Parque Ecológico do Rio Cocó, berçário de inúmeras espécies marinhas e pouso de pássaros migratórios e Fauna silvestre. |
Com quase trinta anos de luta o Cocó é sem dúvidas baluarte de luta pela
preservação ambiental na cidade de Fortaleza, e vem a longo dos anos
resistindo a poluição e a especulação imobiliária, hoje seu maior inimigo.
Cocó tem como seu maior inimigo a especulação imobiliária em seu entorno. |
Diversas entidades civis lutam pela legalização do Parque como (UC)
Unidade de conservação, medida para preservar a área prevista em estudo pelo
Conpam em 2008 que compreende 1.312 hectares de Fauna, Flora e recursos
hídricos, hoje tão em pauta no país de vido as secas. Incluindo as dunas
milenares que segundo o SALVE DUNAS DO COCÓ, a idade das dunas que
pensou-se em 1.400 anos, são na verdade de 2.200 anos para as dunas do Cocó e
1.800 para as dunas da Sabiaguaba, segundo estudo feito pela USP na datação
utilizando método de Termoluminescência. Patrimônio ambiental de valor
incalculável que poderá perder uma de suas áreas mais importantes na construção
da Ponte estaiada, obra ainda do governo do ex-governador Cid Gomes.
Choró-boi ou Choró-grande (Tabara major) um dos representantes da rica e complexa Fauna do Cocó. |
Perda significativa da cobertura vegetal em Fortaleza, avaliada em 2002
pela (PMF), quando do inventário Ambiental, mostrou que de 1968 a 2002, cerca
de 70% da cobertura natural foi perdida. O que impacta direto na qualidade de
vida da população. A Organização Mundial da Saúde, sugere 12m² de área verde
por habitante, enquanto Fortaleza hoje tem menos de 3m². Muitas cidades
brasileiras já atingiram esse patamar indicado pela (OMS), enquanto Fortaleza
continua regredindo. Tais intervenções nas áreas verdes têm consequências
diretas no clima da cidade e formação de ilhas de calor sendo detectadas em
alguns bairros (MOURA,2008). A temperatura também vem aumentando nos últimos
anos, em algumas áreas valores estáveis de aumento da ordem de 4 graus
centígrados (MOURA, 2008). Para termos uma comparação, as modelizações do
Painel Intergovernamental de mudanças climáticas - IPPC, da ONU, que vem
realizando prognósticos e criando cenários futuros em termos de aquecimento
global, indica um aumento da ordem de 1 grau centígrado nos próximos decênios,
o que já implicaria em desastres ambientais. Fortaleza já apresenta valores
três vezes maiores do o apontando para a média global pelo IPPC. É comum
acompanhar pelos noticiários ou pelas redes sociais o corte de árvore na cidade
ou intervenções feitas dentro da área do Parque.
Acampamento de ocupação do Cocó contra a construção dos viadutos nas avenidas Eng. Santana Jr. e Antonio Sales. |
Diante da escassez que o país vive especialmente a região nordeste, e o
aumento considerável da temperatura a cada ano, a qual todo fortalezense
conhece de perto, o Parque do Cocó passa ter uma relevância ainda maior.
Este ano no dia 29 de janeiro ocorreu a instalação do Fórum permanente
pela implantação do Parque do Cocó, na Procuradoria da República no Ceará. Essa
iniciativa histórica vem num momento delicado para o Cocó, reunindo atores
implicados na criação da reserva legal. Tendo com fundo a proposta do
governador de transformar o Parque em um mosaico de diferentes UCs, condição
que permitiria construções dentro da área. Entretanto como frisou o professor
de Geografia da Universidade Federal do Ceará, Jeovah Meireles, uma APA (área
de preservação ambiental) dentro de uma APP (Área de preservação permanente) é
incompatível, pois segundo o Código Florestal todo o Cocó já figura como (APP).
Abelha do gênero Xylocopa |
Até hoje várias gestões estaduais passaram sem legalizar o parque de
fato. Apesar de a área sofrer com forte pressão da especulação imobiliária, o
valor desta área vai muito além como já explanado até agora. O Cocó desde sua
nascente em Pacatuba até sua foz é patrimônio do povo cearense, em todos os
municípios que drenam suas águas. Precisamos preserva-lo pensando no futuro,
como fonte hídrica e de vida.
Parque Ecológico do Rio Cocó - Lugar mais lindo de Fortaleza, Ceará. |
Fontes:
MOURA, M. O. O clima urbano de Fortaleza sob o nível do campo térmico. 2008. Dissertação (Mestrado
em Geografia) – Departamento de Geografia, UFC.
2008.
PINHEIRO, M. V. Evolução geohistórica das dunas de Fortaleza. 2009. 210p. Dissertação (Mestrado, em
Geografia) – Departamento de Geografia da UFC, 2009.
PMF. Prefeitura Municipal de Fortaleza. Inventário Ambiental de Fortaleza. 2002.
CLAUDINO-SALES, VANDA. Paisagem dunar em área urbana consolidada: natureza, Ciência, e Política no espaço urbano de Fortaleza, Brasil. Departamento de Geogranfia da UFC, 2010.
< Jornal O Povo > acesso em : 13 de fevereiro de 2015.
(http://salvemasdunasdococo.blogspot.com.br/). Acesso em : 13 de fevereiro de 2015.
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