Dentre as muitas expedições pelo Movimento Pró-Árvore ("Idas ao Mato"), Guaramiranga pela riqueza de sua Biodiversidade sempre nos presenteia com alguma preciosidade. Guaramiranga é um município brasileiro do estado do Ceará. Está localizado na região serrana do estado, microrregião de Baturité e mesorregião do Norte Cearense, a 110 km da capital do estado, Fortaleza. Segundo estimativa de 2014 do IBGE, o município tinha cerca de 3 812 habitantes e 59,436 km² de área. Sua sede se localiza a 865 metros de altitude. A cidade está situada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Maciço de Baturité. É o menor município do Ceará.
Serra de Guaramiranga |
O topônimo Guaramiranga vem do Tupi guará (vermelho) e miranga ou piranga (garça), significando Pássaro Vermelho. Sua denominação original era Conceição, porém, desde 1890, possui o nome Guaramiranga. As terras da atual Guaramiranga eram habitadas por várias etnias. A principal delas era a Kanyndé. Com a criação da Missão da Palma, durante o século XVIII, para a evangelização dos silvícolas, e a expansão da pecuária e as plantações de café no século XIX, consolidou-se o centro urbano que hoje se chama Guaramiranga. A região possui uma vegetação diversificada, variando desde a caatinga arbustiva densa, floresta subcaducifólia tropical, floresta úmida semi-perenifólia, floresta úmida semi-caducifólia, floresta caducifólia à mata ciliar. Durante o mês de fevereiro fizemos uma trilha a Cachoeira do Poço da Veada, para registro e levantamento florístico do percusso. E entra as muitas espécies registradas se encontra uma muito especial: Dissochroma viridiflorum, espécie identificada pelo Antonio Sergio, agrônomo e botânico taxonomista, também ligado ao Movimento Pró-Árvore.
Dissochroma viridiflorum
Flor da Dyssochroma viridiflorum (Sims) Miers,
encontra-se fechada pois tem antese noturna, visto que é polinizada por morcegos.
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Dyssochroma viridiflorum é uma planta da família das Solanaceas ( Hunziker, 1979 ; Knapp et al ., 1997 ), endêmica da Mata Atlântica, ocorrendo em oito estados brasileiros, incluindo o Ceará no nordeste do Brasil. Tanto suas flores são polinizadas por morcegos como seus frutos também são dispersos por estes mamíferos alados. Poucas plantas neotropicais parecem depender do mesmo tipo de animal para polinizador como para dispersor de sementes, e os casos conhecidos referem-se principalmente a aves como os agentes nessas duas fases do ciclo reprodutivo da planta. Por exemplo, sabe-se que algumas espécies de Bromeliaceae e Costaceae são polinizadas por Beija-flores, e dispersas por aves passeriformes e pequenos mamíferos. ( Fischer e Araujo, 1995 ; Buzato et al ., 2000 ;.. I. Sazima, pers obs). Como a distribuição de flores e frutas de morcegos entre ordens de angiospermas é notavelmente concordante ( Fleming, 1988 ), seria de se esperar que os mesmo seriam encontrados dentro das mesmas ordens, famílias, e em certos casos, até mesmo gêneros. Como algumas espécies de Cactaceaes da America do Sul e Central são polinizadas, e em certa medida, dispersos por morcegos Phyllostomidae. ( Petit, 1997 ; Martino et al ., 2002 ). Phyllostomidae é uma família de morcegos encontrada em regiões tropicais e subtropicais das Américas, que se caracteriza por possuir folha nasal. Este apêndice pode ser lanciforme ou ovalado. Os morcegos filostomídeos participam de todas as funções e serviços ecossistêmicos nas quais morcegos em geral estão envolvidos, desde a dispersão de sementes até a predação de insetos. ( Kunz TH, de Torrez EB, Bauer D, Lobova T, Fleming TH. 2011. )
Dyssochroma viridiflorum |
A que avistamos em Guaramiranga, a caminho da Cachoeira do Poço da Veada, ocorria como hemiepífita ou saxícola em área próxima de riachos. Sobre a fenologia, pelo observado, parece que Dyssochroma viridiflorum floresce o ano todo, um padrão fenológico definido como contínuo (Newstrom et al . (1994 ).
Tal padrão fenológico é raro em espécies polinizadas por morcegos neotropicais, como registrados em vários estudos. Um dado sobre D. viridiflorum é que uma planta pode suportar brotos, flores abertas, frutas e frutos maduros em desenvolvimento, tudo ao mesmo tempo, proporcionando assim refeições noturnas para ambos os morcegos nectarívoros e frugívoros. Um indivíduo pode produzir 1-10 flores por noite, uma característica que promove o modo de linha de estratégia de forrageamento e parece muito difundida entre as espécies polinizadas por morcegos ( Heithaus et al ., 1975 ; Sazima et al ., 1999 ). O mais importante é saber que para preservamos é essencial conhecermos. A natureza esta repleta de intrínsecas relações como essa.
Fontes:
Stehmann, J.R.; Mentz, L.A.; Agra, M.F.; Vignoli-Silva, M.; Giacomin, L.; Rodrigues, I.M.C. Solanaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB26120>. Acesso em: 19 Fev. 2015.
Sazima, M.; Buzato, S.; Sazima, I. Dyssochroma viridiflorum (Solanaceae): a Reproductive Bat-dependent Epiphyte from Atlantic Rainforest in Brasil. Annals of Botany 92: 725-730,2003.
Kunz TH, de Torrez EB, Bauer D, Lobova T, Fleming TH. 2011. Ecosystem services provided by bats. Annals of the New York Academy of Sciences 1223(1):1-38.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Guaramiranga> Acesso em: 19 Fev. 2015.