quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Plantas Nativas - Dyssochroma viridiflorum

Dentre as muitas expedições pelo Movimento Pró-Árvore ("Idas ao Mato"), Guaramiranga pela riqueza de sua Biodiversidade sempre nos presenteia com alguma preciosidade. Guaramiranga é um município brasileiro do estado do Ceará. Está localizado na região serrana do estado, microrregião de Baturité e mesorregião do Norte Cearense, a 110 km da capital do estado, Fortaleza. Segundo estimativa de 2014 do IBGE, o município tinha cerca de 3 812 habitantes e 59,436 km² de área. Sua sede se localiza a 865 metros de altitude. A cidade está situada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Maciço de Baturité. É o menor município do Ceará.
Serra de Guaramiranga


O topônimo Guaramiranga vem do Tupi guará (vermelho) e miranga ou piranga (garça), significando Pássaro Vermelho. Sua denominação original era Conceição, porém, desde 1890, possui o nome Guaramiranga. As terras da atual Guaramiranga eram habitadas por várias etnias. A principal delas era a Kanyndé. Com a criação da Missão da Palma, durante o século XVIII, para a evangelização dos silvícolas, e a expansão da pecuária e as plantações de café no século XIX, consolidou-se o centro urbano que hoje se chama Guaramiranga. A região possui uma vegetação diversificada, variando desde a caatinga arbustiva densa, floresta subcaducifólia tropical, floresta úmida semi-perenifólia, floresta úmida semi-caducifólia, floresta caducifólia à mata ciliar. Durante o mês de fevereiro fizemos uma trilha a Cachoeira do Poço da Veada, para registro e levantamento florístico do percusso. E entra as muitas espécies registradas se encontra uma muito especial: Dissochroma viridiflorum, espécie identificada pelo Antonio Sergio, agrônomo e botânico taxonomista, também ligado ao Movimento Pró-Árvore.


Dissochroma viridiflorum 


Flor da Dyssochroma viridiflorum  (Sims) Miers,
encontra-se fechada pois tem antese noturna,   visto que é polinizada por morcegos.

Dyssochroma viridiflorum é uma planta da família das Solanaceas Hunziker, 1979 ; Knapp et al ., 1997 ), endêmica da Mata Atlântica, ocorrendo em oito estados brasileiros, incluindo o Ceará no nordeste do Brasil. Tanto suas flores são polinizadas por morcegos como seus frutos também são dispersos por estes mamíferos alados. Poucas plantas neotropicais parecem depender do mesmo tipo de animal para polinizador como para dispersor de sementes, e os casos conhecidos referem-se principalmente a aves como os agentes nessas duas fases do ciclo reprodutivo da planta. Por exemplo, sabe-se que algumas espécies de Bromeliaceae e Costaceae são polinizadas por Beija-flores, e dispersas por aves passeriformes e pequenos mamíferos. ( Fischer e Araujo, 1995 ; Buzato et al ., 2000 ;.. I. Sazima, pers obs). Como a distribuição de flores e frutas de morcegos entre ordens de angiospermas é notavelmente concordante ( Fleming, 1988 ), seria de se esperar que os mesmo seriam encontrados dentro das mesmas ordens, famílias, e em certos casos, até mesmo gêneros. Como algumas espécies de Cactaceaes da America do Sul e Central são polinizadas, e em certa medida, dispersos por morcegos Phyllostomidae. ( Petit, 1997 ; Martino et al ., 2002 ). Phyllostomidae é uma família de morcegos encontrada em regiões tropicais e subtropicais das Américas, que se caracteriza por possuir folha nasal. Este apêndice pode ser lanciforme ou ovalado. Os morcegos filostomídeos participam de todas as funções e serviços ecossistêmicos nas quais morcegos em geral estão envolvidos, desde a dispersão de sementes até a predação de insetos. ( Kunz TH, de Torrez EB, Bauer D, Lobova T, Fleming TH. 2011. )

Dyssochroma viridiflorum


A que avistamos em Guaramiranga, a caminho da Cachoeira do Poço da Veada, ocorria como hemiepífita ou saxícola em área próxima de riachos. Sobre a fenologia, pelo observado, parece que Dyssochroma viridiflorum floresce o ano todo, um padrão fenológico definido como contínuo (Newstrom et al . (1994 ).
Tal padrão fenológico é raro em espécies polinizadas por morcegos neotropicais, como registrados em vários estudos. Um dado sobre D. viridiflorum é que uma planta pode suportar brotos, flores abertas, frutas e frutos maduros em desenvolvimento, tudo ao mesmo tempo, proporcionando assim refeições noturnas para ambos os morcegos nectarívoros e frugívoros.  Um indivíduo pode produzir 1-10 flores por noite, uma característica que promove o modo de linha de estratégia de forrageamento e parece muito difundida entre as espécies polinizadas por morcegos ( Heithaus et al ., 1975 ; Sazima et al ., 1999 ). O mais importante é saber que para preservamos é essencial conhecermos. A natureza esta repleta de intrínsecas relações como essa.  


Fruto da Dyssochroma viridiflorum comido por morcegos frugívoros, dispersores de suas sementes.


Fontes:


Stehmann, J.R.; Mentz, L.A.; Agra, M.F.; Vignoli-Silva, M.; Giacomin, L.; Rodrigues, I.M.C. Solanaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB26120>. Acesso em: 19 Fev. 2015.

Sazima, M.; Buzato, S.; Sazima, I. Dyssochroma viridiflorum (Solanaceae): a Reproductive Bat-dependent Epiphyte from Atlantic Rainforest in Brasil. Annals of Botany 92: 725-730,2003.

 Kunz TH, de Torrez EB, Bauer D, Lobova T, Fleming TH. 2011. Ecosystem services provided by bats. Annals of the New York Academy of Sciences 1223(1):1-38.

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Guaramiranga> Acesso em: 19 Fev. 2015.




sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Quanto tempo mais o Cocó resistirá?

Parque Ecológico do Rio Cocó, berçário de inúmeras espécies marinhas e pouso de pássaros migratórios e Fauna silvestre.

Com quase trinta anos de luta o Cocó é sem dúvidas baluarte de luta pela preservação ambiental na cidade de Fortaleza, e vem a longo dos anos resistindo a poluição e a especulação imobiliária, hoje seu maior inimigo.

O primeiro ponto do rio Cocó a ser protegido e aparelhado foi criado em 29 de março de 1977, posteriormente em 11 de novembro de 1983, o decreto municipal número 5.574 deu o nome de Parque Adhail Barreto. Anos depois, já em 1989, o decreto estadual 20.253 cria o Parque Ecológico do Cocó, sendo expandido em  de junho de 1993, atualmente abrangendo uma área de 1,155,2 hectares.  

Cocó tem como seu maior inimigo a especulação imobiliária em seu entorno. 

Diversas entidades civis lutam pela legalização do Parque como (UC) Unidade de conservação, medida para preservar a área prevista em estudo pelo Conpam em 2008 que compreende 1.312 hectares de Fauna, Flora e recursos hídricos, hoje tão em pauta no país de vido as secas. Incluindo as dunas milenares que segundo o SALVE DUNAS DO COCÓ, a idade das dunas que pensou-se em 1.400 anos, são na verdade de 2.200 anos para as dunas do Cocó e 1.800 para as dunas da Sabiaguaba, segundo estudo feito pela USP na datação utilizando método de Termoluminescência. Patrimônio ambiental de valor incalculável que poderá perder uma de suas áreas mais importantes na construção da Ponte estaiada, obra ainda do governo do ex-governador Cid Gomes. 

Choró-boi ou Choró-grande (Tabara major) um dos representantes da rica e complexa Fauna do Cocó.

Perda significativa da cobertura vegetal em Fortaleza, avaliada em 2002 pela (PMF), quando do inventário Ambiental, mostrou que de 1968 a 2002, cerca de 70% da cobertura natural foi perdida. O que impacta direto na qualidade de vida da população. A Organização Mundial da Saúde, sugere 12m² de área verde por habitante, enquanto Fortaleza hoje tem menos de 3m². Muitas cidades brasileiras já atingiram esse patamar indicado pela (OMS), enquanto Fortaleza continua regredindo. Tais intervenções nas áreas verdes têm consequências diretas no clima da cidade e formação de ilhas de calor sendo detectadas em alguns bairros (MOURA,2008). A temperatura também vem aumentando nos últimos anos, em algumas áreas valores estáveis de aumento da ordem de 4 graus centígrados (MOURA, 2008). Para termos uma comparação, as modelizações do Painel Intergovernamental de mudanças climáticas - IPPC, da ONU, que vem realizando prognósticos e criando cenários futuros em termos de aquecimento global, indica um aumento da ordem de 1 grau centígrado nos próximos decênios, o que já implicaria em desastres ambientais. Fortaleza já apresenta valores três vezes maiores do o apontando para a média global pelo IPPC. É comum acompanhar pelos noticiários ou pelas redes sociais o corte de árvore na cidade ou intervenções feitas dentro da área do Parque.  

Acampamento de ocupação do Cocó contra a construção dos viadutos nas avenidas Eng. Santana Jr. e Antonio Sales.



Diante da escassez que o país vive especialmente a região nordeste, e o aumento considerável da temperatura a cada ano, a qual todo fortalezense conhece de perto, o Parque do Cocó passa ter uma relevância ainda maior.


Este ano no dia 29 de janeiro ocorreu a instalação do Fórum permanente pela implantação do Parque do Cocó, na Procuradoria da República no Ceará. Essa iniciativa histórica vem num momento delicado para o Cocó, reunindo atores implicados na criação da reserva legal. Tendo com fundo a proposta do governador de transformar o Parque em um mosaico de diferentes UCs, condição que permitiria construções dentro da área. Entretanto como frisou o professor de Geografia da Universidade Federal do Ceará, Jeovah Meireles, uma APA (área de preservação ambiental) dentro de uma APP (Área de preservação permanente) é incompatível, pois segundo o Código Florestal todo o Cocó já figura como (APP).


Abelha do gênero Xylocopa

Até hoje várias gestões estaduais passaram sem legalizar o parque de fato. Apesar de a área sofrer com forte pressão da especulação imobiliária, o valor desta área vai muito além como já explanado até agora. O Cocó desde sua nascente em Pacatuba até sua foz é patrimônio do povo cearense, em todos os municípios que drenam suas águas. Precisamos preserva-lo pensando no futuro, como fonte hídrica e de vida.

Parque Ecológico do Rio Cocó - Lugar mais lindo de Fortaleza, Ceará.


Fontes:

MOURA, M. O. O clima urbano de Fortaleza sob o nível do campo térmico. 2008. Dissertação (Mestrado
em Geografia) – Departamento de Geografia, UFC.
2008.

PINHEIRO, M. V. Evolução geohistórica das dunas de Fortaleza. 2009. 210p. Dissertação (Mestrado, em
Geografia) – Departamento de Geografia da UFC, 2009.

PMF. Prefeitura Municipal de Fortaleza. Inventário Ambiental de Fortaleza. 2002.

CLAUDINO-SALES, VANDA. Paisagem dunar em área urbana consolidada: natureza, Ciência, e Política no espaço urbano de Fortaleza, Brasil.  Departamento de Geogranfia da UFC, 2010.

Jornal O Povo > acesso em : 13 de fevereiro de 2015.

(http://salvemasdunasdococo.blogspot.com.br/). Acesso em : 13 de fevereiro de 2015.



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Nossas abelhas nativas– exímias polinizadoras - Matéria que saiu no jornal O Estado

Arapuá - Trigona spinipes polinizando uma Crotalaria retusa

Umas das doces lembranças que tenho de minha infância, nas idas à casa de minha vó em Pacajus, era o delicioso mel que ela sempre tinha guardado fruto das nossas abelhas indígenas, fluido, levemente ácido e floral. Mel de jandaíras e Canudos e outras tantas joias aladas especialistas em polinizar nossa flora nativa. A verdade é que as abelhas polinizadoras incansáveis estão desaparecendo, desde o começo dos anos 90 tem se observado o sumiço rápido e até então misterioso no mundo todo. Fato preocupante, dado a importância delas não só pelos produtos que nos fornecem, mas também pelo seu valioso trabalho como polinizadoras, tendo esses agentes um papel chave na manutenção da diversidade, pois são essenciais para a maior parte das plantas com flores, e assim para o próprio ecossistema, sustentando as populações de plantas que muitos outros animais utilizam como alimento e moradia. (Sheperd et al. 2003, Klein et al. 2007). Incluindo aí o próprio homem, estima-se que um terço da alimentação humana dependa direta ou indiretamente da polinização realizada por abelhas. Hoje se sabe que o desaparecimento das abelhas está ligado ao uso de agrotóxicos.
 Nossas abelhas nativas estão numa situação muito pior. Jataís, Uruçus, Tiúbas, Irapuás, Jandaíras, Canudos e outras sofrem com a predação do ambiente, coleta indiscriminada de colônias na natureza ou do mel sem manejo adequado e com o já citado o uso dos agrotóxicos. Outro ponto é lapso cultural muito influenciado pela introdução e criação das abelhas melíferas do gênero Apis, desde o século XVIII, que trouxe junto toda uma bagagem de manejo e criação estabelecida em torno do gênero 500 anos antes na Europa, sufocando de certo modo, o estudo, manejo e criação dos Meliponíneos.
As abelhas sem ferrão das quais estão incluídas nossas abelhas indígenas, são insetos sociais de ampla distribuição geográfica e diversidade.  O conhecimento sobre as abelhas sem ferrão é muito antigo quando comparado com as atividades envolvendo, na América, as abelhas Apis melífera (popularmente chamadas de europeias, italianas ou africanas). Os povos indígenas há séculos se relacionam com os meliponíneos (abelhas nativas), seja criando-os ou explorando-os de forma predatória. Essa herança cultural indígena esta presente até mesmo nos nomes populares das abelhas: Tataíras, Guarupu, Mombuca e tantas outras.  Engraçado que o alimento produzido por elas não pode nem ser chamado de mel. A legislação vigente se baseia em padrões físico-químicos do mel produzido por abelhas estrangeiras. Para ser considerado como mel, o produto das abelhas indígenas deveriam ter umidade máxima de 20% - mas chega a 35% - e pelo menos 65% de açúcares redutores (tem 50%). Culpa de um regulamento de 1952, da época de Getúlio Vargas. (Janaina Fidalgo).

Uma das habilidades especiais das abelhas nativas é a polinização por vibração do abdômen. Trata-se de um interessante e eficiente método de coleta de pólen pelas abelhas em flores com anteras tubulares. Nesse tipo de coleta de pólen, as abelhas usam sua musculatura do abdômen para vibrar as anteras e liberar o pólen.  Cada vez mais é necessário expandir o conhecimento sobre nossas abelhas indígenas e as interações das mesmas com as plantas nativas e agrícolas, esses estudos servirão como base para a conservação desses polinizadores e nos processos por eles desempenhados nos ecossistemas e na agricultura.  Essas preciosidades aladas de grande função ecológica merecem continuar voando por ai polinizando e produzindo esse mel delicioso, obra que alquimista nenhum é capaz de elaborar.





Referências
Nunes-SILVA, PATRICIA; HRNCIR, MICHAEL& IMPERATRIZ-FONSECA, VERA LUCIA. 2010 A Polinização por abdômen. Universidade de São Paulo, 141-143.

VILLAS-BÔAS, JERÔNIMO. 2012. Manual tecnológico Mel abelhas sem ferrão. Instituto sociedade População natureza. 11-19

sábado, 11 de outubro de 2014

feijão-bravo do Ceará - Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.

Em julho no Parque Ecológico do Cocó, onde ando quase diariamente, avistei uma linda flor nas muitas trepadeiras que ladeiam as trilhas. Curioso em saber a espécie fotografei para posterior identificação e tratava-se da Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.  Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth. é uma trepadeira pertencente a família Fabaceae, cujos indivíduos podem atingir de 0,5m a 5m, dependendo do porte (arbustivo ou arbóreo) da espécie suporte. As raízes são amarelas; as folhas alternadas, trifolioladas; as flores apresentam coloração roxa e as pétalas bastante perfumadas e estão reunidas em inflorescências do tipo paniculada terminal, com escapo floral de coloração verde-arroxeada. É conhecida popularmente na região de estudo como feijão-de-porco, feijão bravo ou feijão bravo do Ceará. A espécie é utilizada como biossensor (Rover Júnior, 1995), no controle de saúvas (Isidro et al., 2001), na medicina (Pereira, 2005). 


Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.  - Foto por Marcelo Carvalho

Fabaceae - Papilionoideae 
Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth. 

Biomas de ocorrência: Caatinga, Mata Atlântica, Amazônia

Período de floração: estação chuvosa


Apresenta-se como trepadeira ou, no caso liana, uma trepadeira lenhosa.

Características:

Cálice bilabiado, com lábio superior largo, truncado ou emarginado, e o inferior menor, inteiro ou trifido. Vexilo com apendices infletidos, basais e com calosidades dispostas acima da base. Semente com hilo linear  ou oblongo--- (Barroso 1991)


Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.



As inflorescências são do tipo paniculada, com flores cujos atributos florais estão relacionados à síndrome da melitofilia, tendo como principais visitantes florais são abelhas de grande porte como as mamangavas-de-toco (gênero Xylocopa) e as mamangavas-dechão (gênero Bombus).



Vagens da  Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth.



Canavalia brasiliensis é uma trepadeira que apresenta inflorescência paniculada terminal, com escapo floral de coloração verde-arroxeada, medindo de 15,5 a 60,4cm, zigomorfas, pedunculadas,periantadas, diclamídeas, hermafroditas e dispostas de forma alterna e presas às nodosidades da raque da inflorescência. O guia de néctar com coloração branca indica a localização da câmara nectarífera. As flores de C. brasiliensis possuem diversos atributos da morfologia floral que as enquadram na síndrome de melitofilia propostos por Faegri e van der Pijl (1979), tais como: muitas flores por inflorescências, odor intenso e adocicado, coloração roxa, antese diurna e zigomorfia que estão associados à atração dos agentes polinizadores. A concentração de açúcares no néctar (44-60%) é também equivalente à amplitude (30-48%) de outras espécies melitófilas proposto por Proctor et al. (1996). No entanto, Kiill et al. (2000) constatou que o beija-flor Phaethornis sp era um dos polinizadores desta espécie, embora não se enquadrasse no padrão ornitófilo. (Guedes, et all, 2008).


Folhas alternadas e trifoliadas, essa danificada possivelmente pela ação de algum herbívoro




Fontes:

<http://rubens-plantasdobrasil.blogspot.com.br/2011/09/canavalia-brasiliensis-mart-ex-benth.html> Acesso em 11 Out. 2014

Queiroz, L.P.; Snak, C. Canavalia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB22855>. Acesso em: 11 Out. 2014

Guedes, Roberta Sales; Quirino, Zelma Gleybya; Gonçalves, Edilma Pereira. 2008. Fenologia reprodutiva e biologia da polinização de Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth (Fabaceae). 

domingo, 29 de junho de 2014

Adolpho Ducke - De entomologista a botânico.

Adolpho Ducke

Introdução

Poucas pessoas se dedicaram tanto a aumentar o conhecimento científico como Adolpho Ducke, natural de Trieste, filho de um engenheiro, cedo perdeu o pai tendo que laborar para o próprio sustento. Veio para o Brasil ainda jovem, radicando-se um período curto em São Paulo. Posteriormente regressou à Europa, iniciando seus estudos em entomologia, tendo trabalhado com Heinrich Friese, a maior autoridade em himenópteros. 

No ano de 1899, o Dr. Emilio Goeldi, direto do museu paraense, em viagem pela Europa, contratou diversos técnicos destinados a aumentar o corpo de servidores do museu, naquele momento em fase de completa reorganização. Entre os nomes figurava o do Sr. Adolpho Ducke, que foi contratado para o cargo de auxiliar do departamento de zoologia, ficando lhe responsável por cuidar da parte de coleta e preparações das coleções de entomologia.

Dotando de grande capacidade de trabalho o jovem auxiliar em curto espaço de tempo aperfeiçoou-se nos seus conhecimentos científicos, dedicando-se ao estudo de vespas e abelhas. Publicou seu primeiro trabalho nesta especialidade em 1900, a qual seguiram uma série de obras publicadas nas mais renomadas revistas especializadas da época. Pela sua profunda dedicação a esta matéria Ducke veio a torna-se um dos maiores especialistas no assunto.

A Influência de Huber.
Jacques Huber

Embora seus estudos fossem focados no ramo da entomologia, Ducke, desde seus primeiros tempos de atividade no museu, sofreu a influência de Jacques Huber, o eminente botânico desta instituição. Assim já em sua primeira excursão a Mazagão, no atual território do Amapá, em 1900, constam ao lado dos numerosos espécimes entomológicos, alguns exemplares de herbário coletados por incumbência de Huber.

Este fato fica claro na introdução do trabalho: "VII - Plantae  Duckeanae austro-guyanenses", Bol. Mus. Goeldi 5 (2):294, 1909, onde Huber informa: "De alguns anos para cá, o Sr. Adolpho Ducke, entomologista do Museu Goeldi, aproveitou  as suas viagens  ao interior do estado, para colecionar além de insetos, um bom número de plantas secas, ...".  Referindo-se ao período 1902 - 1907.


Desde o início de sua carreira, Ducke foi essencialmente o pesquisador de campo. Um autêntico naturalista. A relação das suas viagens empreendidas pelo mesmo  dispensa qualquer comentário, tendo inclusive prejudicado sua saúde. Em setembro de 1905, após ter regressado de uma viagem ao Alto Rio Negro, teve de ser enviado ao sul, onde permaneceu quatro meses a fim de se recuperar. Realizando na ocasião coletas em Barbacena, no estado de Minas Gerais.

Longe de restringir seu trabalho a simples atividade de coleta. Ducke era dotado de um excepcional senso de equilíbrio e divisão de trabalho, que aliado a sua capacidade de produção fora do comum, permitiu-lhe valorizar o fruto de suas coletas na forma de publicações de profundo rigor científico.

As fases do trabalho de Ducke

O entomologista

O período inicial da sua carreira é caracterizado, então, como uma atividade de pesquisa fundamentalmente dedicada ao ramo da entomologia, secundada, porém, por uma tendência à coleta de material botânico. Esta tendência iria evoluir através dos anos e a reciprocidade sempre crescente com o botânico Huber levaria, finalmente, a uma integral transformação dos interesses e das atividades do pesquisador. 

Esta transformação pode ser sentida  claramente acompanhando-se a relação dos trabalhos publicados até 1914, ano em que faleceu Jacques Huber. Até esta época constam na bibliografia de Ducke exclusivamente obras entomológicas. Após a morte de Huber, repentinamente, Ducke sentiu-se na obrigação moral de "continuar a obra do grande mestre", prosseguindo com o estudo e classificação botânica das espécies arbóreas da flora amazônica. Como não havia no museu outro entomologista de larga experiência para orientar Ducke, é compreensível que ele tenha sido atraído a esfera de influência intelectual de um mestre como Huber foi, sendo Ducke um jovem pesquisador quando chegou ao Museu Goeldi. Neste ambiente uma inicial tendência encontrou campo aberto para evoluir até o grau de especialização. 

O botânico

A partir de 1915, ano seguinte do falecimento de Huber, a obra de Ducke passa a ser exclusivamente botânica. Já neste ano  é publicada  a primeira  série  das "Plantes nouvelles ou peu connues de la région Amazoniènne" , continuada até 1939 com a décima primeira série. 

Dedicando-se inteiramente a continuação da obra de mestre, Ducke veio inclusive a sucedê-lo na direção da seção de Botânica do Museu paraense, inicialmente em caráter provisório, a partir de 18 de fevereiro de 1914, e depois em caráter definitivo até sua saída do Museu em 1918, quando seguiu para o Rio de Janeiro. 

Analisando a bibliografia de Ducke no período posterior a 1915 e até 1930, um fato chama atenção: a relativa diminuição de trabalhos publicados em comparação com a abundância que pode ser observada até 1910. A interpretação deste fato é evidente. Após ter atingido a plena maturidade na especialidade entomológica, uma transmutação para o campo da botânica inevitavelmente teria que acarretar um período de readaptação. Fora a ausência da orientação do mestre falecido e as responsabilidades como chefe da seção que recaiam sobre seus ombros. Seguiu-se um período de consciencioso aperfeiçoamento na nova especialidade e um exaustivo trabalho de análise do vasto material acumulado e sempre as acrescido de novas coletas, absorveram anos de persistente dedicação. Aliado ao fato da sua mudança para o Rio de Janeiro. Em 15 de outubro 1918 deu-se o embarque para o sul, e gozo de licença. As funções no Museu Paraense, não seriam jamais reassumidas, pois em 31 de outubro do mesmo ano, Ducke aceitava um contrato de três anos para servir como chefe da seção de Botânica e Fisiologia  Vegetal do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 

Nova fase de trabalho: Jardim Botânico do Rio de Janeiro






O contrato foi prorrogado por mais três anos em 1921 e em 1 de novembro de 1924, com era feita a nomeação efetiva do cargo. Tendo alcançado uma situação funcional estável, Ducke casou-se no dia 6 de dezembro de 1924 com D. Josefina Corrêa Lima, cearense que viria lhe acompanhar de forma abnegada até os últimos momentos de sua vida. 

Sua transferência para o Jardim Botânico do RJ, não interromperam seus trabalhos na Amazônia que estavam em andamento, pois já no dia 3 de junho de 1919, Ducke desembarcava novamente em Belém, incumbido de "organizar uma coleta metódica de material botânico, vivo e seco, destinado às plantações e o herbário do Jardim Botânico - RJ. Tendo regressado ao Rio de Janeiro somente em de março de 1920, trazendo consigo uma farta coleção de plantas secas e 39 espécies de plantas vivas.

 Em sua próxima viagem ao Amazônia realizou-se em agosto de 1922, com recomendações de coletar o maior número possível de plantas vivas, tendo seu regresso ao Rio de Janeiro em 20 de novembro de 1923, com 120 plantas vivas e 1900 exemplares de herbário.

Já em 1938 sua relação com a diretoria do Jardim Botânico, por questões de temperamento, não eram tão amistosas. esta animosidade levou-o a solicitar um ano de licença especial, entrando em gozo da mesma em 7 de dezembro de 1938. Ainda em gozo de sua licença e em consequência de um processo administrativo instaurado contra o diretor, foi-lhe imposta uma suspensão, que chegou a cumprir, mas posteriormente  foi relevada por deliberação do Sr. presidente da República.

Em virtude de novas designações para Amazônia e da sua situação de fraca inimizade com a diretoria do Jardim Botânico, Ducke não fazia nenhum empenho de retornar ao Rio de Janeiro, tendo praticamente fixado residência em Manaus, fazendo a partir dai excursões periódicas pelo alto Amazonas.

Sua estadia na Amazônia foi sendo prorrogada por períodos de mais de um ano até 1945, ano em que foi aposentado, em 28 de fevereiro, por ter atingido a idade compulsória.


Aposentadoria 


Sua aposentadoria como naturalista não significou um fim de suas atividades botânicas. Por ocasião de sua passagem rápida por Recife, em 1937, a atenção de Ducke foi despertada pelo fato de ocorrerem nas matas das imediações desta cidade espécies tipicamente amazônicas. Esta observação induziu-o a investigar por conta própria o assunto, realizando pesquisas nos arredores de Recife, colaboração com o botânico Dárdano de Andrade Lima, 1947 a 1950. 


Recorreu então Ducke ao Conselho Nacional de Pesquisas, para a estudar a até então pouco conhecida flora de Pernambuco. Desta data em diante até sua morte, Ducke contou com o apoio do CNP, que sempre aprovou e prestigiou as suas iniciativas. 

Em 1954, ainda sob os auspícios do Conselho Nacional de Pesquisas,  foi encetado um novo programa de trabalho que seria o último do ilustre botânico - o estudo botânico sobre o Ceará. 

Os estudos de Ducke no Ceará concentraram-se principalmente nos tabuleiros do litoral e serras próximas a Fortaleza. Estes estudos continuaram normalmente até nos anos de 1955 a 1957, alternando viagens de curta duração ao Rio de Janeiro e a Belém, a fim de consultar herbários. 

A partir de 1958, os estudos foram concentrados na flora serrana mediante coletas executadas  por um coletor habilitado, cedido pelo Instituto  Agronômico do Norte. 

O último relatório sobre estes trabalhos, remetidos ao Conselho Nacional de Pesquisas é assinado em 30 de dezembro de 1958. Poucos dias depois, em 5 de janeiro  de 1959, falecia Adolpho Ducke, em terras alencarinas. 

Ducke foi durante toda sua vida um trabalhador incansável,  deixando para a posteridade  uma vasta lista de trabalhos publicados, com descrição de mais de 900 espécies  botânicas novas. Infelizmente não chegou a reunir num trabalho conjunto toda vasta soma de conhecimentos a respeito da fitogeografia  e da distribuição das espécies, adquiridos em mais de 40 anos de trabalhos de campo e gabinete. 



Fonte: Adolpho Ducke, traços biograficos, viagens e trabalhos.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Meliponinae - Nossas abelhas indígenas

Colmeia de Jandaira - Foto por Leonardo Jales Leitão


Abelha é a denominação comum de vários insetos pertencentes à ordem Hymenoptera, da superfamília Apoidea, subgrupo Anthophila, aparentados das vespas e formigas. Atualmente são conhecidas mais de 20.000 espécies, porém pela descoberta de novas espécies a cada ano nas América Central, do Sul, África e Austrália, estima-se que esse número seja muito maior.


Melipona marginata
http://www.ib.usp.br/vinces/weblabs/abelhas/imagens/Melipona%20bicolor%20worker%20white%20backgr2.jpg


Acredita-se que as primeiras abelhas surgiram das vespas, insetos já citados do mesmo subgrupo Anthophila. A características mais distinta entre as duas esta no hábito alimentar enquanto as vespas caçam outro insetos e aranhas para alimentar suas crias, as abelhas com raras exceções, apenas utilizam-se de produtos de origem vegetal, tais como pólen, néctar e óleos que coletam das flores.

O processo evolutivo que deu origem às abelhas iniciou-se no período geológico conhecido como Cretáceo (146 a 76 milhões de anos atrás) com o surgimento das primeiras plantas que produziam flores. Até então, os vegetais existentes reproduziam-se basicamente por meio de esporos, como aliás as samambaias o fazem até hoje.

Trigona prisca

Com o surgimento das primeiras plantas com flores, as vespas da época passaram a ter uma nova fonte de alimentos para suas crias. Inicialmente o pólen e o néctar representavam apenas um complemento alimentar que tais vespas oferecia as suas larvas. Posteriormente, aquelas espécies de vespas que conseguiam coletar pólen e néctar com mais eficiência, podem ter mudado gradualmente para uma dieta exclusivamente vegeta, por ser mais fácil coletar pólen, néctar e óleos vegetais do que caçar outro inseto. Com o tempo deixaram de caçar totalmente, tornaram-se então dependente das plantas, havia surgido as abelhas.

A data exata do aparecimento das primeiras abelhas não é conhecida, mas sabe-se que no foi no período Cretáceo, já que não existiam flores antes dessa época (140 milhões de anos atrás). Por outro, o fóssil mais antigo que se conhece  possui pelo menos 74 milhões de anos, mas já trata-se de uma abelha operária da espécie denominada Trigona prisca, hoje extinta. Considerando-se que as primeiras abelhas devem ter sido solitárias, como as vespas que as deram origem, e a evolução para a vida em sociedade levaria alguns milhões de anos, é de esperar-se que as primeiras abelhas tenham mesmo surgido entre 130 a 120 milhões de anos atrás.
Trigona prisca, uma abelha sem ferrão (Apidae; Meliponinae), é relatada a partir de âmbar Cretáceo New Jersey (96-74000000 anos antes do presente). Isso é cerca de duas vezes a idade do mais antigo fóssil de abelha previamente conhecido, embora Trigona é um dos gêneros mais derivados de abelhas. T.prisca é muito similar às espécies neotropicais modernas. A maioria da evolução abelha provavelmente ocorreu durante os anos de ≈ 50 milhões entre o início do Cretáceo, quando as plantas com flores (em que as abelhas dependem) apareceu eo tempo de T. prisca. Desde então, nesta linha phyletic de meliponíneos, houve quase nenhuma evolução morfológica. Uma vez que o fóssil é uma operária, a organização social surgiram pelo seu tempo.

Melipna fasciculata

Na época do surgimento das abelhas, os continentes atuais do nosso planeta apenas tinham começado a separarem-se uns dos outros, possibilitando que as abelhas primitivas de então espalhassem-se por todos eles. Isso explica porque atualmente encontramos espécies de abelhas nativas em toda a superfície terrestre onde haja flores. Assim sendo, as abelhas são encontradas desde as florestas e matas tropicais, aos locais mais inóspitos como o Ártico, os Andes e Himalaia, regiões semi-áridas (a Caatinga do Nordeste, por exemplo) e desertos como o do Arizona (EUA) e de Israel.

A vida em locais tão diversos em clima, vegetação, luminosidade, temperatura, pluviosidade, predadores, opções para nidificação, etc., propiciou o surgimento da diversidade de espécies de abelhas que hoje habitam o planeta. Existem mais de 20.000 espécies conhecidas de abelhas ao redor do mundo.

As muitas espécies de abelhas também evoluíram distintamente no que diz respeito a sociabilidade. Enquanto algumas espécies continuaram solitárias, com cada fêmea construindo o seu próprio ninho e criando sozinha alguns poucos filhotes, outras espécies desenvolveram vários níveis de sociabilidade que vão
desde o compartilhamento de áreas de nidificação até a formação de colônias permanentes de milhares de indivíduos.




 As abelhas pertencem a família Apidae. Esta família possui duas subfamília:
  • Meliponinae - São sem ferrão, chamadas de abelhas indígenas, vivem
    em regiões subtropicais e tropicais. Possuem três tribos: Lestrimellitini, Trigonini e Meliponini;
  • Apinae - Encontramos os gêneros Apis e Bombus que possuem ferrão. No gênero Apis encontramos quatro espécies entre elas esta o Apis Mellifera que é a espécie mais utilizada para a produção de mel no mundo todo. Apesar de nossas abelhas indígenas não possuir ferrão, elas não são largamente utilizada para a produção de mel, porque sua produção e baixa em relação as abelhas sociais do grupo das africanizadas;
  • Apis Mellifera Adansonii - Habitam da África do sul até o sul do Saara. São abelhas muito agressivas, polinizadoras e enxameadoras. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1956;
  • Apis Mellifera Lamarckii - São encontradas no vale do rio Nilo, também conhecidas como "Abelhas egípcias". São muito bravas, de baixa produtividade e não se adaptam muito bem as diversas praticas apícolas;
  • Apis Mellifera Ligustica - chamadas de "Abelhas Italianas", são encontradas na Itália e no litoral norte da Iugoslávia. São muito mansas, ficam calmas nos favos quando se faz o manuseio, são pouco enxameadoras. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1879/1880;
  • Apis Mellifera Mellifera - Chamadas também de "Abelhas do Reino", são encontradas por quase todo a Europa. São muito mansas, mas ficam muito agitadas durante o manuseio.

As nativas Melipoeníneas 





As abelhas indígenas sem ferrão estão aqui muito antes das esquadras de Cabral aportarem em nosso litoral há quase cinco séculos. Como hábeis polinizadoras da flora nativa, voam por ai de flor em flor, produzindo seu mel de ótima qualidade. Pena que nem podemos chama-lo de mel. Pois absurdo que seja, a legislação vigente se baseia nos padrões físico-químicos do mel produzido por abelhas estrangeiras (Apis mellifera) - esse que encontramos nas prateleiras de qualquer supermercado. Para ser "considerado" mel, o produto das abelhas indígenas deveria ter umidade máxima de 20% - mas chega a 35% - e, no mínimo, 65% de açúcares redutores (tem 50%). Por isso o "mel" de Jataís, mandaçais, canudos, borás, continua desconhecido, diria até clandestino. Caso fosse uma questão de saúde, a produção do precioso mel nativo deveria ser incentivado, sendo este com maior poder antibiótico. Sendo ácido, fluído e floral, exótico como tudo nesta bela terra. Infelizmente a lei que regulamenta a produção de alimentos de origem animal, data de 29 de março de 1952, assinada por o então presidente Getúlio Vargas, e é a que ainda continua em vigor.



Os Meliponíneos se dividem em duas grandes tribos  - Meliponini e Trigonini.

A tribo trigonini é caracterizada pela presença de célula real. Geralmente apresenta um canudo de ingresso feito de cera, algumas delas são muito agressivas como a oxiotrigona tataíra (caga-fogo) que ao ser manejada solta uma substância ácida queimando a pele. As scaptotrigonas são conhecidas pela sua alta agressividade, tubuna, tubiba, depilis, canudo, mandaguari possuindo também abelhas necrófagas que produzem sub-produtos de carne podre.

Os Meliponíni, são caracterizados por não apresentarem célula real, até 25% das crias de um favo poderão nascer rainhas virgens, tem sua entrada definida geralmente pela presença de raias convergentes de barro, algumas espécies destas abelhas podem produzir aproximadamente 8 litros de mel, outras podem ser maiores que as ápis melliferas.

Há uma interessante interação entre as abelhas indigena

Um dado curioso sobre as abelhas nativas é a chamada sindrome de polinização por vibração, as abelhas nativas possuem essa habilidade da qual dependem muitas espécies da Flora nativas, quando o gênero exótico Apis não possui. A polinização por estas abelhas tem destaque em ecossistemas naturais e agrícolas, sendo capazes de polinizar 30% a 90% da polinização da flora nativa. Além de produzir mel e alguns produtos medicinais, auxiliar no reflorestamento e identificação das espécies vegetais (Kerr 1997).

Apesar de não ferroarem, por ter o ferrão atrofiado, podem machucar pela força mandibular. Não existe nada mais ecológico do que criar abelhas silvestres, praticamente todas as culturas são dependentes de sua polinização. Algumas abelhas são subterrâneas e estão comprometidas pela mecanização das lavouras e uso crescente de agrotóxicos. O desmatamento crescente, o aumento da poluição e extrativismo de colmeias, por meleiros, tem acabado significativamente com populações, fica o apelo pela preservação.

Desde o ano 1990, apicultores e Meliponicultores do mundo todo tem observado o desaparecimento misterioso e repentino das abelhas, junto com declínio das colonias. As causas apontadas são os inseticidas, produtos químicos utilizados para matar insetos amplamente utilizados principalmente nas áreas em torno das lavouras. Só para termos idéias das importância um terço de todos os nossos alimentos dependem da polinização das abelhas (http://sos-bees.org/)




Fontes:

http://sos-bees.org/
http://www.webbee.org.br/beetaxon/
http://meliponas.blogspot.com.br/