg


Acredita-se que as primeiras abelhas surgiram das vespas, insetos já citados do mesmo subgrupo Anthophila. A características mais distinta entre as duas esta no hábito alimentar enquanto as vespas caçam outro insetos e aranhas para alimentar suas crias, as abelhas com raras exceções, apenas utilizam-se de produtos de origem vegetal, tais como pólen, néctar e óleos que coletam das flores.

O processo evolutivo que deu origem às abelhas iniciou-se no período geológico conhecido como Cretáceo (146 a 76 milhões de anos atrás) com o surgimento das primeiras plantas que produziam flores. Até então, os vegetais existentes reproduziam-se basicamente por meio de esporos, como aliás as samambaias o fazem até hoje.

Trigona prisca

Com o surgimento das primeiras plantas com flores, as vespas da época passaram a ter uma nova fonte de alimentos para suas crias. Inicialmente o pólen e o néctar representavam apenas um complemento alimentar que tais vespas oferecia as suas larvas. Posteriormente, aquelas espécies de vespas que conseguiam coletar pólen e néctar com mais eficiência, podem ter mudado gradualmente para uma dieta exclusivamente vegeta, por ser mais fácil coletar pólen, néctar e óleos vegetais do que caçar outro inseto. Com o tempo deixaram de caçar totalmente, tornaram-se então dependente das plantas, havia surgido as abelhas.

A data exata do aparecimento das primeiras abelhas não é conhecida, mas sabe-se que no foi no período Cretáceo, já que não existiam flores antes dessa época (140 milhões de anos atrás). Por outro, o fóssil mais antigo que se conhece  possui pelo menos 74 milhões de anos, mas já trata-se de uma abelha operária da espécie denominada Trigona prisca, hoje extinta. Considerando-se que as primeiras abelhas devem ter sido solitárias, como as vespas que as deram origem, e a evolução para a vida em sociedade levaria alguns milhões de anos, é de esperar-se que as primeiras abelhas tenham mesmo surgido entre 130 a 120 milhões de anos atrás.
Trigona prisca, uma abelha sem ferrão (Apidae; Meliponinae), é relatada a partir de âmbar Cretáceo New Jersey (96-74000000 anos antes do presente). Isso é cerca de duas vezes a idade do mais antigo fóssil de abelha previamente conhecido, embora Trigona é um dos gêneros mais derivados de abelhas. T.prisca é muito similar às espécies neotropicais modernas. A maioria da evolução abelha provavelmente ocorreu durante os anos de ≈ 50 milhões entre o início do Cretáceo, quando as plantas com flores (em que as abelhas dependem) apareceu eo tempo de T. prisca. Desde então, nesta linha phyletic de meliponíneos, houve quase nenhuma evolução morfológica. Uma vez que o fóssil é uma operária, a organização social surgiram pelo seu tempo.

Melipna fasciculata

Na época do surgimento das abelhas, os continentes atuais do nosso planeta apenas tinham começado a separarem-se uns dos outros, possibilitando que as abelhas primitivas de então espalhassem-se por todos eles. Isso explica porque atualmente encontramos espécies de abelhas nativas em toda a superfície terrestre onde haja flores. Assim sendo, as abelhas são encontradas desde as florestas e matas tropicais, aos locais mais inóspitos como o Ártico, os Andes e Himalaia, regiões semi-áridas (a Caatinga do Nordeste, por exemplo) e desertos como o do Arizona (EUA) e de Israel.

A vida em locais tão diversos em clima, vegetação, luminosidade, temperatura, pluviosidade, predadores, opções para nidificação, etc., propiciou o surgimento da diversidade de espécies de abelhas que hoje habitam o planeta. Existem mais de 20.000 espécies conhecidas de abelhas ao redor do mundo.

As muitas espécies de abelhas também evoluíram distintamente no que diz respeito a sociabilidade. Enquanto algumas espécies continuaram solitárias, com cada fêmea construindo o seu próprio ninho e criando sozinha alguns poucos filhotes, outras espécies desenvolveram vários níveis de sociabilidade que vão
desde o compartilhamento de áreas de nidificação até a formação de colônias permanentes de milhares de indivíduos.




 As abelhas pertencem a família Apidae. Esta família possui duas subfamília:
  • Meliponinae - São sem ferrão, chamadas de abelhas indígenas, vivem
    em regiões subtropicais e tropicais. Possuem três tribos: Lestrimellitini, Trigonini e Meliponini;
  • Apinae - Encontramos os gêneros Apis e Bombus que possuem ferrão. No gênero Apis encontramos quatro espécies entre elas esta o Apis Mellifera que é a espécie mais utilizada para a produção de mel no mundo todo. Apesar de nossas abelhas indígenas não possuir ferrão, elas não são largamente utilizada para a produção de mel, porque sua produção e baixa em relação as abelhas sociais do grupo das africanizadas;
  • Apis Mellifera Adansonii - Habitam da África do sul até o sul do Saara. São abelhas muito agressivas, polinizadoras e enxameadoras. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1956;
  • Apis Mellifera Lamarckii - São encontradas no vale do rio Nilo, também conhecidas como "Abelhas egípcias". São muito bravas, de baixa produtividade e não se adaptam muito bem as diversas praticas apícolas;
  • Apis Mellifera Ligustica - chamadas de "Abelhas Italianas", são encontradas na Itália e no litoral norte da Iugoslávia. São muito mansas, ficam calmas nos favos quando se faz o manuseio, são pouco enxameadoras. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1879/1880;
  • Apis Mellifera Mellifera - Chamadas também de "Abelhas do Reino", são encontradas por quase todo a Europa. São muito mansas, mas ficam muito agitadas durante o manuseio.

As nativas Melipoeníneas 





As abelhas indígenas sem ferrão estão aqui muito antes das esquadras de Cabral aportarem em nosso litoral há quase cinco séculos. Como hábeis polinizadoras da flora nativa, voam por ai de flor em flor, produzindo seu mel de ótima qualidade. Pena que nem podemos chama-lo de mel. Pois absurdo que seja, a legislação vigente se baseia nos padrões físico-químicos do mel produzido por abelhas estrangeiras (Apis mellifera) - esse que encontramos nas prateleiras de qualquer supermercado. Para ser "considerado" mel, o produto das abelhas indígenas deveria ter umidade máxima de 20% - mas chega a 35% - e, no mínimo, 65% de açúcares redutores (tem 50%). Por isso o "mel" de Jataís, mandaçais, canudos, borás, continua desconhecido, diria até clandestino. Caso fosse uma questão de saúde, a produção do precioso mel nativo deveria ser incentivado, sendo este com maior poder antibiótico. Sendo ácido, fluído e floral, exótico como tudo nesta bela terra. Infelizmente a lei que regulamenta a produção de alimentos de origem animal, data de 29 de março de 1952, assinada por o então presidente Getúlio Vargas, e é a que ainda continua em vigor.



Os Meliponíneos se dividem em duas grandes tribos  - Meliponini e Trigonini.

A tribo trigonini é caracterizada pela presença de célula real. Geralmente apresenta um canudo de ingresso feito de cera, algumas delas são muito agressivas como a oxiotrigona tataíra (caga-fogo) que ao ser manejada solta uma substância ácida queimando a pele. As scaptotrigonas são conhecidas pela sua alta agressividade, tubuna, tubiba, depilis, canudo, mandaguari possuindo também abelhas necrófagas que produzem sub-produtos de carne podre.

Os Meliponíni, são caracterizados por não apresentarem célula real, até 25% das crias de um favo poderão nascer rainhas virgens, tem sua entrada definida geralmente pela presença de raias convergentes de barro, algumas espécies destas abelhas podem produzir aproximadamente 8 litros de mel, outras podem ser maiores que as ápis melliferas.

Há uma interessante interação entre as abelhas indigena

Um dado curioso sobre as abelhas nativas é a chamada sindrome de polinização por vibração, as abelhas nativas possuem essa habilidade da qual dependem muitas espécies da Flora nativas, quando o gênero exótico Apis não possui. A polinização por estas abelhas tem destaque em ecossistemas naturais e agrícolas, sendo capazes de polinizar 30% a 90% da polinização da flora nativa. Além de produzir mel e alguns produtos medicinais, auxiliar no reflorestamento e identificação das espécies vegetais (Kerr 1997).

Apesar de não ferroarem, por ter o ferrão atrofiado, podem machucar pela força mandibular. Não existe nada mais ecológico do que criar abelhas silvestres, praticamente todas as culturas são dependentes de sua polinização. Algumas abelhas são subterrâneas e estão comprometidas pela mecanização das lavouras e uso crescente de agrotóxicos. O desmatamento crescente, o aumento da poluição e extrativismo de colmeias, por meleiros, tem acabado significativamente com populações, fica o apelo pela preservação.

Desde o ano 1990, apicultores e Meliponicultores do mundo todo tem observado o desaparecimento misterioso e repentino das abelhas, junto com declínio das colonias. As causas apontadas são os inseticidas, produtos químicos utilizados para matar insetos amplamente utilizados principalmente nas áreas em torno das lavouras. Só para termos idéias das importância um terço de todos os nossos alimentos dependem da polinização das abelhas (http://sos-bees.org/)




Fontes:

http://sos-bees.org/
http://www.webbee.org.br/beetaxon/
http://meliponas.blogspot.com.br/

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Epiphyllum phyllanthus‏ - Cacto orquídea


Originalmente descrita para a ciência em 1826 pelo botânico Adrian Hardy Haworth (1768-1833), de acordo com todos os artigos científicos publicados disponíveis,Epiphyllum phyllanthus é uma espécie de cactos da floresta tropical. Ocorre em Matas ciliares de rios de todo o Brasil. É uma herbácea epífita (que se alimenta da umidade do ar), com folhas ramificadas, longas ou Fitocládios, onde os espinhos só aparecem nos caules velhos. As flores se abrem a noite, tem forma de um tubo longo de até 15 cm com coloração amarelo-creme.



Epiphyllum subespécies Phyllanthus phyllanthus (L.) Haw.
Sinônimos: 
Cactus phyllanthus, Phyllocactus phyllanthus, Rhipsalis phyllanthus, Cereus phyllanthus, Epiphyllum gaillardae, Phyllocactus gaillardae, Rhipsalis macrocarpa, Hariota macrocarpa

Nomes comuns: Night Blooming Tropical Cacto, Cacto de orquídea, 
Rainha da Noite.


Definição de uma floresta tropical:
"Em primeiro lugar, como o nome indica, as florestas tropicais são encontradas em regiões tropicais situadas entre o Trópico de Capricórnio eo Trópico de Câncer, entre as latitudes de 23,5 ° N e 23,5 ° S. Em segundo lugar, uma floresta tropical é chuvoso e úmido, recebendo . pelo menos 100 milímetros de chuva por ano Outros tipos de florestas tropicais experimentar uma ou duas estações secas distintos Assim, uma definição simples para floresta tropical é:. uma floresta nos trópicos que recebe chuva durante todo o ano.
Dentro desta definição, no entanto, existe uma variação considerável. A localização do floresta tropical do mundo, as espécies que ele contém, a quantidade de chuva que recebe, condições do solo, altitude e faixas de temperatura associados são algumas das coisas que influenciam o aparecimento de uma floresta tropical. Uma das características definidoras de uma floresta tropical é a enorme diversidade de vida que existe dentro da floresta. Na verdade, a maioria das plantas e animais do mundo vivem em florestas tropicais ".

Epiphyllum phyllanthus vegetando sobre a rocha ao lado de uma orquídea Epidendrum ciliare

Dentro do gênero Epiphyllum pode-se encontrar um grupo incomum de epífitas (arborícola) cactos que vão desde o sul do México através da América Central e em quase toda a América do Sul tropical. As espécies de Epiphyllum são cactos, embora muitas vezes não se apresentam com as mesmas características espinhosos como os cactos visto crescer no deserto. Várias espécies vegetam sobre rochas, como a da foto abaixo.

Espécime vegetando sobre as rochas em Pacatuba-CE
Embora seja possível encontrar mais de 80 espécies nomeados listados em uma variedade de fontes científicas, a pesquisa atual agora compacta todos esses nomes em 16 espécies verdadeiras Epiphyllum. Todo o resto são agora considerados simplesmente sinônimos dessas espécies de base, ou basiônimo. Um sinônimo é um nome concedido por um botânico que mais tarde se revela ter sido uma espécie previamente identificados. O primeiro nome concedido e publicado sempre continua a ser o verdadeiro nome da espécie. Variação não é incomum em espécies de plantas tropicais e como resultado muitos nomes científicos publicados são comumente encontrados para ser simplesmente uma variação de outro espécies conhecidas. Botânica é uma ciência cada vez maior e, como resultado alterações são encontradas todo o tempo. Os botânicos não ficam mudando o nome de uma espécie, a menos que um erro técnico seja posteriormente observado quanto ao gênero. E uma das mudanças mais freqüentes é quando um botânico qualificado descobre que um nome comumente aceito referente a uma espécie não é mais válido desde que as espécies anteriormente já tenha sido nomeado e publicado. Isso acontece devido a um fenômeno conhecido por botânicos como "variabilidade". Dentro de várias espécies de plantas espécimes individuais são capazes de produzir formas ligeiramente diferentes de crescimento, tais como diferentes formas de folha. Às vezes, essa variação é tão distinta que as duas plantas têm pouca, ou nenhuma semelhança. Comparado com o rosto dos rostos de seres humanos. Somos todos uma espécie, mas todos nós temos uma face diferente. Mas, ainda assim, essas plantas diferentes que procuram são da mesma espécie e, por vezes, apenas o exame dos órgãos sexuais da planta dentro da flor ou inflorescência pode verificar que eles são uma a mesma espécie. Como resultado, os nomes mais recentes tornaram sinônimos do mais antigo nome estabelecido que é provado ser a espécie de base verdadeiros ou basiônimo. Você vai encontrar um link na parte inferior desta página para o site do Epiphyllum ecologista Joseph W. Dougherty, juntamente com um link para o Cactus e suculentas Society of American, ambos apresentam informações mais detalhadas sobre este gênero. 

Para uma visão mais detalhada sobre as espécies Epiphyllum visitar o site do Joseph W. Dougherty: http://www.ecology.org/ecophoto/articles/Epiphyllum.htm
e

O Cactus e suculentas Society of America 
http://www.cssainc.org/index.php? option = com_content & task = view & id = 213 & Itemid = 212



quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Pólen – Essencial para vida

Grãos de pólen
Com a chegada da primavera, muitos insetos se ocupam e o pólen se espalha pelo ar. Para que sofre de alergias, o pólen mais parece uma maldição do que uma benção. Porém antes de ser um incomodo da natureza, o pólen desempenha um papel especial e surpreendente.
O que é o polén? – A palavra pólen vem do grego “pales” = “farinha ou pó”, Consiste em minúsculos grãos produzidos pelas flores das angiospermas, nos órgãos masculinos. Simplificando, as plantas produzem pólen a fim de se reproduzirem. Por exemplo, nos seres humanos o óvulo precisa ser fertilizado pelo espermatozoide para gerar uma criança. De forma similar, o órgão feminino de uma flor (pistilo) precisa do pólen de um órgão masculino (estame) para ser fertilizado e produzir o fruto. (The World Book Encyclopedia). O estudo do pólen é a Palinologia.
Embora dificilmente visto a olho nu, ao observá-los ao microscópio, pode-se notar que o pólen de cada espécie de planta tem tamanho e formato próprios.  O menor grão de pólen conhecido é do Mysotis (é um gênero de plantas pertencente à família Boraginaceae. Suas flores são habitualmente conhecidas como não-me-esqueças), com cerca de 0.006mm de diâmetro.  E visto que o pólen não se decompõe facilmente, os cientistas muitas vezes estudam a “marca” exclusiva dos grãos de pólen que encontram em escavações. Assim, eles podem identificar plantas que as pessoas cultivavam séculos atrás. Outra particularidade importante é que as características de cada tipo de pólen permitem que as flores reconheçam o pólen de sua própria espécie.
O caminho do Pólen – muitas plantas dependem do ar para transportar o pólen que é liberado dos amentilhos ou estróbilos ao serem sacudidos pelo vento. A água também serve para transportar o pólen de algumas plantas aquáticas. Visto que a polinização pelo vento é um método de tentativa e erro, arvores e plantas que dependem dela produzem enormes quantidades de pólen.  Para as pessoas que sofrem da Febre do feno, essa proliferação causa um grande desconforto.


Embora o vento ajude a polinizar muitos tipos de arvores e gramíneas, plantas floríferas que não existem em grande quantidade perto de outras da mesma espécie precisam de um método mais eficiente.  Como então essas plantas fazem seu pólen chegue à outra da mesma espécie que vivem a quilômetros de distancia? Agentes polinizadores: Morcegos, pássaros e insetos.  Nesse caso chama-se polinização por fatores bióticos, ou seja, por auxilio de seres vivos.  Uma série de mecanismos foram desenvolvidos pelas plantas com o intuito de atrair os agentes polinizadores, as flores oferecem néctar a esses polinizadores, e ao aproximar-se para sugar a deliciosa recompensa, ele fica coberto de pólen e carrega-o quando parte para outra flor em buscar de mais néctar. A maior parte da polinização é feita por insetos, especialmente em países de clima temperado. A professora May Berenbaum explica: “É provável que a contribuição mais importante dos insetos à saúde e ao bem-estar dos seres humanos seja aquela pela qual eles recebem pouco crédito: a polinização.” Árvores frutíferas geralmente possuem flores que dependem da polinização cruzada para produzir uma boa safra. Assim, pode-se ver como o transporte do pólen é importante para o nosso bem-estar.


As flores podem oferecer a eles um lugar de descanso agradável à luz do sol. Elas também anunciam seus “produtos” por meio de sua aparência atraente e deliciosa fragrância. Muitas flores também sinalizam o caminho por meio de manchas ou listras coloridas. Dessa forma, os visitantes são informados sobre onde podem encontrar o néctar. Os atrativos variam muito de uma flor para outra. Algumas exalam um cheiro de matéria em decomposição para atrair moscas. Outras recorrem a truques a fim de garantir uma boa polinização. Por exemplo, as orquídeas abelhas-flores se parecem com abelhas e isso engana abelhas “apaixonadas”, fazendo com que estas as visitem. Algumas flores capturam insetos e só os liberam após eles terem realizado sua tarefa de polinização. O botânico Malcolm Wilkins escreve: “Em nenhuma outra parte do reino vegetal a engenharia botânica é mais delicada, mais precisa ou mais engenhosa do que na questão vital de assegurar que as flores sejam polinizadas.”

A fertilização pode ocorrer tanto por meio da polinização cruzada (pólen recebido de outra planta) como da autopolinização (pólen recebido da mesma planta). Contudo, a polinização cruzada garante variedade e, assim, plantas mais saudáveis e resistentes. Por exemplo, uma bétula comum possui milhares de amentilhos, mas cada um deles pode liberar mais de cinco milhões de grãos de pólen. Para produzir um quilo de mel, as abelhas precisam fazer cerca de dez milhões de viagens a diversas flores.

Os polinizadores

  • MOSCAS E BESOUROS
  Esses são alguns dos heróis não aclamados da polinização. Se você gosta de chocolate, poderá agradecer a uma pequena mosca que faz o trabalho fundamental de polinização das flores do cacaueiro.
  • MORCEGOS E GAMBÁS
  Muitas das árvores mais majestosas, como a sumaúma e o baobá, dependem dos morcegos para a polinização. Alguns morcegos frugívoros não apenas sugam o néctar, mas também comem as frutas e espalham suas sementes, fazendo assim um serviço duplo. Na Austrália, pequenos marsupiais, conhecidos como gambás, visitam flores para se banquetear de néctar. Durante suas visitas, seu corpo peludo transporta pólen de uma flor para outra.
  • BORBOLETAS E MARIPOSAS
    Orquídea Phalaenopsis, conhecida como orquíde maripousa
  Esses atraentes insetos dependem muito do néctar para alimento, colhendo o pólen à medida que voam de uma flor para outra. Algumas belas orquídeas dependem exclusivamente de mariposas para uma boa polinização.

  • PÁSSAROS-SOL E BEIJA-FLORES
  Esses pássaros coloridos estão sempre voando rápido de flor em flor, sugando o néctar. O pólen fica depositado nas penas da testa e do peito desses pássaros.

  • ABELHAS E VESPAS
  O pólen gruda no corpo peludo das abelhas com a mesma facilidade que a poeira gruda em óculos. Isso faz delas polinizadoras ideais. Um só abelhão pode carregar até 15 mil grãos de pólen. Graças aos abelhões que foram levados da Inglaterra para a Nova Zelândia no século 19, os campos de trevos neozelandeses hoje florescem, servindo de forragem para o gado.

Abelha solvendo o néctar

  A abelha melífera é a polinizadora mais importante do mundo. Ela geralmente se concentra em apenas um tipo de flor que cresça em grande quantidade perto de sua colmeia. O entomologista Christopher O’Toole calcula que “até 30% de toda a alimentação humana depende direta ou indiretamente da polinização feita pelas abelhas”. As abelhas são necessárias para polinizar plantações tais como as de amêndoa, maçã, ameixa, cereja e kiwi. Os fazendeiros pagam aos apicultores pelo serviço de polinização realizado pelas colmeias.





Curiosidade

        Charles Darwin era um também um apaixonado pelas orquídeas. Estudando determinadas espécies em sua estufa, percebeu que suas formas são engenhos elaborados para atrair insetos para que sejam polinizadas e perpetuem sua espécie. Certa vez, recebeu de um amigo uma orquídea natural de Madagascar que atraiu-lhe a atenção, a Angraecum sesquipedale, a qual possui um receptáculo de nectar que mede 28 cm.
Xanthopan morgani sugando o néctar numa Angraecum sesquipedale

O grande naturalista previu que em algum ponto de Madagascar deveria ter um inseto capaz de extrair o nectar dessa orquidea, no caso, uma mariposa que tivesse uma probóscide de comprimento de 28 cm. Por esta afirmação, chegou a ser ridicularizado por vários pesquisadores.
Muito tempo depois da morte de Darwin (quarenta anos depois, segundo a Wiki es), dois entomólogos filmaram a mariposa-esfinge (Xanthopan morgani praedicta, sendo praedicta do latim prevista), esvoaçando acima da flor, desenrolando sua língua de 28 cm e introduzindo-a no canal de nectar da Angraecum sesquipedale, sendo que enquanto sorvia o néctar, a mariposa inseria sua face na flor, e ao fazer isso, sua testa roçava os grãos de pólen. Ao terminar, a mariposa enrolava sua língua, e voava com a testa carregada de pólen para outra orquídea, atrás de outra dose de néctar, fertilizando deste modo outra flor.
Parceiras como esta orquídea e a mariposa evoluíram gradualmente para uma intimidade cada vez maior e continuam a evoluir ainda hoje. Os pesquisadores atualmente chamam coevolução este modo de evolução em que uma espécie impulsiona o desenvolvimento de outra espécie, sendo responsável por grande parte da diversidade da vida, abrangendo milhões de novas espécies.


A natureza está repleta de parcerias íntimas e benéficas entre flores e polinizadores. Eu aponto sempre o caso que redescobri, ainda adolescente, logicamente não tão fantástico, da coevolução da mamangava e da flor do maracuja, em que os órgãos sexuais da flor coincidem na posição para cobri de pólen as costas do inseto.



Se o Criador não tivesse feito as plantas atraentes para a polinização, milhões delas não se reproduziriam. Comentando o resultado dessa surpreendente atividade, Jesus disse: “Aprendei uma lição dos lírios do campo, como eles crescem; não labutam nem fiam; mas eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestia como um destes.” — Mateus 6:25, 28, 29.



Fontes:
Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania 

domingo, 20 de outubro de 2013

Fauna do Cocó: Iguana-Verde


Marcelo Carvalho com Iguana-verde nas trilhas do Parque Ecológico do Cocó, espécime foi fotografado e devolvido ao seu habitat.


Nativos das Américas, os Iguanas são répteis da família Iguanidaes. Algumas vezes confundidos com camaleões ( e vice-versa), embora as duas espécies pertençam a familias distintas: os camaleões são Chamaeleonidaes e o iguanas, iguanidaes.  A palavra Iguana tem origem no latim e significa: "lagarto".

Iguana-verde, muitas vezes confundido com o Camaleão, embora este último não ocorra naturalmente no Brasil, tendo sido introduzido na Amazônia, onde existem populações que se adaptaram com relativo sucesso.


As Iguanas estão distribuídas nos generos Amblyrhynchus, Brachylophus, Conolophus, Ctenosaura, Cyclura, Dipsosaurus, Iguana e Sauromalus,São mais de 35 espécies. No Brasil só ocorrem uma espécie: a iguana verde ( Iguana iguana), encontrada no norte, nordeste e pantanal. Ao nascerem, esses animais apresentam uma coloração verde, bastante intensa que gradualmente vai de modificando até a fase adulta quando passa apresentar uma coloração mais escura, geralmente rajados pretos ou cinzas. Nessa fase podem pesar até 10 quilos e 1.80m de cumprimento, sendo 2/3 desse valor referente à sua cauda. 


Iguana jovem, a cor verde intensa denuncia a idade do réptil


Na cabeça o réptil possui numerosas escamas. geralmente assimétricas e de tamanho pequeno. Da nuca até a cauda, há uma crista; e na garganta, um saco dilatável. A espécie apresenta atividade diurna, podem ser encontradas tanto na copa das árvores como no chão, geralmente perto de corpos d'água ( são amimais que nadam com grande facilidade), os jovens alimentam-se de  principalmente de insetos e os adultos são herbívoros generalistas, apesar de serem vegetarianos, existem relatos de que estes animais também comem ovos, filhotes de aves, pequenos invertebrados e até carniça. Quando ameaçados costumam defender-se com a cauda, utilizando-a como chicote e desferir mordidas.



Iguana visto por mim nas trilhas do Parque Ecológico do Rio Cocó.

As iguanas se reproduzem uma vez por ano, geralmente nos meses de outubro a abril. A Iguana-verde começa a se reproduzir cedo a partir do segundo ou terceiro ano de vida, quando atinge sua maturidade sexual. Os animais adultos podem ser facilmente diferenciados quanto ao sexo. A - Os machos apresentam a crista-dorsal  e prega-gular muito desenvolvidas. Além de mandíbula forte e robusta. B - As fêmeas, por sua vez, apresentam coloração mais pálida, com crista-dorsal curta, mandíbula  e prega-gular pouco desenvolvidas. 


Os machos costumam defender territórios no início do período reprodutivo (de outubro a dezembro), época na qual realizam várias apresentações para as fêmeas (movimentos com a cabeça e tronco, além de exibição da prega-gular). Durante esse período os machos se alimentam muito pouco, dedicando o tempo quase que  exclusivamente para a defesa de território. Após o cortejo as fêmeas escolhem os machos que se mostraram mais atrativos para reprodução. Ao final do período de cópula (entre os meses de dezembro e janeiro), os machos param de defender seus territórios e aumentam o tempo gasto na busca por alimentos, a fim de recuperarem as reservas de energia gastas durante o período de acasalamento. Aproximadamente 10 semanas depois da cópula, as fêmeas constroem um ninho subterrâneo e põem seus ovos (que podem variar em um número de 14 a 68 por fêmea). Geralmente cada fêmea constrói seu ninho, mas a postura de ovos feita por mais de uma fêmea num mesmo ninho é frequentemente observada em áreas onde locais adequados para realização da postura são escassos. O período de postura geralmente ocorre entre os meses de janeiro e abril e o nascimento das iguanas jovens ocorre entre os meses de abril e junho.



Importância socioeconômica

Em alguns países, como a Venezuela, Panamá, Nicarágua e a Guatemala as iguanas têm um papel importante no desenvolvimento socioeconômico das comunidades rurais, no aproveitamento do couro, carne e ovos. No Brasil, a iguana-verde e seus ovos são uma eventual fonte de alimento em algumas comunidades rurais. Na Colômbia e em alguns países da América Central, as altas taxas de consumo da sua carne e ovos como alimento são ameaças às populações da iguana-verde. Na Costa Rica e Panamá, a espécie está em vias de extinção.
É importante destacar que a iguana-verde é hoje uma das espécies mais vendidas no mercado internacional de animais de estimação. Devido a isso, uma das maiores ameaças à espécie é a captura ilegal de populações silvestres para o abastecimento do tráfico de animais. É agravante ainda, o fato de praticamente não existirem estudos da biologia, requisitos de habitats e do potencial de utilização da Iguana iguana no Brasil. Atualmente existem populações bem estabelecidas da iguana-verde em Porto Rico e nos Estados Unidos, onde apresentam-se como uma espécie exótica invasora que causa muitos danos aos ecossistemas locais.





Referências Bibliográficas
ÁVILA-PIRES, T. C. S. Lizards of Brazilian Amazonian (Reptilia: Squamata). Zoologische Verhandelingen, Leiden: Nationaal Natuurhistorisch Museum, 1995. n. 299, p.1-706.
BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 1-6.
CAMPOS, Z. M. S. Biologia reprodutiva de Iguana no rio Paraguai, Pantanal, Brasil. Corumbá: Embrapa – Comunicado Técnico nº 30, ISSN 1517-4875, 2003. 3 p.
DISTEL, H.; VEAZEY, J. The behavioral inventory of the green iguana, Iguana iguanaIn: BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 252-270.
DIVERS, S. J. The green iguana (Iguana iguana): A guide to successful captive management. London: British Herpetological Society Bulletin, v. 51, 1995. p. 6-26.
DUGAN, B., 1982. The mating behavior of the green iguana, Iguana iguanaIn: BURGHARDT, G. M.; RAND, A. S. Iguanas of the World: Their behavior, ecology and conservation. New Jersey: Noyes Publications, Park Ridge, 1982. p. 320-341.
FAO/PNUMA. La iguana verde (Iguana iguana); Potencialidades para su manejo. Santiago: Proyecto FAO/PNUMA – Documento técnico nº 12, 1993. 168 p.
PARQUE NACIONAL CERRO HOYA (PNCH); GRUPO APRENDER CON LA NATURALEZA (GANa). Iguanas. InTesoros del Parque Nacional Cerro Hoya, nº 3. Panamá, 2002. p. 4.
RIVERO, J. A., 1998. Los anfibios y reptiles de Puerto Rico = The amphibians and reptiles of Puerto Rico. San Juan: La Editorial, Universidad de Puerto Rico, 2ª ed. revisada, 1998. p. 124-125.

sábado, 19 de outubro de 2013

Fauna do Cocó: Sagui-de-tufos-brancos, o famoso "Sonhim".

Qualquer um que já tenha caminhado pelas trilhas do Parque Ecológico do Rio Cocó em Fortaleza - Ceará, já foi recepcionado por um Sagui-de-tufos-brancos ou como é conhecido aqui no Nordeste: "Sonhim". Essa curiosa espécie de macaco que tem  sua origem o Nordeste brasileiro, mas que atualmente é encontrado no sudeste e demais áreas, além de criadouros em diversos países, faz parte da rica fauna do estuário do Rio Cocó, habitando na mata ciliar do rio, praticamente da nascente a foz. 
Sagui-de-tufos-brancos

Os saguis que ocorrem na Mata Atlântica já foram considerados todos como subespécie do Callithrix jacchus. Atualmente, todos esse táxons são consideradas como espécies separadas, com o Callithix Jacchus se referindo apenas as populações que ocorrem no nordeste brasileiro e Caatinga. É o Sagui mais conhecido e comum. São animais de pequeno porte com peso entre 350 e 450 gramas, pelagem estriada nas orelhas e macha branca na testa. 


Sagui-de-tufos-brancos em meio a vegetação típica de Mangue no Parque do Rio Cocó, em Fortaleza - Ceará

Essa espécie vive em grupos de três a 15 animais, formados por indivíduos reprodutores e não reprodutores. Possui uma área de vida de pequenas, como mostrado em populações estudadas no Rio Grande do Norte: de 0,5 ha a 35,5 ha. Isso se deve provavelmente por possuir uma dieta rica em goma, que permite que os animais explorem outros tipos de alimentos, além de frutos, em meses de escassez.

Habita florestas arbustivas da Caatinga e a Mata Atlântica, do nordeste brasileiro e Tocantins.


Alimentam-se de insetos, pequenos vertebrados, ovos de pássaros, frutos e são também gumívoros  (alimentam-se da goma exsudada de troncos que roem com seus incisivos inferiores, de árvores gumíferas). Esta goma serve de fonte de carboidratos, cálcio e algumas proteínas. Dispende cerca de 25 a 30% de seu tempo ativo, procurando por alimentos. 



sábado, 12 de outubro de 2013

O Caminho das Helicônias




Quem já foi a trilha principal da Serra de Aratanha sabe que a subida não é fácil. Mas todos os que aceitam o desafio são brindados na chegada com um belo açude de águas deliciosamente frias e revigorantes. Logo após recuperar o folego tão exigido na subida, é indispensável uma visita a Pedra do Perigo, local de extrema beleza e visual paranômico incrível. A vista é espetacular mais o caminho até lá releva-nos algumas surpresas.

Açude Boaçu - Serra de Aratanha, Ceará.



A floresta, nossa anfitriã, nos envolve com seus aromas selvagens destas terras quase intactas. A vida fervilha desde o subsolo até o alto das árvores encobertos por bromélias, orquídeas e outras tantas espécies epífitas. Ao percorrer o caminho que nos leva a Pedra do Perigo a trilha nos seduz com sua Poesia viva das pedras encobertas de musgos, do riacho que faz parte da nascente do perseverante Rio Cocó, ressoando desde seu esconderijo entre as ramagens sombrias, uma melodia cheia de nostalgia como um autentico pífaro nordestino. Tudo se confunde como numa quadro impressionista com o exotismo de tantas cores e e sensações. Nesta paisagem singular, nesta selva secreta repleta de folhas de espectros variados há uma que rouba a cena. Os tons de vermelho e amarelo quebram monotonia de cores nesse mar de verde, sua vestimenta vibrante são como gemas preciosas, como cristais vegetais que nos hipnotizam por minutos, a interseção penetrante de suas flores causa esse efeito. Trata-se de Heliconia psittacorum, conhecida como Tracoá, caetezinho. Planta nativa do Brasil e comum na Serra de Pacatuba, essa planta que é muito utilizada para ornamentação, é a protagonista na trilha leva a Pedra do Perigo.

Heliconia Psittacorum 

Descrição: Erva canóide, 1-3 m de altura. Lâmina foliar: 37-60 x 6-10 cm, raramente com cera na face inferior. Pecíolo: 11-32 cm de comprimento. Raque: verde ou verde-amarelado. Inflorescência: ereta, com 5 a 7 brácteas. Brácteas dísticas, as basais voltadas para cima, com 8-18 cm de comprimento, de rosa pálido a acinzentadas  ou avermelhadas, cobertas ou não com cera branca. Bráctea: basal com vestígio de lâmina foliar saindo no ápice. Flores:Sépalas laranja com preto esverdeado no ápice.







Pedra do Perigo
A Quem não conhece o Caminho das Heliconias não conhece este planeta, daquelas terras antigas, por entre bosques secretos, daquele silencio sagrado pode-se avista todo um mundo.